Nesta lição, vamos conhecer aqueles que são considerados os principais métodos de estudo da Bíblia. Quando se fala de estudo bíblico por métodos, logo, estamos falando automaticamente de um estudo que deverá ser sistemático e metódico, isto é, continuado, contínuo e com ordem. Muitos cristãos, talvez a maioria, sequer saibam que existam métodos de estudo da Bíblia. Daí fazerem um
mau aproveitamento do que a Bíblia oferece a nós. Estes métodos de estudo da Bíblia tem por objetivo facilitar o aprendizado e a assimilação das doutrinas contidas na Bíblia, dos relatos históricos, etc., eles abrangem a Bíblia na sua totalidade, isto é, podem ser usados para estudar a Bíblia em toda a sua extensão. Toda a Bíblia pode ser alcançada no estudo bíblico por métodos. Quando dizemos aqui que “toda a Bíblia pode ser alcançada” não estamos com isso afirmando que podemos esgotar a Bíblia, pois reconhecemos que em verdade a Bíblia, como Palavra de Deus, é infinita, inesgotável, ilimitada! O que queremos dizer com isso é que podemos alcançar todas as áreas que a Bíblia nos oferece em todo o conjunto dos seus 66 livros: doutrinas, histórias, profecia e assim por diante. Passaremos a estudar os principais e mais universalmente aceitos métodos de estudo da Bíblia:
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MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA
Cada método tem o seu valor e dá a sua contribuição específica para o estudante da Bíblia, por isso deve o estudante da Palavra de Deus conhecer os principais métodos de estudo bíblico e aplicá-los em seu contato com as Sagradas Escrituras.
I - O Método Sintético, II - O Método Analítico, III - O Método Temático,
IV - O Método Biográfico, V - Método Indutivo e o VI - Método Dedutivo.
O Método Sintético
A palavra “sintético” vem de “síntese”. Uma síntese nada mais é do que um “resumo”. O estudo sintético da Bíblia irá apresentá-la ao estudante numa visão panorâmica, em que não se enxerga os detalhes (isso se conhecerá depois), mas se tem uma noção geral da Bíblia Sagrada.
Ao se aplicar o método sintético no estudo dos livros da Bíblia, procura-se uma noção geral de cada livro, considerando autoria, as principais divisões do livro em estudo, o objetivo geral do livro em análise e assim por diante. Não se preocupa primeiro com a interpretação do livro, mas com a totalidade do livro. O método sintético é um estudo amplo e global de um livro da Bíblia, considerando o que toda a divina revelação fala sobre ele.
Valtencir Alves anota que:
O método sintético de estudo bíblico aborda cada livro da Bíblia como unidade, e procura entender o seu sentido como um todo. Não se interessa pelos pormenores, mas pelo escopo global do livro. Com o método analítico analisamos o texto através de um microscópio. Com o método sintético, analisamos o texto através de um telescópio. O que o escritor, movido pelo Espírito Santo, tinha em mente quando escreveu? Qual é o pensamento chave e a idéia principal do livro? Como atinge ele o seu objetivo? São desta espécie as questões relevantes para o método sintético1.
O mesmo autor acentua ainda oito regras para o estudo através do método sintético:
1 – Leia o livro ou a carta atentamente e sem interrupções.
2 – Leia pela segunda vez, anotando as observações.
3 – Descubra a autoria, a data em que foi escrito, onde foi escrito, para quem foi escrito e por quem foi escrito.
4 – Veja o pano de fundo, em que circunstâncias a carta ou livro foi escrito.
5 – Qual era o objetivo da carta?
6 – Qual era o momento histórico?
7 – Descreva a visão panorâmica.
8 – Faça um esboço.
O Método Analítico
A palavra “analítico” vem de “análise” e significa “que procede por análise”. De fato, o método analítico de estudo da Bíblia procede por análise, isto é, por uma investigação
mais acurada do texto bíblico, procurando assim os detalhes que compõe o livro ou a seção que se está estudando.
Mais uma vez cito Valtencir Alves:
Trata-se do exame cuidadoso do capítulo ou passagem bíblica em foco. Analisar a Bíblia é estudar o objeto do capítulo ou passagem bíblica em seus pormenores, tendo o cuidado de anotar até os mais minúsculos aspectos, é este o objetivo do estudo analítico da Bíblia. Com ele procuramos examinar cuidadosa e completamente uma passagem bíblica. O propósito é compreender o que o hagiógrafo tinha em mente quando escreveu àqueles a quem se dirigia. Na abordagem analítica se estuda o conteúdo de cada livro. O estudo analítico da Bíblia é o momento exaustivo do estudo da santa Palavra de Deus. É fundamental para o completo conhecimento da Palavra de Deus, permitindo ao discente deparar-se com o porquê o escritor disse o que disse do modo como disse. O objetivo deste método é reconstruir tão claramente quanto possível o pensamento original do autor. Este método examina tudo como por um microscópio. Usando a ilustração de uma biblioteca, na abordagem analítica você estuda o conteúdo de cada livro.
Regras Para Método Analítico
01 – Leia a passagem cuidadosamente (03 vezes).
02 – Bombardeia a passagem com perguntas como: Quem? Quê? Onde? Quando? Por quê? Como?
03 – Anote as palavras chave.
04 – Escreva o que não compreende acerca do texto e especifique.
05 – Descubra o pensamento-chave de cada versículo.
06 – Delimite os assuntos que o pensamento chave esta expressando.
07 – Faça um sumário destes assuntos.
08 – Descubra a idéia eixo dos resultados acima.
09 – Destile esta idéia em uma sentença.
10 – Dê um título para o texto2.
O Método Temático
Este é o método de estudo bíblico que “persegue” os assuntos contidos na Bíblia. Como o próprio nome sugere, este método se preocupa com os “temas” apresentados pelas Escrituras. O primeiro passo a ser dado no uso deste método, evidentemente, é ter um tema em mente. A seguir o estudante deverá procurar o máximo possível de referências bíblicas relacionadas ao tema que se está estudando. Tomemos como exemplo um assunto teológico – escatologia, a doutrina das últimas coisas – o estudante logo haverá de constatar que este tema que é inerentemente profético, chega a ocupar livros inteiros da Bíblia, como Daniel e Apocalipse e também capítulos inteiros, como Mateus 24, Marcos 13 e Ezequiel 37, como também capítulos quase inteiros, como Lucas 21 e 1 Tessalonicenses 4 e 5. Nesse método, usa-se muito a
referenciação bíblica, relacionando os textos e permitindo que a Bíblia explique a si mesma. O tema vai sendo “construído” aos poucos com aquilo que a Bíblia já te antemão revela ao leitor sobre aquele determinado assunto.
O Método Biográfico
Este método, como depreendemos do próprio nome, analisa os personagens bíblicos, isto é, as biografias contidas nas Sagradas Escrituras. Muito temos a aprender com os grandes homens e mulheres de Deus da Bíblia. O método biográfico explora os acertos e também os erros desses personagens do passado. Nas palavras de Paulo, “… tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). Utilizando este método, o hermeneuta haverá de considerar algumas informações fundamentais pertinentes ao personagem que se está estudando:
1) Sua origem (ambiente em que vivia, cultura, o tempo, etc.)
2) Sua família
3) Seu chamado vocacional por Deus (por exemplo, Abraão – At 7.4 e Gn 12.1-3)
4) Sua trajetória de vida com Deus
5) Suas andanças
6) Seu perfil pessoal
7) Suas atitudes que agradaram a Deus (por exemplo, Gideão, quando o Senhor lhe diz: “O Senhor é contigo, homem valente” [Jz 6.12] – afinal, porque o Senhor fez essa afirmação à ele?)
8) Seus fracassos pessoais (por exemplo, Davi, em seu fracasso com Bate-Seba, num relacionamento adúltero e depois no assassinato de Urias, esposo de Bate-Seba).
Método Indutivo
Examinam-se os pormenores da Palavra, para serem tiradas conclusões, e formarem-se ideias. Aqui é preciso ter muito cuidado com a eisegese. A eisegese consiste no ato do leitor ir para a Bíblia com as suas próprias conclusões já pré-concebidas e procurar na Palavra de Deus apoio para suas próprias conclusões. O teólogo Esdras Costa Bentho explica melhor:
Enquanto a exegese consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação, a eisegese consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o intérprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eisegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que não se acha lá […] Formas pelas quais o intérprete pratica a eisegese: 1) quando força o texto a dizer o que não diz […] 2) Quando ignora o contexto, sob pretexto ideológico […] 3) Quando ignora a mensagem e o propósito principal do livro […] 4) Quando não esclarece um texto à luz de outro […] 5) Quando põe a “revelação”
acima da mensagem revelada […] 6) Quando está comprometido com um sistema ou ideologia”3.
Método Dedutivo
O estudante aproxima-se do texto bíblico com ideias e conceitos formados de antemão, e procura nele apoio para essas ideias. O estudante começa a partir de uma idéia e procura apoio para ela na Palavra de Deus. Este método é legítimo desde que seja feito em constante comparação com o que a Bíblia diz e que não fira a correta exegese do texto bíblico. É importante ressaltar que o estudo dedutivo da Bíblia precisa ser acompanhado do estudo indutivo – os dois se complementam no trabalho hermenêutico.
CONCLUSÃO
Procure sempre se apropriar no estudo das Sagradas Escrituras dos métodos de estudo bíblicos. Eles são como “ferramentas” que o hermeneuta tem à sua disposição para conhecer mais profundamente a Palavra de Deus com as sua nuances. Procure inclusive combinar os métodos, o que é perfeitamente possível e adequado para se extrair o máximo possível das riquezas que a Bíblia nos oferece. clique aqui ➽ MÉTODO DE ESTUDO BÍBLICO