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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Joseph-Marie de Gérando


Joseph-Marie de Gérando (1772 – 1842)
Gérando tornou-se conhecido ao vencer um concurso promovido pelo Instituto Nacional de Ciências e Artes da França em 1797 que buscava uma definição mais apurada da relação entre os signos e os pensamentos, para isso formulou cinco questões a serem respondidas pelos candidatos.
Joseph-Marie para responder as perguntas apresenta seu livro Dos signos e da arte de pensar.
Para a primeira questão de se os signos são a única forma de transformar nossas sensações em ideias? Gérando responde que não, o que nosso espírito necessita inicialmente para formular as ideias é uma atenção mais cuidadosa.
À segunda questão: Se o nosso pensamento seria livre de defeitos se a relação entre os signos que usamos também não tivesse defeitos? O filósofo responde que essa pergunta é uma fantasia, uma ilusão, pois é humanamente impraticável e inviável anteceder as nossas experiências, pois não temos como prever o que vai acontecer no futuro, afirma ainda que a linguagem de cada cultura depende do seu grau de civilização.
Para a terceira questão de se a ciência encontraria a verdade se os signos por ela empregados fossem também perfeitos, Gérando responde que a conformidade que encontramos em alguns ramos da ciência não tem nada a ver com a linguagem por eles escolhida, o que acontece é o inverso, é o avanço das ciências que faz com que tenham também uma linguagem avançada. A linguagem é consequência das ciências e não o contrário.
Na quarta pergunta: Se a diferença de opiniões é o resultado do uso errôneo dos signos? O filósofo responde que sim, algumas vezes isso pode acontecer, mas existem outras causas para a consequência da diferença de opiniões tais como as diversas circunstâncias em que se encontram os indivíduos, os diferentes modos de ser e de agir, as vantagens que cada um busca e os preconceitos, próprios dos seres humanos.
Afirma ainda que a diferença de opiniões é algo positivo para o progresso do conhecimento humano.
Gérando responde a quinta e última pergunta do concurso: Se os signos das diferentes ciências podem atingir o grau de perfeição encontrado pelos signos da matemática? Dizendo que não, pois a uniformidade dos signos encontrados na álgebra é própria da ciência matemática e não existem fora dela. Isso acontece porque nas outras ciências existem muitas diferenças entre os objetos de estudo o que dificulta e impede uma interpretação única dos seus signos.

Sentenças:
- Paixão é a vivacidade da imaginação mais a intensidade do desejo, dirigidos a um objeto comum. O amor possui os signos que lhe são necessários.
- O fanatismo condena a dúvida.
- Desejamos sempre algo ausente e distante.
- A inteligência para ser fértil tem que ser regada com suor.


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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Max Weber


Max Weber (1864-1920) foi um importante sociólogo e destacado economista alemão. Suas grandes obras são, “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” e "Economia e Sociedade". Dedicou sua vida ao trabalho acadêmico, escrevendo sobres assuntos variados como o espírito do capitalismo e as religiões chinesas.
Max Weber nasceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha, no dia 21 de abril de 1864. Filho de um jurista e político do Partido Liberal Nacional na época de Bismarck. Estudou nas universidades de Heidelberg, Berlim e Gotinga. Formou-se em Direito e doutorou-se em Economia e acabou desenvolvendo obras sobre Sociologia.
A partir de 1893, lecionou em diversas universidades da Alemanha, principalmente em Heidelberg. Entre 1898 e 1906, ficou afastado do magistério em consequência de crises depressivas. Nesse período, realizou diversas viagens e dedicou-se ao trabalho acadêmico.
Teoria
Max Weber tornou-se conhecido pela “Teoria dos Tipos Ideais”. Foi um grande renovador das Ciências Sociais em vários aspectos, inclusive na metodologia:
·         diferente dos precursores da sociologia, Weber compreendia que o método dessas disciplinas não poderia ser uma mera imitação dos empregados para as ciências físicas e naturais, uma vez que nos estudos sociais estão presentes indivíduos com consciência, vontade e intenções que precisam ser compreendidos.
Max Weber criou então o método dos “Tipos Ideais”, que descrevem a intencionalidade dos agentes sociais mediante casos extremos, puros e isentos de ambiguidades, uma vez que tais casos não estariam condizentes com a realidade.
Desse modo, estabeleceu os fundamentos do método de trabalho da “Sociologia Moderna”, uma base para se construir modelos teóricos centrados na análise e na discussão sobre conceitos rigorosos.
O primeiro fruto da aplicação desse método foi sua obra: “A Ética e o Espírito do Capitalismo” (1905). Trabalhando sobre os tipos ideais da burguesia, a ética protestante e o capitalismo industrial, Weber estudou a moral estabelecida por algumas seitas calvinistas dos séculos XVI e XVII.
Por fim, mostrou que a Reforma Protestante havia criado, em alguns países ocidentais, uma cultura social mais favorável ao desenvolvimento econômico capitalista, do que a predominante nos países católicos. Em 1909, Weber fundou a Associação Sociológica Alemã.
Max Weber é provavelmente o autor mais influente e conhecido no âmbito das ciências sociais. Não apenas a sociologia e a ciência política modernas o têm como autor central e referência constante, mas também o direito, a economia, a administração de empresas e até a filosofia mobilizam várias de suas interpretações e idéias. É difícil imaginar um pensador contemporâneo que não tenha sido influenciado por suas idéias. Em Pierre Bourdieu e Jürgen Habermas, por exemplo, a influência é decisiva. Mas também no contexto brasileiro, Weber não só é um dos autores mais citados nas teses acadêmicas de ciências sociais entre nós, mas também foi inspiração para a produção do conceito mais influente, ainda hoje, da sociologia e da ciência política brasileiras: a noção – ambígua e equívoca, como teremos, mais adiante, ocasião de explicitar – de patrimonialismo. O que explica tamanha influência? 
Sua influência diz respeito à especificidade do que ele denominava de “racionalismo ocidental”. “Racionalismo” significa a forma, culturalmente singular, de como uma civilização específica e, por extensão, também os indivíduos, que constituem sua forma de pensar e agir a partir desses modelos culturais, interpreta o mundo. Isso implica, antes de tudo, que não existe definição “universal” possível acerca do que é “racional” ou do que seja “racionalidade”. A forma como a racionalidade vai ser definida em cada sociedade específica depende, desse modo, da matriz civilizacional a qual essa sociedade particular pertença. Em relação à civilização ocidental moderna, Weber irá definir seu racionalismo específico como sendo o do “racionalismo da dominação do mundo”. Esse racionalismo difere de modo profundo, por exemplo, dos racionalismos não-ocidentais como o da “fuga do mundo”, típico da sociedade de castas hindu, ou do racionalismo da “acomodação ao mundo” típico da sociedade tradicional chinesa. O racionalismo da dominação do mundo vai ser definido por uma “atitude instrumental” em relação a todas as três dimensões possíveis da ação humana: ação no mundo exterior, na natureza; no mundo social; e no próprio mundo subjetivo, como meros “meios” para a consecução de fins heterônomos como poder e dinheiro. 
Weber logra transformar a percepção de uma “racionalidade objetiva” que se impõe aos sujeitos de modo independente de sua vontade, no fundamento mesmo de uma “sociologia compreensiva”, toda voltada a captar o “sentido subjetivo” das ações humanas. É que, no “racionalismo moderno”, são os pressupostos da “ação eficaz”, no sentido de efetivamente transformadora da realidade externa, que a tornam “compreensível” para todos, permitindo a “evidência intersubjetiva” que garante a cientificidade de proposições e descrições da realidade. 
Mas Weber não formula apenas a possibilidade de junção científica dos aspectos subjetivos e objetivos no contexto do “racionalismo da dominação do mundo”. Ele inspirou também, precisamente por ter captado a “ambiguidade constitutiva” do racionalismo singular ao ocidente, os dois diagnósticos mais importantes para a autocompreensão do ocidente até nossos dias: uma concepção liberal, afirmativa e triunfalista do racionalismo ocidental; e uma concepção crítica desse mesmo racionalismo, que procura mostrar sua unidimensionalidade e superficialidade. 


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John Dewey


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John Dewey foi um filósofo e educador americano que ajudou a fundar o pragmatismo, uma escola filosófica de pensamento popular no início do século XX.
Ele também foi fundamental no movimento progressista na educação, acreditando fortemente que a melhor educação envolve o ‘aprender fazendo’.

Vida

John Dewey nasceu em 20 de outubro de 1859, em Burlington, Vermont. Foi o terceiro dos quatro filhos de Archibald Dewey e Lucina Artemisia Rich. Seu pai era um comerciante local que amava a literatura. Sua mãe possuía um senso moral severo baseado em sua crença no calvinismo.
Aprendeu sobre outras culturas ao observar os assentamentos irlandeses e franco-canadenses nas proximidades de sua casa. Trabalhava na infância entregando jornais e em um depósito de madeira. Ao visitar seu pai, que serviu no Exército da Virgínia, ele viu o horror da Guerra Civil Americana (1861-1865) em primeira mão.

Carreira

Sem saber que carreira seguir, Dewey cogitou seguir a carreira de Professor. Depois de passar um bom tempo procurando emprego, seu primo, diretor de um seminário (local onde se treina padres) na Pensilvânia, conseguiu um emprego para ele como professor. Ele atuou no local por dois anos.
Dewey lia sobre filosofia em seu tempo livre. Quando seu primo pediu demissão, Dewey acabou perdendo o emprego. Ele retornou a Vermont para se tornar o único professor em uma escola particular.
John Dewey formou-se na Universidade de Vermont e passou três anos como professor do ensino médio em Oil City, Pensilvânia. Ele então passou um ano estudando sob a orientação de G. Stanley Hall, na Universidade John Hopkins, no primeiro laboratório de psicologia dos Estados Unidos.
Depois de concluir seu doutorado na John Hopkins, Dewey passou a lecionar na Universidade de Michigan por quase uma década. Em 1894, Dewey aceitou o cargo de presidente do departamento de filosofia, psicologia e pedagogia da Universidade de Chicago.
Foi na Universidade de Chicago que Dewey começou a formalizar seus pontos de vista que contribuíram tão fortemente para a escola de pensamento conhecida como pragmatismo.
Dewey finalmente deixou a Universidade de Chicago e tornou-se professor de filosofia na Universidade de Columbia entre os anos de 1904, até sua aposentadoria em 1930. Em 1905, tornou-se presidente da Associação Americana de Psicologia.
Foi um dos primeiros a alertar sobre os perigos da ascensão de Adolf Hitler (1889-1945) ao poder na Alemanha e da ameaça japonesa no Extremo Oriente. Ele morreu em 1 de junho de 1952.

Pragmatismo

O principal ponto defendido pelo pragmatismo é que o valor, a verdade ou o significado de uma ideia estão em suas consequências práticas. Dewey também ajudou a estabelecer vários laboratórios de estudo pedagógicos na Universidade de Chicago, onde ele pôde aplicar diretamente suas teorias pedagógicas.

Contribuições para a Psicologia

O trabalho de Dewey teve uma influência vital na psicologia, educação e filosofia. Ele é frequentemente considerado um dos maiores pensadores do século XX. Sua ênfase na educação progressista contribuiu muito para o uso da experimentação, em vez de uma abordagem autoritária na educação.
Dewey publicou mais de 1.000 livros, ensaios e artigos sobre uma ampla gama de assuntos, incluindo educação, artes, natureza, filosofia, religião, cultura, ética e democracia ao longo de sua carreira.

Filosofia

Dewey acreditava firmemente que a educação não deveria ser apenas professores fazendo com que os alunos aprendessem fatos irracionais que logo esqueceriam.
Ele defendia que o modo de aprendizagem deveria ser uma jornada de experiências, construindo uma sobre a outra, criando novas experiências. Dewey também sentiu que as escolas tentavam criar um mundo separado da vida dos estudantes.
As atividades escolares e as experiências de vida dos estudantes deveriam estar conectadas. Se isso não fosse feito, a aprendizado real seria impossível.
Cortar os alunos de seus laços psicológicos, isto é, da sociedade e da família, tornaria suas jornadas de aprendizado menos significativas e, assim, tornaria o aprendizado menos memorável. Da mesma forma, as escolas também precisavam preparar os alunos para a vida em sociedade.



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Edmund Husserl


Resultado de imagem para Edmund HusserlEdmund Husserl, filósofo alemão fundador da fenomenologia um método para a descrição e análise da consciência através do qual a filosofia tenta alcançar uma condição estritamente científica. Nasceu a 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, no então Império Austríaco, hoje Prostejov, na República Checa, e faleceu em 27 de abril a 1938 em Freiburg im Breisgau, na Alemanha. De origem judaica, completou os primeiros estudos em um ginásio público alemão, na cidade próxima, Olmütz (Olomouc), em 1876. Em seguida estudou física, matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim, e Vienna. Nesta última passou sua tese de doutorado em filosofia em 1882, com o tema Beiträge zur Theorie der Variationsrechnung ("Contribuição para a Teoria do cálculo de variáveis"). No outono de 1883, Husserl seguiu para Vienna para estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano. Em Viena Husserl converteu-se à fé evangélica luterana e, um ano depois, em 1887, casou com Malvine Steinschneider, a filha de um professor do ensino secundário de Prossnitz. Esposa energética e competente, ela foi um indispensável apoio para Husserl até a morte dele.
Em 1886 Husserl, com uma recomendação de Brentano, procurou Carl Stumpf, o mais velho dos estudantes de Brentano, do qual se tornaria amigo íntimo, e que era professor de filosofia e psicologia na universidade de Halle. Nesta universidade Husserl passou o concurso para professor conferencista em 1887.
O tema da tese de habilitação foi Über den Begriff der Zahl: Psychologische Analysen ("Sobre o conceito de número: análise psicológica"), o que mostra sua transição da pesquisa matemática para uma reflexão sobre as bases psicológicas dos conceitos básicos da matemática. A tese foi uma versão desenvolvida depois no seu Philosophie der Arithmetik: Psychologische und logische Untersuchungen, cujo primeiro volume apareceu em 1891.
O título de sua conferência inaugural em Hale, onde ensinou de 1887 a1901, foi Über die Ziele und Aufgaben der Metaphysik ("Sobre os objetivos e problemas da metafísica"). O objeto tradicional da metafísica é o estudo do Ser. O texto se perdeu, mas é provável que nele Husserl já apresentasse seu método de análise da consciência como o caminho para uma nova e universal filosofia e uma nova metafísica.
Para ele a base filosófica para a lógica e a matemática precisa começar com uma analise da experiência que está antes de todo pensamento formal. Isto obrigou-o a um intenso estudo dos empiristas ingleses John Locke, George Berkeley, David Hume, e John Stuart Mill, e familiarizar-se com a terminologia da lógica e semântica derivada daquela tradição, especialmente a lógica de Mill.
Essa integração de suas idéias com o pensamento empirista levou-o às concepções apresentadas em sua famosa obra Logische Untersuchungen (1900-01; "Investigações lógicas"), onde apresentou o método de análise que chamou "fenomenologico".
Após a publicação do Logische Untersuchungen, Husserl foi convidado a lecionar na universidade de Göttingen, onde permaneceu de 1901 a 1916.
Em seu esforço de pesquisa, Husserl chegou a um extremo: anotava todos os movimentos de seu pensamento. Durante sua vida produziu mais de 40.000 páginas estenografadas no método Gabelberger.
Nos seus anos em Göttingen, Husserl rascunhou as linhas gerais da fenomenologia como uma ciência filosófica universal. Seu princípio metodológico fundamental era o que chamou "redução fenomenológica". Preocupava-se com a experiência básica da consciência, não interpretada, e a questão do que é a essência das coisas, a "reducão eidética".
Por outro lado, é também a reflexão sobre as funções pelas quais as essências se tornam conscientes. Sob esse aspecto, a redução revela o Eu para o qual todas as coisas têm sentido. Assim, a fenomenologia assumiu o caráter de um novo estilo da filosofia transcendental, o qual repetia e aperfeiçoava, em uma maneira moderna, a mediação de Kant entre o empirismo e o racionalismo.
Husserl apresentou seu programa e delineamento sistemático em Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie (1913; Idéias;Introdução geral à fenomenologia pura"), obra cuja segunda parte não pode completar devido a romper a Primeira Guerra Mundial. Husserl pretendia que esse trabalho fosse um manual de estudo para seus alunos, mas estes ficaram indiferentes. A maior parte deles considerou a virada de Husserl para a filosofia transcendental como um passo atrás, uma volta ao velho sistema de pensamento e o rejeitaram. Devido a essa reviravolta e à guerra, o movimento fenomenológico se desfez.
Sua posição junto aos colegas em Göttingen era sempre difícil. Sua nomeação para catedrático em 1906 havia resultado de uma decisão do ministro da educação contra a vontade do corpo de professores.
Assim, quando foi convidado em 1916 para catedrático na universidade de Freiburg, isto significou um novo começo para Husserl sob todos os aspectos. Sua aula inicial sobre Die reine Phänomenologie, ihr Forschungsgebiet und ihre Methode ("Fenomenologia pura, sua área de pesquisa e seu método") definia seu programa de trabalho.
Neste sentido ele havia lançado em suas aulas sobre Filosofia Primeira (1923-24) a tese de que a Fenomenologia, com seu método de redução, é o caminho para a absoluta justificação da vida, ou seja, para a realização da autonomia ética do homem.
Com essa tese, ele continuou a elucidação da relação entre a análise psicológica e a analise fenomenológica da consciência e sua pesquisa quanto ao embasamento da lógica, que ele publicou como Formale und transzendentale Logik: Versuch einer Kritik der logischen Vernunft (1929; Lógica formal e transcendental).
Reconhecimento vindo de fora não faltou. Em 1919 a Universidade de Bonn conferiu-lhe o título de Doutor honoris causa. Muitos visitantes estrangeiros compareciam aos seus seminários, entre eles Rudolf Carnap, figura de proa do Círculo de Vienna, onde nasceu o Positivismo lógico.
Fez palestras na Universidade de Londres (1922), na universidade de Amsterdã e, mais tarde, em 1930, na Sorbone. Deixou de aceitar um convite da prestigiosa universidade de Berlim a fim de poder dedicar todas as suas energias à Fenomenologia. Estas palestras foram aproveitadas em uma nova apresentação da Fenomenologia, que então apareceu com tradução francesa sob o título Méditations cartésiennes (1931).
Quando ele aposentou em 1928, Martin Heidegger, que haveria de tornar-se um expoente do existencialismo e um dos mais importantes filósofos alemães, foi seu sucessor. Husserl o havia considerado seu herdeiro legítimo. Somente mais tarde viu que a principal obra de Heidegger, Sein und Zeit ("O ser e o tempo"), de 1927, havia dado à Fenomenologia uma reviravolta que a levaria para um caminho totalmente diferente. Seu desapontamento fez que seu relacionamento com Heidegger esfriasse depois de 1930.
Com a chegada ao poder de Adolf Hitler em 1933 ele foi excluído da universidade. Porém recebia a visita de filósofos e intelectuais estrangeiros. Condenado ao silêncio na Alemanha, ele recebe, na primavera de 1935, um convite para falar para a Sociedade Cultural em Viena, onde discursou por duas horas e meia sobre Die Philosophie in der Krisis der europäischen Menschheit ("A filosofia na crise da humanidade européia ") palestra que repetiu dois depois. Desta conferência e de outras que fez em Praga surgiu seu último trabalho Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologie: Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie ("A crise da ciência européia e a fenomenologia transcendental: uma abordagem da filosofia fenomenológica"), de 1936, da qual somente a primeira parte veio a público em um periódico para emigrantes.
Enfermo a partir de 1937, disse desejar morrer de modo digno de um filósofo "Eu vivi como um filósofo - disse -, e eu quero morrer como um filósofo". Por não ser comprometido com nenhum credo em particular, ele respeitava toda crença religiosa autêntica.
Seu conceito de auto-responsailidade filosófica absoluta ficava perto do conceito protestante da liberdade do homem em sua relação imediata com Deus. Na verdade, é evidente que Husserl caracterizava a manutenção da redução fenomenológica não apenas como um método mas também como uma espécie de conversão religiosa. Ele morreu em abril de 1938 e suas cinzas foram enterradas no cemitério em Günterstal, perto de Freiburg.
FILOSOFIA
Husserl achava que os filósofos estavam complicando a teoria do conhecimento, em lugar de considerarem com objetividade o fenômeno da consciência como é experimentado pelo homem. O que importava, para ele, era o que se passava na experiência de consciência, através de uma descrição precisa do fenômeno. Por isso deu o nome de "fenomenologia" à sua teoria que deveria ser uma ciência puramente descritiva, para somente depois passar a uma teoria transcendental à experiência, o seja, para além do método cientifico.
As teorias do conhecimento de Descartes e de Kant tinham um defeito insanável, em seu entender. Era o fato de faltar qualquer certeza de que o que aparece na consciência correspondesse inteiramente ao real. O que havia era uma "pressuposição" de que aquilo que estava na consciência guardava relação de alguma sorte com os objetos correspondentes do mundo exterior. A filosofia, a mais fundamental das ciências, devia ficar livre de suposições. Pensar o mundo somente poderia ser feito depois de bem examinado como esse mundo é matéria no campo da consciência. Em sua opinião não adiantava em nada discutir uma teoria do conhecimento sem esse primeiro passo, pois o que tinha existência verdadeira e assegurada eram os fatos da consciência. Husserl colocaria qualquer problema filosófico tradicional entre aspas, para ser examinado somente após estar completa a descrição fenomenológica. A isto chamou criar uma "época" para a questão em exame.
Chamou "redução transcendental" a esta redução da coisa aos detalhes da sua apreensão como fenômeno da consciência propriamente; significava retirá-la de uma visão teórica, transcendente, para tomar conhecimento dela de modo preciso e objetivo, analítico, como simples experiência de consciência. No entanto, na primeira fase do desenvolvimento da sua doutrina, Husserl não partia daí para descrever o "Eu" ou o que a consciência era, mas sim para estudar as idéias, os vários tipos de idéias, como as cores, a superfície, etc.. A esse detalhamento das idéias que se juntam com outras idéias para formar a essência de cada coisa, deu o nome de "redução eidética" (ideia, imagem, forma). Com este procedimento queria chegar a uma metodologia perfeita para a filosofia, de modo a garantir a certeza absoluta, e buscou estudar o que John Locke já havia escrito a respeito. Somente mais tarde, no que foi considerada uma reviravolta em seu pensamento, Husserl passou ao estudo do Eu, do que existe no Eu que lhe faculta o conhecimento, o que foi considerado um retrocesso à filosofia transcendental de Kant. (Clique aqui em Fenomenologia, por favor, para encontrar um artigo nosso mais detalhado sobre o assunto.).


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Émile Durkheim



Émile Durkheim (1858-1917) foi um sociólogo francês. É considerado o pai da Sociologia Moderna e chefe da chamada Escola Sociológica Francesa. É o criador da teoria da coesão social. Junto com Karl Marx e Max Weber, formam um dos pilares dos estudos sociológicos.
Infância e Formação
Émile Durkheim nasceu em Épinal, região de Lorena, na França, no dia 15 de abril de 1858. Descendente de família judia, filho e neto de rabinos, desde cedo foi preparado para seguir o mesmo caminho, mas rejeitou sua herança judaica.
Estudou no Colégio d’Epinal e no Liceu, em Paris. Interessou-se inicialmente por filosofia e estudou na Escola Normal Superior de Paris. Terminado seus estudos, lecionou em diversos liceus provinciais franceses.
Entre 1885 e 1886, Durkheim realizou uma viagem de estudo na Alemanha, especializando-se em Sociologia. Dentro da Sociologia educacional filiou-se à corrente denominada Pedagogia Social. Foi fortemente influenciado pelos métodos de psicologia experimental de Wilhelm Wundt.
Em 1887, Durkheim foi nomeado professor da primeira cadeira de Ciências Sociais, associada à educação, na Universidade de Bordeaux. Em 1896 fundou a revista “L’Année Sociologique”, quando reuniu um eminente grupo de estudiosos. Em 1902, foi convidado para lecionar Sociologia e Pedagogia na Sorbonne, onde permaneceu até sua morte.
Divisão do Trabalho Social
No âmbito das investigações, Émile Durkheim deixou um dos principais trabalhos de contribuição à sociologia, com a publicação da obra “Divisão do Trabalho Social” (1893), onde analisa as funções sociais do trabalho e procura mostrar a excessiva especialização e a desumanização do trabalho, que ascendeu com a Revolução Industrial.
Durkheim sublinhava, em seus estudos, os grandes riscos que tal evolução significava para o bem e o interesse comum da sociedade.
Método Sociológico
Em 1895, Émile Durkheim publicou sua obra fundamental, “As Regras do Método Sociológico”, que constitui uma síntese da Sociologia como uma nova ciência social. Nele, Durkheim delimita o campo da nova ciência e propõe uma metodologia de estudo, condição indispensável ao estabelecimento da legitimidade de qualquer ciência.
Para ele, o objetivo do estudo da Sociologia não pode ser baseado em uma soma de indivíduos e sim em um fato social. Dentro de sua perspectiva, os fatos sociais devem ser considerados como “coisas”, com existência própria, exteriores às consciências individuais.
É necessário respeitar e aplicar um método científico, aproximado, dentro do possível, das outras ciências exatas. Devendo-se evitar preconceitos e julgamentos subjetivos.
O Suicídio
Em seus estudos sobre personalidade, Durkheim tentou mostrar que as causas do autoextermínio têm fundamentos em causas sociais e não individuais.
Descreveu três tipos de suicídio; “o suicídio egoísta”, aquele em que o indivíduo se afasta do conjunto dos outros seres humanos, “o suicídio anômico”, originado da crença de que todo um mundo social, com seus valores, normas e regras, desmoronam-se em torno de si, e “o suicídio altruísta”, o realizado por extrema lealdade a dada causa.
Teoria da Religião
Sobre os fenômenos religiosos, Durkheim escreveu uma de suas obras mais significativas, “As Formas Elementares da Vida Religiosa” (1912), baseada em diversas observações antropológicas, buscando mostrar as origens sociais e cerimoniais, como também as bases da religião, especialmente do totemismo.
Afirmou que não existem religiões falsas, que todas são essencialmente sociais. Definiu religião como “Um sistema universal de crenças e práticas relativas às coisas sagradas”, que unem os indivíduos que dela compartilham em uma única comunidade moral, denominada igreja.
Émile Durkheim faleceu em Paris, França, no dia 15 de novembro de 1917. Seus restos mortais encontram-se no cemitério de Montparnasse, em Paris.
Obras de Émile Durkheim
·         Da Divisão do Trabalho Social, 1893
·         As Regras do Método Sociológico, 1895
·         O Suicídio: Um Estudo de Sociologia, 1897
·         As Formas Elementares da Vida Religiosa, 1912
·         A Educação e a Sociologia, 1922 (obra póstuma)
·         A Educação Moral, 1925 (obra póstuma)
·         Sociologia e Filosofia, 1929 (obra póstuma)


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Ferdinand de Saussure


Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um importante linguista suíço, estudioso das línguas indo-europeias, foi considerado o fundador da linguística como ciência moderna.
Descendência e Formação
Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, no dia 26 de novembro de 1857. Filho de um naturalista, descendente de importante família de intelectuais e políticos suíços, neto do botânico Nicolás Theodore de Saussure e bisneto do naturalista Horace B. de Saussure, iniciou seus estudos em sua terra natal. Recebeu orientação do amigo da família e filólogo Adolphe Pictet para estudar linguística.
Enquanto estudava Física e Química na Universidade de Leipzig, na Alemanha, paralelamente estudava linguística fazendo curso de gramática grega e latina. Em 1874 iniciou sozinho o estudo de sânscrito, usando a gramática de Franz Bopp. Para se aprofundar nos estudos de linguística, ingressou na Sociedade Linguística de Paris. Em 1876 iniciou os estudos em línguas indo-europeias na Universidade de Leipzig.
Ainda estudante, Ferdinand Saussure publicou seu único livro, um estudo em linguística comparativa, intitulado “Mémoire sur le Système Primitif des Voyelles dans les Langues Indo-européennes” (Memórias Sobre o Sistema Primitivo da Vogais nas Línguas Indo-Europeias) .
Em seguida, Saussure se dedicou ao estudo de sânscrito, celta e indiano, em Berlim. Em 1880, Saussure doutorou-se na Universidade de Leipzig com a tese “De L’emploi du Génitif Absolu em Sanscrit” (Sobre o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito).
Carreira de Professor
De volta a Paris, Ferdinand de Saussure foi nomeado professor de linguística histórica na École des Hautes Études, onde lecionou especialmente Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e, posteriormente Filologia Indo-Europeia, permanecendo em Paris entre 1881 e 1891. Nessa época, participou ativamente dos trabalhos da Sociedade Linguística de Paris.
Curso de Linguística Geral
Em 1891, Ferdinand de Saussure regressou para Genebra onde lecionou Linguística Indo-europeia, Sânscrito e posteriormente o célebre curso de Linguística Geral, na Universidade de Genebra.
Seu reconhecimento veio com a publicação da obra póstuma “Cours de Linguistique Générale” (Curso de Linguística Geral), publicado em 1916, três anos após sua morte. A obra foi compilada a partir dos apontamentos de classe de seus discípulos e alunos suíços Charles Bally e Albert Séchehaye, que reuniram os textos dos cursos ministrados por Saussure durante seus últimos anos na Universidade.
Estruturas Linguísticas de Saussure
O livro “Curso de Linguística Geral” teve uma importância ímpar para linguística, pois além de estudar a língua como elemento fundamental da comunicação humana, estabeleceu as bases de todos os estudos que se desenvolveram posteriormente, sendo considerada decisiva para o estabelecimento da linguística moderna.
O estruturalismo, conforme exposto na obra de Saussure, baseia-se na convicção de que a linguística é um sistema abstrato de relações diferenciais entre todas as suas partes.
Ferdinand Saussure estabeleceu uma série de definições e distinções sobre a natureza da linguagem para fundamentar suas afirmações:
1.  a diferenciação entre língua, sistema de signos presentes na consciência de todos os membros de uma determinada comunidade linguística, e discurso, realização concreta e individual da língua em determinado momento e lugar por cada um dos membros da comunidade.
2.  a consideração do signo linguístico, elemento essencial na comunidade humana, como a combinação de uma expressão e um conteúdo, cuja relação arbitrária se define em termos sintagmáticos (entre os elementos que se combinam na sequência do discurso), ou paradigmáticos (entre os elementos capazes de aparecer no mesmo contexto).
3.  a distinção entre o estudo sincrônico da língua, ou seja, a discrição do estado estrutural da língua em um dado momento, e o estudo diacrônico, descrição da evolução histórica da língua, que leva em conta os diferentes estágios sincrônicos. É considerado prioritário o estudo sincrônico, que permite revelar a estrutura essencial da linguagem: “A língua é um sistema em que todas as partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica”.
Ferdinand de Saussure faleceu em Vuffens-le-Château, Genebra, Suíça, no dia 22 de fevereiro de 1913.

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