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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...


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sexta-feira, 19 de julho de 2019

John Locke - Filosofo Renascentista

John Locke - Biografia, ideias, obras e importância para a política
John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês, considerado um dos principais pensadores do empirismo. O empirismo é uma corrente de pensamento que admite que todo o conhecimento é conquistado somente por meio da experiência.
Locke também foi um defensor do individualismo liberal e da divisão do estado em três poderes.
Quem foi John Locke?
Locke nasceu em em 29 de agosto de 1632, na vila de Wrington, na Inglaterra. Seu pai, além de um pequeno proprietário de terras, era funcionário do tribunal e serviu como capitão da cavalaria do exército parlamentar.
Enquanto criança, estudou na Westminster School. Em 1652, aos 20 anos, ingressou na Christ Church College, uma das maiores faculdades constituintes da Universidade de Oxford, uma das mais respeitadas do mundo. Além de aluno, foi professor desta instituição de ensino, lecionando retórica, Grego e Filosofia.
Inicialmente, em 1656, graduou-se Artes. Posteriormente, ainda em Oxford, ele estudou Medicina, Ciências Naturais e Filosofia. Dois anos depois ingressou na academia científica da Sociedade Real de Londres.
O interesse dele por filosofia aumentou, de modo que ele entrou em contato com a obra de importantes filósofos, que acabaram o influenciando, como Francis Bacon, René Descartes e Thomas Hobbes.
Em 1683 foi acusado de traição por seu envolvimento com o seu mentor, Lord Ashley Cooper, que foi acusado de tramar a morte do Rei Carlos II. Assim, teve que fugir para a Holanda, onde ficou até 1688, no fim da Revolução Gloriosa.
Já de volta, publicou suas primeiras obras: Ensaio sobre o entendimento humano e Cartas sobre a tolerância.
John Locke faleceu aos 72 anos, no dia 28 de outubro de 1704 em Harlow, Inglaterra. Não se casou e também não teve filhos.
Filosofia de John Locke
Locke é considerado um dos mais importantes filósofos do empirismo. De acordo com este pensamento, o conhecimento é obtido por meio das experiências, ao invés de apenas deduções. Ou seja, é a ciência com base na observação do mundo, rejeitando também, explicações com base na fé.
Locke afirmava que ao nascer, a mente das pessoas é como uma “folha em branco” ou uma “tábua rasa” e somente a partir das experiências é que as ideias são formadas. Ainda segundo ele, essa experiência pode ser tanto externa, e portanto, relacionada às sensações, quanto internas, provenientes de reflexões.
Essa visão exclui, portanto, a ideia de ter um conhecimento universal, uma vez que o processo é diferente para cada pessoa, pois todas as experiências são únicas.
Contudo, de acordo com os pensamentos de Locke, a mente não é considerada apenas um receptor passivo, sendo responsável por processar todas as experiências, transformando-as em conhecimento e moldando a personalidade.
Outra ideia é importante, bastante relacionada com esta anterior, é que todos os seres humanos nascem bons e a sociedade é responsável por corrompê-los.
A Política de acordo com John Locke
Em relação à Política, Locke ficou conhecido por criticar a teoria de direito divino dos reis, defendida pelo bispo e teólogo francês, Jacques Bossuet. Ou seja, para ele, a soberania deveria ser popular e não concentrada nas mãos do Estado, como era naquele momento.
Contudo, ele admitia a supremacia do Estado, mas defendia que este deveria respeitar a lei natural e a lei civil.
Na obra “Dois Tratados Sobre o Governo Civil” contesta, além do direito divino dos reis, o absolutismo e o autoritarismo de modo geral.
Assim como Montesquieu, ele foi um grande defensor da divisão do estado em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Levando em consideração as ideias expostas acima, Locke defendia que os demais poderes fossem subordinados ao Legislativo, que por representar o povo, era considerado o mais importante.
Além disso, defendia que Estado e Igreja se separassem, dando espaço, então à liberdade religiosa. Por conta disso, foi fortemente contestado pela Igreja Católica.
Teve contribuições importantes para o liberalismo ao propor ideias que distinguiam o público e o privado e que estes, deveriam ser regulamentados por leis distintas. Conforme a sua tese, o poder político não deveria ser determinados pelas condições de nascimento.
Em suas obras, tratou ainda da livre propriedade e da livre iniciativa econômica em um Estado não intervencionista, características básicas do liberalismo.
John Locke foi um filosofo Contratualista.
Principais obras de John Locke
  • Cartas sobre a tolerância (1689)
  • Dois Tratados sobre o governo (1689)
  • Ensaio sobre o entendimento humano (1690)
  • Pensamentos sobre a educação (1693)

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sábado, 13 de julho de 2019

Michel de Montaigne - Filósofo Renascentista


Michel de Montaigne (1533-1592) foi um escritor, ensaísta, jurista e filósofo francês, o inventor do gênero ensaio.
Michel de Montaigne nasceu no dia 13 de setembro de 1592, na Dordonha, no castelo de Montaigne, França, nome que adotou como sobrenome quando herdou a propriedade. Filho de mãe descendente de judeus portugueses, foi educado em latim e mostrou interesse por história e poesia.
Michel de Montaigne começou sua carreira profissional na área do Direito. Exerceu funções na magistratura em Perígoux e Bordeaux. Demonstrou fortes atrações pelos debates e questões que envolvia a tolerância religiosa e o etnocentrismo. Uma grande prova disso foi o debate que realizou no parlamento de Bordeaux, defendendo a discussão e as diferenças de religião através de ideias e não pela guerra. Atuou na política, sendo prefeito de Bordeaux entre 1580 e 1581.
Michel de Montaigne foi condecorado, em 1571, pelo rei Henrique III com a ordem de Saint-Michel e nomeado Cavalheiro ordinário da Câmara do rei, também foi honrado por Henrique IV em 1577 com o título de Cavaleiro de sua Câmara. Elegeu-se prefeito de Bordeaux e exerceu o cargo entre 1580 e 1581.
Em Montaigne o "conhece a ti mesmo" não pode nos dar uma resposta sobre a essência do homem. Quando alguém conhece a si mesmo está conhecendo a singularidade e não a totalidade do homem. Conhecer a nós mesmos não é a garantia de conhecer os outros. Para melhor nos conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos outros e nos vermos refletidos nelas, mas isso não significa que conhecemos os outros, pois todos somos claramente diferentes.
            Como cada ser humano apresenta múltiplos aspectos e cada um tem suas características próprias, não é possível estabelecer regras para todos os homens. Não podemos indicar algo que seja comum a todos, cada indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua sabedoria particular, que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo. Conhecendo a si mesmo o homem também regressa a si, o que é um dos princípios do renascimento.
            Montaigne se preocupa também com a condição existencial do ser humano.  A existência é um problema, uma pergunta que nunca poderá ser respondida. A nossa existência é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a si própria. Cada pessoa traz em si a condição existencial de toda humanidade. Ele busca descrever o homem descrevendo a si mesmo. Ele e o homem são um milagre em si mesmo.
            Em seus escritos ele diz utilizar a própria vida como filosofia. A sua filosofia é um relato autobiográfico, pois para ele cada indivíduo tem em si a capacidade máxima da situação humana. O homem deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada mais que isso. Não podemos fazer nada melhor do que sermos humanos. De nada adianta criarmos fantasias de que seremos algo mais elevado do que humanos que somos. Aspirarmos ser algo além de homens é inútil e pode nos causar danos morais.
            Ele afirma ainda que a morte faz parte da nossa condição de humanos. Nós somos uma mescla de vida e morte e ambas confundem-se em nós. Aprender a viver é aprender a morrer. Quando assumimos nossa condição mortal tendemos a estimar mais a vida que temos. A morte nos faz desejar viver mais e melhor.

Sentenças:
- É melhor uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia.
- Do medo é que eu tenho mais medo.
- Quem ensinar os homens morrer vai também ensinar a viver.
- O verdadeiro espelho dos nossos discursos é nossa vida.
- A mais sutil loucura é feita da mais sutil sabedoria.
- Cada homem tem em si a condição inteira da humanidade.
- As mais belas almas são as que têm mais variedade e flexibilidade.
- Quem tem medo do sofrimento já está sofrendo.
- A palavra é metade quem fala e metade quem ouve.
- A covardia é a mãe da crueldade.
- O lucro de um é o prejuízo de outro.
- Não estamos nunca junto de nós, mas sempre para além de nós mesmos.
- Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos.
- O casamento é uma gaiola em que os pássaros que estão fora querem entrar e os que estão dentro querem sair.
- O melhor casamento seria entre uma mulher cega e um marido surdo.
- Quem não tem boa memória não deve mentir.
- Mesmo no mais alto trono continuaremos sentados sobre nosso traseiro.

No fim da vida, preferiu vida reclusa a fim de escrever o que seria seu trabalho central, “Ensaios”, cuja obra tinha sido começada desde 1572. No livro, Montaigne discorria sobre praticamente todos os assuntos relevantes da época. A maneira que escrevia, como um simples observador e abordando pontos de vista bastante pessoais acabou por criar um novo gênero, o ensaio. A proposta de Montaigne era mais questionadora e crítica, pois não estava preocupado em estabelecer teses científicas.
Michel de Montaigne faleceu no Castelo de Montaigne, França, no dia 13 de setembro de 1592.

1. Da Incoerência das Nossas Ações

2. De Como Filosofar e Aprender a Morrer

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3. Ensaios – Livro II
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4. Ensaios – Livro III
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5. Montaigne – Coleção Os Pensadores


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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Nicolau de Cusa (1401-1464) - Filósofo Renascentista


Nicolau de Cusa (1401-1464)


Nicolau de Cusa ou Nicolau Krebs ou Chrypffs (Cusa, Tréveris,
 
Alemanha 1401 - Todi, Úmbria, Itália 11 de agosto de 1464) foi umcardeal da Igreja Católica Romana e filósofo do Renascimento. Também autor de inúmeras obras sendo a principal delas Da Douta Ignorância publicada em 1440.


Biografia
Filho de um barqueiro João Cryfts e de Catarina Roemer. Teólogo e filosofo humanista, é considerado o pai da filosofia alemã e, como personagem chave na transição do pensamento medieval ao do Renascimento, um dos primeiro filósofos da Idade Moderna
Entre seus pensamentos está a divisão do saber humano em dois graus, o intelectual e o racional. O primeiro nos conferiria a noção mística de Deus, e o segundo tinha origem na sensibilidade. Este dualismo é muito peculiar ao pensamento místico.
Em 1425 matricula-se em Teologia em Colônia, ali recebe as doutrinas de Santo Alberto Magno, do platonismo e de Ramón Llull. A partir de 1426 o legado papal (Orsini) pede-lhe que seja seu secretário, isto lhe permite ascender ao mundo dos Humanistas, o introduz no mundo da política eclesiástica e do estudo. Dedica-se ao estudo dos códices e descobre até 800 textos de Cícero, 16 comédias de Plauto, etc.
É ordenado presbítero em 1430, e entre 1432 e 1436 defendeu de maneira ativa o conciliarismo, mas a partir do Concílio de Basiléia se desconcerta e se reconcilia com as teses do Papa, convertendo-se no personagem mais relevante.
Doutor em Direito canônico, participou no Concílio de Basiléia em 1431. Identificado como anti-aristotélico ou antiescolástico, introduziu a noção de coincidentia oppositorum(coincidência de opostos), que é Deus, para superar todas as contradições da realidade. Foi um dos primeiros filósofos a questionar o modelo geocêntrico do mundo. Conseguiu um breve período de conciliação entre as igrejas Católica e Ortodoxa, se empenhou em aproximar a Igreja dos hussistas, predicou a cruzada contra os turcos e mediou na pacificação das relações entre França e Inglaterra.
Em 1450 foi nomeado Cardeal e Bispo de Bressanone. O duque Segismundo não aceitou sua nomeação.
Para alcançarmos a verdade de alguma coisa o caminho mais utilizado é relacionarmos algo que temos por verdadeiro com algo que temos incerto de ser verdadeiro. Esse método funciona para as coisas finitas que podem ser de fácil ou difícil entendimento. Mesmo se alguma coisa finita é de difícil compreensão, é possível conhecê-la, ainda que não no presente, mas no futuro. O mesmo não acontece com algo que for infinito, pois do infinito não temos com fazermos relações, não temos como conhecer a sua dimensão. Não pode haver simetria entre o finito e o infinito. A mente humana é finita e ignora o conhecimento do infinito. Reconhecer essa incapacidade é a Douta Ignorância, uma das principais teorias filosóficas de Nicolau de Cusa.
            Mesmo que a mente finita não possa conhecer o infinito, ela deseja ardentemente alcançar a compreensão do sem fim, do eterno. Nicolau compara o finito com um polígono e o infinito com um círculo perfeito, por mais lados que tenha o polígono ele será sempre um polígono e nunca um círculo. Nós podemos nos aproximar das verdades infinitas e eternas, mas nunca vamos alcançá-las.
            Saber que não podemos conhecer Deus é por onde começamos a conhecê-lo. A douta ignorância não fundamenta somente o conhecimento de Deus eterno e do infinito, fundamenta também todo o restante que o homem pode conhecer. Reconhecer os limites do nosso conhecimento é o ponto de partida para o nosso conhecimento da verdade.
            A mente humana é semelhante à mente divina. A mente humana através do se reconhecer limitada pode descobrir a verdadeira face de Deus. Se olharmos Deus com amor veremos que ele nos olha amorosamente, se olharmos Deus com ira veremos que ele também nos olha irado, se olharmos alegremente para Deus ele também nos mostrará seu rosto alegre. A nossa mente é uma lente que dá cor para as coisas que observamos.


Códice Cusano 220
Nicolau de Cusa fundou um asilo para idosos em Kues, hoje conhecida como Bernkastel-Kues, cidade localizada a cerca de 130 quilómetros ao sul de Bona, capital da Alemanha. Este edifício abriga hoje a biblioteca de Cusa, com mais de 310 manuscritos.
Entre os manuscritos ali preservados encontra-se o Códice Cusano 220 que inclui um sermão proferido por Nicolau de Cusa em 1430, intitulado In principio erat verbum (No princípio era o Verbo). Nesse sermão em defesa da Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina Iehoua para se referir ao nome de Deus, hoje conhecido pelas grafias Jeová ou Javé, em português. Na folha 56, em referência ao nome divino, há a seguinte declaração:
"Ele [o nome] é dado por Deus. É o Tetagrama, isto é, nome composto por quatro letras. [...] Esse é, sem dúvida, o santíssimo e grande nome de Deus."
Este códice, do início do Século XV, é um dos mais antigos documentos existentes onde o Tetragrama é traduzido pela forma latinizada Iehoua, indicando que formas do nome do Deus mencionado na Bíblia, similares a Jehovah ou Jeová, têm sido por séculos a transcrição literária mais comum do nome divino.[1]
Obras mais importantes
§ In principio erat verbum, incluído no Códice Cusano 220 (1430)
§ De concordantia catholica (1434)
§ De docta ignorantia (1440)
§ De coniecturis (1441)
§ Idiota de mente, Idiota de sapientia, Idiota de staticis experimentis (1450)
§ De visione Dei (1453)
§ De Possest (1460)
§ Compendium sive compendiossisima directio (1463)
§ De apice theoriae (1464)



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quarta-feira, 26 de junho de 2019

EBOOK - DA RENASCENÇA AO SÉCULO DA LUZES

Divido em três partes - "Figuras da modernidade", "Formas de privatização" e "A comunidade, o estado e a família" - o volume oferece um quadro abrangente, mas de enorme detalhamento e variedade, de um dos períodos cruciais na história do Ocidente: da Renascença ao chamado Século das Luzes. Philippe Ariès e Roger Chartier, também organizadores do volume, reúnem o seu trabalho ao de mais treze pesquisadores que estudam uma época de profundas transformações rumo ao fortalecimento do espaço privado. Época marcada pela ampliação do poder estatal, o desmoronamento da sociabilidade comunitária, o avanço da alfabetização e da difusão dos livros, as formas de piedade solitária incentivadas pelo protestantismo e pela Contra-Reforma, fatores diversos que contribuíram para dilatar a separação entre o público e o privado, consolidando a sensibilidade e o individualismo que caracterizaram a era moderna. Índice remissivo e bibliografia completam este livro.


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terça-feira, 25 de junho de 2019

Ebook - O Príncipe de Maquiavel

O livro “O Príncipe” foi escrito por Nicolau Maquiavel em 1513, mas só foi publicado em 1532. Como Nicolau morreu em 1527, a primeira edição do livro já é considerada uma publicação póstuma.
A repercussão de O Príncipe de Maquiavel através dos séculos ocorreu devido ao papel fundamental que a obra representa na construção do conceito de Estado. O Príncipe é um tratado político que serviu como base para modelar a estrutura governamental dos tempos modernos. Esse tratado possui 26 capítulos, além de uma dedicatória a Lourenço de Médici, e foi escrito a partir de reflexões sobre o passado político, reunindo conselhos e sugestões com o objetivo de conquistar a confiança de Médici.
Nessa época, a Itália estava dividida em pequenos Estados, repúblicas e reinos. Havia muita disputa de poder entre esses territórios. Maquiavel orienta os governantes a respeito dos perigos que existem em se dividir politicamente uma península e ficar exposto às grandes potências europeias.
 
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Maquiavel - Filósofo do Período Renascentista

Maquiavel (1469 - 1527)

Foi um filosofo do período renascentista, desde pequeno, Maquiavel se dedicou aos estudos. Aos sete anos de idade, começou a aprender matemática e latim. Logo depois, estudou a língua grega antiga.
Em 1494, aos 24 anos, Nicolau Maquiavel foi secretário da República de Florença (cidade onde nasceu) e copista do professor de literatura Marcelo Virgílio Adriani. Com 29 anos, foi estabelecido como chanceler na Segunda Chancelaria e depois nomeado secretário dos Dez Magistrados da liberdade e da paz. Nicolau permaneceu nesse cargo por mais de quatorze anos. Durante esse período, cuidou de vinte e três missões no exterior.
Tem um acontecimento importante em 1501: seu casamento com Marietta di Luigi Corsim. Essa relação matrimonial concede seis filhos a Nicolau. Porém, Nicolau parece ter dedicado pouca atenção a sua família (foi amante, por muitos anos, da cantora Barbara Salutari).
Maquiavel recebeu, em 1502, a função de representar o governo de Florença para tratar com o Duque Valentino a respeito das ações para mudar o curso dos acontecimentos políticos. Essa função foi concedida por César Bórgia, filho de Rodrigo Bórgia, que viria a se tornar Papa (Alexandre VI) e Capitão Geral da Igreja Católica em Roma. O contato com o Duque Valentino foi importante para o desenvolvimento das ideias de Nicolau de seu destino como escritor político.
Em 1505, Nicolau Maquiavel estabeleceu o projeto da milícia nacional para substituir as tropas mercenárias. Após seu trabalho para o governo, Maquiavel perdeu o cargo (com o fim da república em 1512). No ano seguinte, foi preso e torturado por conspirar para a eliminação do cardeal Giovanni de Médici.
     Nicolau Maquiavel se dedicou ao estudo da filosofia política, mas de forma diferente dos filósofos anteriores a ele, buscou investigar a política pela política, ou seja, sem utilizar em sua análise conceitos morais, éticos e religiosos que pudessem direcionar seus estudos. A política em sua filosofia tem a capacidade de se auto-governar, de buscar suas próprias decisões de forma livre, sem que outras áreas do conhecimento interfiram em suas conclusões. Com Maquiavel nasce uma nova forma de estudar filosofia política.

“Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem. “Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado a ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano.”
Assim, hoje em dia, na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O PRÍNCIPE, criou um “manual da política”, que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Mas para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu. É exatamente isso que vamos fazer.

O panorama político:

Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana, o que explica boa parte das suas ideias.
Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.
Até 1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranquilidade.
Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave devido aos conflitos internos entre os principados, somaram-se as constantes e desestruturadoras invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder por um período superior a dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.

 

Vida e obra

Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália “esplendorosa mas infeliz”, segundo o historiador Garin. Sua família não mera aristocrática nem rica. Seu pai, advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.
Mas apesar do brilhantismo precoce, só em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.
Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito-Lívio, mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.
Maquiavel viveu uma vida tranquila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado, fato que levou algumas pessoas a considerá-lo louco.
A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos grandes escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo do qual terminou fazendo parte.
Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.
Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Index pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.

A nova ciência política

Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o retorno dos Médicis e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, “um homem que a fortuna tinha feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado”. Também não chegou a ver a Itália forte e unificada.
Deixou porém um valioso legado: o conjunto de ideias elaborado em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois “especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso, revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.
O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Casciano, tem plena consciência de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos “tratados sistemáticos da escolástica medieval” e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica.

O pensamento de Maquiavel

Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com certeza ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só trabalho, todo o pensamento de Nicolau Maquiavel, portanto, vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente interpretada.
Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também a necessidade (não só dele mas de todo o povo Italiano) de um monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.
Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter encontrado na recém conquistada Romanha, um lugar assolado por pilhagens, furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a Dom Ramiro de Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro. E um dia em plena praça, no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O povo por sua vez ficou, ao mesmo tempo, satisfeito e chocado.
Para Maquiavel, um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu povo.

“Sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la. Vê-se, que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia”.

Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as ideias de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de governar.
Maquiavel procura a prática. A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.
Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem sido constantemente mal interpretado.
“Os fins justificam os meios”.
Maquiavel, ao dizer essa frase, provavelmente não fazia ideia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo.  Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.

Conclusão

Assim, a contribuição de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa e fantástica. Maquiavel ensinou, através da sua obra, a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de Maquiavel entrou para sempre não só na história, como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a todos os tempos.

É possível perceber que “Maquiavel, fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por isso que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da história do mundo.
Sentenças:
- Faça de uma vez só todo o mal, mas o bem faça aos poucos.
- Quem for eleito pelo povo deve manter-se amigo dele.
- O que depende de muitos costuma não ter sucesso.
- Quem for desarmado torna-se desprezível
- Boas leis não servem pra nada se não existirem boas armas.
- Toda guerra que é necessária é justa.
- A guerra faz o ladrão e a paz prende-os.
- É mais seguro ser temido do que amado.
- Os homens esquecem mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
- Governar é fazer acreditar.
- É fácil persuadir o povo de algo, difícil é manter essa persuasão.
- Nunca faltará ao príncipe razões legítimas para burlar a lei.
- Grande dificuldade pede grande disposição.
- Todos veem aquilo que você parece, poucos percebem o que você é.
- Quem engana sempre vai encontrar alguém que se deixará enganar.
- Um governante eficaz não deve ter piedade.
- Em tempos de paz devemos pensar na guerra.
- As pessoas ofendem mais a quem amam do que a quem temem.
- A liberdade consome a si mesma, pois sua força acaba logo.


Maquiavel em 90 minutos





NICOLAU MAQUIAVEL Vida, contexto histórico, obras, ideias
 O PENSAMENTO POLÍTICO DE MAQUIAVEL
O PENSAMENTO POLÍTICO DE MAQUIAVEL



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