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O que é arqueologia bíblica?
O significado da palavra arqueologia tem sua base nas duas palavras gregas que a formam: arkhaios (antigo) e logos (discurso). Arqueologia poderia portanto ser definida como a ciência da antigüidade. Ela tem como objetivo reconstruir civilizações antigas através da escavação e do estudo dos objetos provenientes dessas escavações.
Arqueologia Bíblica é um setor particular dentro da ciência da arqueologia. Esse setor estuda os elementos da Palestina e dos países próximos, que têm alguma referência aos tempos e aos escritos da Bíblia. O interesse científico recai sobre os restos de construções, monumentos artísticos, inscrições e outros objetos que contribuem à compreensão da história, da vida e dos hábitos dos hebreus e dos povos que entraram em contato com eles e tiveram influência sobre eles.
Os limites da arqueologia bíblica nascem do fato que a linha temporal que a Bíblia compreende é muito grande e do mesmo modo é vasto o território onde se desenvolveram as narrativas bíblicas. A conservação de restos também é muito precária. Raramente são encontrados objetos de madeira, de couro ou tecido.
2. História da Arqueologia Bíblica
A preocupação em identificar fatos da Bíblia com a realidade atual já se apresenta no próprio livro sagrado (cf. Js 8,28-29; 15,8-10), que sente a necessidade de clarificar topônimos obscuros. Hoje essa necessidade cresceu muito mais. O nome dos lugares mudam com o tempo, especialmente quando a língua do país muda de acordo com a classe governamental que domina o país. A maioria dos nomes semíticos sofreu mudança e foi dominado pelo grego e, em menor escala, pelo latim.
Eusébio de Cesaréia, primeiro historiados da Igreja, que faleceu em 339, nos deixou uma obra clássica, Onomasticon, que contém a lista alfabética das localidades mencionadas na Bíblia e ao lado o nome com o qual elas eram conhecidas no século IV. Essa obra foi traduzida para o latim por Jerônimo, um século depois, por causa de sua importância.
Outra fonte importante são os relatos dos peregrinos judeus e cristãos que visitaram, desde o Séc. II, a Terra Santa.
Napoleão fracassou na sua invasão militar do Egito e Palestina, mas a sua presença naquela área suscitou um interesse dos países de expressão que forneceram preciosos instrumentos para a arqueologia. Vários institutos nasceram com o objetivo de estudar a região e muitas cartas geográficas foram desenhadas. Com eles se pode ver que os topônimos locais árabes preservavam com frequência nomes antigos, embora pronunciados sob a influência árabe. Em base a estes mapas, Edward Robinson em 1841 publicou uma obra identificante centenas de locais bíblicos (Biblical Researches in Palestine, Mount Sinai, and Arabia Petraea). Por esse trabalho ele é chamado pai da arqueologia bíblica.
Graças à descoberta de textos trílingue se conseguiu também ajudar a decifrar as línguas do território bíblico. Primeiro de tudo os soldados de Napoleão encontram a Stella de Rosetta, em 1882. Trata-se dum documento que, encontrado em escrita ieroglifica egípcia, demótico e grego, ajudou a decifrar a escrita utilizada pelo povo egípcio. Do mesmo valor é a Inscrição de Behistun, escrito em acádico, medo e persa antigo, que ajudou a interpretar a escrita cuneiforme da Mesopotomia. Foram encontrados outros arquivos importantes no século passado: hititas, em Bogazkôy, na Turquia (1915); arquivos cananeus, em Ras Shamra, na costa da Síria (1929); arquivos de Mari, no Tell Hariri, em 1975.
Na Palestina porém se encontraram poucos restos escritos do tempo bíblico: inscrições ocasionais, óstracas (escritos em cerâmicas), selos e impressões em selos, inscrição de Mesha (1868) e a inscriçãode Siloé (1880). As duas últimas inscrições datam respectivamente do século VIII/VII a.C. Esses poucos materiais encontrados na Palestina, confrontados com a vasta documentação dos povos vizinhos conduzem à conclusão que os israelitas entraram relativamente tarde no cenário da história e da civilização antigas. Poder-se-ia dizer que inclusive eles, em seus dias, desempenharam um papel menor na historia e civilização.
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