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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...

sexta-feira, 29 de março de 2019

Platão - Filosofia Período Clássico


Platão (430 - 347) a.C.

           Platão em sua filosofia determinou algumas das ideias centrais do pensamento ocidental como as ideias políticas que aparecem nos escritos Diálogos e na República, nas teorias psicológicas que expõe em Fedro, na cosmologia de Timeu e na filosofia das ciências abordas na obra Teeteto.
            Platão fundou a Academia de Atenas, escola onde estudou Aristóteles. Escreveu sobre diversos temas como epistemologia, metafísica, ética e política. Em seus diálogos um dos personagens frequente é Sócrates de quem Platão foi discípulo. Em muitos momentos é difícil dividir o pensamento dos dois filósofos.
            Em seus diálogos Platão utiliza diversos personagens históricos como Górgias, Parmênides e Sócrates para através de suas falas expor suas teorias filosóficas. Uma de suas teorias mais conhecidas é a das Ideias em que afirma que o mundo que conhecemos através dos cinco sentidos, o mundo sensível, é um mundo imperfeito e falho, mera sombra do real mundo das ideias. O Mundo das Ideias é muito superior ao mundo sensível. O mundo que sentimos é somente uma cópia apagada do mundo das ideias pois as ideias são únicas e imutáveis e as coisas do mundo sensível estão constantemente mudando. Esse pensamento aparece no livro República e é conhecida como Mito da Caverna. Para Platão a única forma para conhecermos a realidade inteligível é através da razão pois os nosso sentidos podem nos enganar.
Ele divide o mundo em três partes, na primeira estão os objetos perceptíveis pelos sentidos. Na segunda estão as coisas que não podem ser percebidas pelos sentidos mas podem ser entendidos pelo espírito humano como a matemática e a geometria. Na terceira parte de sua divisão Platão coloca as ideias superiores como a virtude e a justiça que somente podem ser conhecidas pela inteligência através da utilização de outras ideias.
            Platão escreveu ainda sobre diversos assuntos como a melhor forma de governo e sobre o Estado, para ele a sociedade deveria ser dividida em três partes que correspondem e se relacionam com a alma dos indivíduos. A primeira parte é a vontade ou o apetite e corresponde aos trabalhadores braçais. A segunda parte é a do espírito e é relacionada aos guerreiros e aventureiros que tem que ser destemidos, fortes e espirituosos. A terceira parte é reservada aos filósofos e aos governantes, é a parte da razão e é reservada aos inteligentes e racionais, qualidades essas mais apropriadas para indivíduos que vão tomar decisões representando toda sociedade. É portanto a razão e a sabedoria que devem governar, os filósofos devem governar como reis ou os reis devem ser filósofos para governar com racionalidade.
            Em seu escrito A República Platão descreve a maneira que se pode passar de um regime político a outro e classifica os regimes de governo em cinco formas: 1- O governo dos filósofos ou aristocracia que ele define como o governo dos mais capazes. Esse é para ele o regime perfeito pois corresponde ao ideal do filósofo rei que reúne poder e sabedoria em uma só pessoa. Esse regime é seguido por quatro regimes imperfeitos: 2- A timocracia, regime fundamentado sobre a honra; 3- Oligarquia, fundamentado sobre a riqueza; 4- Democracia que se fundamenta sobre a ideia de igualdade e 5- Tirania que se funda no desejo do tirano e representa o fim da política porque nele são abolidas as leis.
            Sobre Epistemologia Platão elabora a teoria da reminiscência segundo a qual aprender é recordar-se. Para ele as ideias são imutáveis, eternas, incorruptíveis e não criadas, estas ideias estão hospedadas no hiperurânio que está localizado num mundo suprasensível. Esse mundo é parcialmente visível para as almas que estão desligadas do próprio corpo. Quando nossa alma estava desligada do nosso corpo ela viu e conheceu as ideias do hiperurânio e quando entraram novamente em um corpo, reencarnando-se, nossa alma esqueceu a visão que teve das ideias. O trabalho do filósofo é fazer com que as pessoas recordem dessas ideias através do diálogo. Mas é impossível aos seres humanos conhecer completamente o mundo das ideias que é acessível somente aos desuses, o melhor conhecimento a que os humanos conseguem atingir é o conhecimento filosófico, o amor pelo saber e a incansável busca da verdade. Para Platão o homem tem necessidade de conhecimento e ele não teria necessidade de conhecimento se não tivesse visto nunca esse conhecimento. O homem busca o conhecimento porque ele não o tem mais, porque ele o perdeu.
O mito é uma forma de conhecimento inferior à filosofia porque é baseado sobre a intuição que não tem como ser demonstrada. E a ciência é um saber inferior porque necessita ser demonstrada e porque é baseada sobre hipóteses, mas na falta de conhecimentos melhores mesmo o mito e a ciência são conhecimentos que podem ser utilizados pelos filósofos para alcançar as ideias. O único conhecimento que o filósofo não pode aceitar é a opinião.
            Na questão ética Platão liga beleza e bondade, tudo aquilo que é belo é também verdadeiro e bom e vice-versa. É a beleza das ideias que atraem a inteligência do filósofo e o bem, também por ser belo, atrai a sabedoria.
            O amor para Platão é uma forma de delírio divino que se manifesta no afeto à uma pessoa a um objeto ou até mesmo à uma ideia. Esse afeto é acompanhado da ideia de que a satisfação desse desejo pode ser uma forma de elevar a existência. Ele distingue o amor através das suas diferentes finalidades condenando o amor carnal e exaltando o amor pela sabedoria que é expresso pela filosofia que contempla o verdadeiro belo. O amor é o desejo de beleza e ela é desejada porque ela é o bem que torna as pessoas felizes. A primeira beleza que aparece é a beleza do corpo, em seguida vem a beleza de todos os corpos, acima dela está a beleza da alma que é inferior à beleza das leis e das organizações humanas, acima dela está a beleza das ciências e acima de tudo está a ideia de beleza, é a beleza em si que é eterna e fundamenta todas as outras belezas. O amor é ainda insuficiência pois ele deseja qualquer coisa que não tem e ele deseja essa coisa porque ele precisa dessa coisa e se ele precisa de algo é porque ele é imperfeito.
            Outro ponto importante da filosofia de Platão é a questão da justiça pois para ele nenhuma sociedade pode manter-se sem justiça. A justiça é o que fundamenta o estado e ela acontece quando os cidadãos pertencentes a um estado cumprem a tarefa que pertence a cada um deles. A justiça é o que une o estado, ela é a união do indivíduo com o estado. Para que o estado seja justo devem ser cumpridas duas condições, a primeira é a eliminação da riqueza e da pobreza e a segunda é o fim da vida familiar dando às mulheres igualdade de participação no estado. Os filhos seriam criados pelo estado que assim seria uma única e grande família.
            Platão acreditava que o papel do filósofo é amar conhecer todas as coisas e não somente algumas coisas e somente é possível conhecer as coisas que são pois o que não é, não é também cognoscível. O ser é a ciência que é o verdadeiro conhecimento e o não ser é a ignorância. A opinião é o meio termo entre o conhecimento e a ignorância. A arte imitativa, como a pintura e a poesia, são condenáveis por serem somente ilusões. A pintura representa uma imitação de uma pequena parte da aparência dos objetos e a poesia vai representar somente uma parte da alma que são as emoções. Ambas são imitações incompletas e de pouco valor.

Sentenças :
- Buscando o bem de nossos semelhantes encontramos o nosso.
- Cada lágrima nos ensina uma verdade.
- Quando a multidão exerce a autoridade, ela é mais cruel do que os tiranos.
- Existe somente um tipo de virtude, de maldades existem muitos tipos.
- Onde reina o amor, sobram as leis.
- O corpo é a prisão da alma.  
- O homem sábio vai querer estar sempre com quem seja melhor que ele.
- Aquele que aprende e não pratica o que sabe é como o que ara e não semeia.
- Frio e enfadonho é o consolo que não vem acompanhado de algum remédio.
- A conquista própria é a maior das vitórias.
- Filosofia é a ciência dos homens livres.
- Liberdade é ser dono da própria vida.
- A música é para a alma o que a ginástica é para o corpo.
- A pobreza não vem da diminuição das riquezas, mas da multiplicação dos desejos.
- Os amigos se convertem com frequência em ladrões do nosso tempo.
- Um dos castigos por recusarmos a participar da política é que seremos governados por homens inferiores a nós.
- Não conheço um caminho infalível para chegar ao sucesso, mas existe um caminho seguro para o fracasso: querer contentar a todos.
- Somente os mortos viram o fim da guerra.
- Uma vida sem pesquisa não é digna de ser vivida pelo homem.
Principais obras
Fédon
Dois temas são fundamentais nesta obra, cuja elaboração estima-se em aproximadamente 387 a.C.: a imortalidade da alma e o modo como um homem sábio encara a morte. O diálogo se passa em Fliunte, uma cidade de Sícon, no nordeste do Peloponeso, na Grécia, um dos mais importantes centros do pitagorismo. As personagens são Fédon de Élis, discípulo de Sócrates, Símias e Cebes, originários de Tebas, onde foram discípulos do pitagórico Filolau Críton, um rico ateniense e amigo de Sócrates e Equécrates, a quem Fédon conta a morte de Sócrates. Assim, a estrutura do diálogo se dá em alguns temas que perpassam o diálogo, que consiste em se discutir a visão da morte como libertação, discutindo-se a relação entre corpo e alma, e sobre a existência da alma em relação ao corpo, a teoria das ideias, a degradação na alma nas sucessivas reencarnações, e no epílogo a última mensagem de Sócrates.

Banquete
Essa obra, de cerca de 380 a.C., pode ser tida como uma resposta de Platão às acusações da cidade contra a filosofia. Platão narra uma festividade na casa de Agaton. Estavam presentes a esse banquete, entre outras pessoas, Aristodemo, amigo e discípulo de Sócrates; Fedro, o jovem retórico; Pausânias; o médico Eriximaco; Aristófanes, o comediante que ridicularizava Sócrates, e o político Alcibíades. E também o velho Sócrates. O exagero cometido na festa do dia anterior, sobretudo o excesso de bebida, fatigara os convidados de Agaton. Pausânias propôs então que, em lugar de beber, ficassem ali a conversar, a discutir ou que cada um fizesse algo “diferente”.
Essa proposta de Pausânias foi aceita por todos. Ao que Eriximaco acrescentou que se fizessem elogios a Eros, assim os convidados deveriam fazer um discurso para louvar o amor. Pausânias, ao afirmar que há mais de um Eros, dividido entre bem e mal, real e divino, é o primeiro a discursar; Eriximaco, o segundo, aponta como o amor não exerce influência apenas nas almas, mas que dá também a harmonia ao corpo; Aristófanes, então, toma a palavra, demarcando que o amor é o desejo e a procura da metade perdida por causa da nossa injustiça contra os deuses, Agaton, o anfitrião e o último dos elogiosos ao amor, não se propõe enaltecer os benefícios que Eros faz ao homem, mas sim cantar o próprio deus e a sua essência, passando em seguida a descrever-lhe o dote.
Após toda essa longa lista de virtudes atribuídas a Eros, nota-se o quanto o poeta se distancia de sua proposta inicial e de seu preceito metodológico; Sócrates, um dos presentes, propõe dialogar sobre a definição do amor. Expõe como Diotima lhe ensinou a genealogia do amor e chega ao apontamento crucial sobre o conceito de amor: o que se ama é somente aquilo que não se tem. A verdade é algo que está sempre mais além, inquietação que faz do amor um filósofo.

A República
A República (Politeia), de cerca de 375 a.C., é o diálogo mais célebre de Platão, o mais lido e o mais comentado ao longo da história. Nele é discutida a questão do tempo, e de como impedir que a cidade, já não mais afeita a uma tradição aceita por todos, seja capaz de se submeter ao princípio da discussão sem deslizar nos caprichos dos interesses particulares e da dispersão. A República contém diversos temas filosóficos, sociais e políticos entrelaçados.
A questão chave é a da justiça em seu sentido amplo, oportunidade que Platão aproveita para tecer comentários sobre a educação e o tema genérico do conhecimento das coisas. O livro 1 goza de certa independência, sendo que os demais (ao todo são 10), tratam de temas variados: A formação das lideranças (os guardiões) está presente nos livros 2, 3, 4, 5 e 6; a formação dos governantes, classe especial dos guardiões, nos livros 6 e 7; uma vez compreendida a tarefa pública, Platão a compara com o que acontece nas cidades existentes (livro 8I); diante do desafio de Trasímaco ao tratar das conveniências da tirania (livro 9), Platão encerra (livro 10) com a proposição de um mito, tratando da importância da arte, do destino e da liberdade.

Teeteto
Diálogo platônico sobre a natureza do conhecimento. Escrito nos meados de 369 a.C, nele aparece, talvez pela primeira vez explicitamente na filosofia, o confronto entre verdade e relativismo. Desse diálogo provém uma definição tradicional do conhecimento como crença verdadeira justificada. Os personagens principais no diálogo são Sócrates, Teodoro de Cirene e o matemático Teeteto. Há ainda dois personagens que aparecem apenas do início do diálogo: Terpsião e Euclides.
A obra está dividida em três partes, cada uma com momentos do debate entre Sócrates e Teeteto, as duas principais figuras desse diálogo. Platão pretende, através dele, provar que é possível chegar ao conhecimento através da razão, e não pela subjetividade gnoseológica dos sofistas, que afirmavam que os sentidos determinam o conhecimento. Assim, Sócrates rechaça as quatro teses de Teeteto: de que o saber não pode ser definido mediante exemplos; de que ele não é percepção, nem opinião verdadeira, e nem uma explicação acompanhada de opinião verdadeira. Sócrates rebate esses argumentos de um ponto de vista crítico, formulando questões sobre as suas teses, sem se chegar a um conceito definido.













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