Avicena
(980 - 1037)
O
filósofo Ibn Sina, conhecido no ocidente pelo nome latinizado de
Avicena, influenciou muitos teólogos cristãos como Santo Tomás de Aquino e Duns Scot.
Na metafísica de
Avicena, Deus é um ser necessário. Ele faz uma distinção clara entre a
existência e a essência das coisas, argumentando que a forma e a matéria não
podem interagir sozinhas e por conta própria gerar o movimento, que é o que ele
chama de fluxo vital do universo, nem gerar a própria existência. A existência
tem origem em uma causa que necessariamente coloca em relação a essência e a
existência, somente dessa forma a causa das coisas que existem podem coexistir
com os efeitos.
Ele
resolveu o problema da essência e dos atributos do mundo através de uma análise
ontológica da modalidade do ser que ele subdivide em três tipos:
impossibilidade, contingência e necessidade. O ser impossível é aquele que não
existe. O ser contingente é o que tem necessidade de uma causa externa a si
para existir. Já o ser necessário, que é único, reflete a sua essência e tem a
capacidade de gerar a primeira inteligência. Dessa primeira inteligência deriva
uma segunda, e depois uma terceira, dando sequência a todas as inteligências. O
ser necessário é a causa somente da primeira inteligência e as outras são
resultados indiretos desta. Esse ser necessário é Deus que conhece todas as
coisas particulares e universais graças à sua ciência e à sua sabedoria. Tanto
Deus como o universo são eternos e não existe nem tempo nem espaço antes de
Deus.
Essa
definição modifica profundamente a compreensão sobre a criação do mundo. Ela
não é mais o capricho de uma vontade divina, mas o resultado do pensamento
divino que pensa ele mesmo. A criação torna-se uma necessidade e não mais uma
vontade. O mundo se origina de Deus como excesso de sua inteligência.
Sobre
as causas do mal no mundo, Avicena afirmou que ele é disseminado por acidente e
que ele surge por causa da imperfeição da natureza. Além disso o filósofo
acreditava que o bem deve deixar espaço também ao seu contrário.
O
propósito da filosofia é de esclarecer e demonstrar através da razão as
verdades reveladas por Deus. Aos filósofos cabe fazer considerações e
elucidações sobre as partes obscuras e ocultas das doutrinas divinas reveladas.
Nos
estudos de Avicena podemos encontrar também elementos da filosofia da ciência.
Ele descreve um método de investigação científica e se pergunta como é possível
alcançar hipóteses, afirmações que não necessitam de prova para que sejam
consideradas verdadeiras ou deduções iniciais sem que elas sejam inferidas das
premissas. Para ele a solução é a combinação do antigo método indutivo
aristotélico com um método que utiliza a experimentação e a observação atenta
do que se quer conhecer.
O
homem, animal munido de razão, tem o poder de conhecer, através da alma
racional, as formas inteligíveis. Essas formas inteligíveis constroem a alma
racional de três formas: primeiro através de uma emanação, de um prolongamento
da substância e natureza divina, através da qual o homem pode conhecer os
primeiros princípios; segundo através do raciocínio e da demonstração é
possível conhecer as coisas inteligíveis do mundo utilizando para isso a
lógica; e terceiro através dos sentidos.
Sentenças:
- Um médico
ignorante é um auxiliar da morte.
- O vinho é um
amigo de quem é moderado e inimigo de quem é beberrão.
- A medicina deve conhecer as causas de doença e de saúde.
- A oração é inteiramente espiritual, é um encontro direto entre Deus e a
alma, afastado de todas as limitações materiais.
- Tudo o que não existe e depois passa a
existir, é criado por algo diferente de si mesmo.
- A qualidade da vida é mais importante
que a sua duração.
- A medicina não é uma ciência difícil e
complexa como a matemática e a metafísica.
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