Maquiavel (1469 - 1527)
Foi um filosofo do período renascentista,
desde pequeno, Maquiavel se dedicou aos estudos. Aos sete anos de idade,
começou a aprender matemática e latim. Logo depois, estudou a língua grega antiga.
Em 1494, aos 24 anos, Nicolau
Maquiavel foi secretário da República de Florença (cidade onde nasceu) e
copista do professor de literatura Marcelo Virgílio Adriani. Com 29 anos, foi
estabelecido como chanceler na Segunda Chancelaria e depois nomeado secretário
dos Dez Magistrados da liberdade e da paz. Nicolau permaneceu nesse cargo por
mais de quatorze anos. Durante esse período, cuidou de vinte e três missões no
exterior.
Tem um acontecimento importante em 1501: seu
casamento com Marietta di Luigi Corsim. Essa relação matrimonial concede seis
filhos a Nicolau. Porém, Nicolau parece ter dedicado pouca atenção a sua
família (foi amante, por muitos anos, da cantora Barbara Salutari).
Maquiavel recebeu, em 1502, a função de
representar o governo de Florença para tratar com o Duque Valentino a respeito
das ações para mudar o curso dos acontecimentos políticos. Essa função foi
concedida por César Bórgia, filho de Rodrigo Bórgia, que viria a se tornar
Papa (Alexandre VI) e Capitão Geral da Igreja Católica em Roma. O contato com o
Duque Valentino foi importante para o desenvolvimento das ideias de Nicolau de
seu destino como escritor político.
Em 1505, Nicolau
Maquiavel estabeleceu o projeto da milícia nacional para substituir as
tropas mercenárias. Após seu trabalho para o governo, Maquiavel perdeu o cargo
(com o fim da república em 1512). No ano seguinte, foi preso e torturado por
conspirar para a eliminação do cardeal Giovanni de Médici.
Nicolau Maquiavel se
dedicou ao estudo da filosofia política, mas de forma diferente dos filósofos
anteriores a ele, buscou investigar a política pela política, ou seja, sem
utilizar em sua análise conceitos morais, éticos e religiosos que pudessem
direcionar seus estudos. A política em sua filosofia tem a capacidade de se
auto-governar, de buscar suas próprias decisões de forma livre, sem que outras
áreas do conhecimento interfiram em suas conclusões. Com Maquiavel nasce uma
nova forma de estudar filosofia política.
“Mais de quatro séculos
nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua
obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo
menos os termos que aí tem sua origem. “Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo
e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto
na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem
nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas
acepções, porém, o maquiavelismo está associado a ideia de perfídia, a um
procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas
sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas
alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano.”
Assim, hoje em dia, na
maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel, ao escrever sua
principal obra, O PRÍNCIPE, criou um “manual da política”, que pode ser
interpretado de muitas maneiras diferentes. Mas para entender Maquiavel em seu
real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu. É
exatamente isso que vamos fazer.
O panorama político:
Maquiavel viveu durante
a Renascença Italiana, o que explica boa parte das suas ideias.
Na Itália do
Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados,
governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de
direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise
instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação
rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe.
Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para
evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo
da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é
previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor.
Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de
contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central
e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes
individualidades têm capacidade para ocupar.
Até 1494, graças aos
esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranquilidade.
Entretanto, desse ano
em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram
incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave devido aos
conflitos internos entre os principados, somaram-se as constantes e
desestruturadoras invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi
nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder
por um período superior a dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.
Vida e obra
Maquiavel nasceu em
Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália “esplendorosa mas infeliz”, segundo
o historiador Garin. Sua família não mera aristocrática nem rica. Seu pai,
advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo
se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho.
Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.
Mas apesar do
brilhantismo precoce, só em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro
cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda
chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos
os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade,
cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente,
destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.
Com a queda de
soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel,
que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se
mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre
a Primeira década de Tito-Lívio, mas
interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe, segundo alguns, destinado a que se reabilitasse com os
aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.
Maquiavel viveu uma
vida tranquila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da
pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria
com pessoas simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para
conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado, fato que levou
algumas pessoas a considerá-lo louco.
A obra de Maquiavel é
toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos
grandes escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler,
ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo
do qual terminou fazendo parte.
Enfim, em 1527, com a
queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem
findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como
alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido.
Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república
considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.
Mas nem depois de
morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Index pelo concílio de Trento, o
que levou-o, desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.
A nova ciência política
Maquiavel faleceu sem
ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A
carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o
retorno dos Médicis e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se
dele, “um homem que a fortuna tinha
feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado”. Também não chegou a
ver a Itália forte e unificada.
Deixou porém um valioso
legado: o conjunto de ideias elaborado em cinco ou seis anos de meditação
forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses
pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois “especulou sempre
sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam”. Apesar disso,
revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que
modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os
limites da especulação filosófica.
O universo mental de
Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Casciano, tem plena
consciência de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente
distancia-se dos “tratados sistemáticos da escolástica medieval” e, à
semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física,
rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação
empírica.
O pensamento de
Maquiavel
Maquiavel nunca chegou
a escrever a sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Mas com
certeza ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente
impossível analisar num só trabalho, todo o pensamento de Nicolau Maquiavel, portanto,
vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente interpretada.
Ao escrever O Príncipe,
Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália
poderosa e unificada. Expressa também a necessidade (não só dele mas de todo o
povo Italiano) de um monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo
rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.
Em O Príncipe,
Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter encontrado
na recém conquistada Romanha, um lugar assolado por pilhagens, furtos e
maldades de todo tipo, confia o poder a Dom Ramiro de Orco. Este, por meio de
uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por
toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu
ministro. E um dia em plena praça, no meio de Cesena, mandou que o partissem ao
meio. O povo por sua vez ficou, ao mesmo tempo, satisfeito e chocado.
Para Maquiavel, um
príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou
da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu
povo.
“Sou de parecer de que é melhor ser ousado do que
prudente, pois a fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa,
é necessário (...) contrariá-la. Vê-se, que prefere, não raramente, deixar-se
vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga
dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na
com mais audácia”.
Para Maquiavel, como
renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve
incluir os pensamentos e as ideias de Aristóteles. Ao contrário deste,
Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência
está contida na arte de governar.
Maquiavel procura a prática. A execução fria das
observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a sociedade.
Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval.
Quer separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.
Maquiavel não era o
vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem
sido constantemente mal interpretado.
“Os fins justificam os meios”.
Maquiavel, ao dizer essa frase, provavelmente não
fazia ideia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis
dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel
quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo
que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.
Conclusão
Assim, a contribuição
de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa e fantástica. Maquiavel ensinou,
através da sua obra, a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de
Maquiavel entrou para sempre não só na história, como na nossa vida cotidiana
atual, já que é aplicável a todos os tempos.
É possível perceber que
“Maquiavel, fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo”. E é por
isso que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um
dos maiores pensadores da história do mundo.
Sentenças:
- Faça de uma vez só
todo o mal, mas o bem faça aos poucos.
- Quem for eleito
pelo povo deve manter-se amigo dele.
- O que depende de
muitos costuma não ter sucesso.
- Quem for desarmado
torna-se desprezível
- Boas leis não
servem pra nada se não existirem boas armas.
- Toda guerra que é
necessária é justa.
- A guerra faz o
ladrão e a paz prende-os.
- É mais seguro ser
temido do que amado.
- Os homens esquecem
mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
- Governar é fazer
acreditar.
- É fácil persuadir
o povo de algo, difícil é manter essa persuasão.
- Nunca faltará ao
príncipe razões legítimas para burlar a lei.
- Grande dificuldade
pede grande disposição.
- Todos veem aquilo
que você parece, poucos percebem o que você é.
- Quem engana sempre
vai encontrar alguém que se deixará enganar.
- Um governante
eficaz não deve ter piedade.
- Em tempos de paz
devemos pensar na guerra.
- As pessoas ofendem
mais a quem amam do que a quem temem.
- A liberdade
consome a si mesma, pois sua força acaba logo.
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