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domingo, 5 de janeiro de 2020

Étienne Bonnot de Condillac

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Étienne Bonnot de Condillac (1715 - 1780)

Condillac desenvolveu uma teoria do conhecimento baseada no empirismo onde as sensações são o principal instrumento que nos permitem conhecer. Este filósofo formulou os fundamentos da teoria do conhecimento na época do iluminismo.
Para ele, entendermos o complexo sistema de conhecimento exige que estudemos nossos sentidos de forma separada, somente dessa forma vamos conseguir perceber quais sentidos originam quais ideias. É preciso ainda analisar a forma como exercitamos cada um dos nossos sentidos e como cada um deles ajuda, assessora e socorre os outros.
O resultado dessas pesquisas nos mostraria que a nossa consciência e os pensamentos que a formam é o resultado puro e elementar da alteração das nossas sensações mais básicas.
Para tornar sua teoria mais visual, Condillac desenvolve o exercício imaginativo de representação de uma estátua como se fosse um ser humano sem nenhum dos sentidos, primeiro se dá a essa estátua o sentido do olfato, que é o mais fraco dos nossos sentidos, ao sentir os primeiros cheiros eles despertariam total atenção da estátua e os diversos cheiros sentidos por ela seriam classificados entre bons ou ruins, entre os que causam prazer ou dor. Os odores seriam o único parâmetro para a organização dos pensamentos dessa estátua, que passariam a surgir tendo por único padrão o olfato.
Para auxiliar suas operações mentais a estátua desenvolveria a memória que é a consequência da maior ou menor atenção que essa estátua der à sua sensação olfativa.
Após memorizar algumas sensações o passo seguinte seria comparar uma sensação com a outra, dessa comparação entre duas ou mais memórias de sensações surgiriam os primeiros juízos. Nossa mente vai guardando e acumulando esses juízos de forma regular e esses juízos conservados seriam a base das relações de ideias.
Comparando as sensações através da memória e dos juízos dessas memórias a nossa estátua já teria a condição de desenvolver seus primeiros desejos e esses conduziriam, definiriam e animariam a memória e a fantasia, de onde nascem as paixões.
Os outros sentidos agiriam na estátua de forma semelhante, mas cada um com suas especificidades e quando essa estátua tiver todos os sentidos desenvolvidos e analisados podemos ter uma visão mais completa de como conhecemos.
Assim sendo não existe diferença entre sentir e refletir e as nossas sensações são o que definem a evolução do nosso funcionamento mental.
Em metafísica Condillac distingue duas espécies: uma audaciosa que quer compreender todos os mistérios como os da natureza, da essência dos seres e todos os princípios mais desconhecidos; e uma mais moderada e sóbria que busca entender as fragilidades e profundezas da alma humana.
Sobre a alma humana Condillac assegura que ela é separada e diferente do corpo e que o corpo é a causa da formação e mudanças ocorridas na alma.
A linguagem é, segundo Condillac, a nossa mais desenvolvida capacidade cognitiva. A linguagem é o elo entre as nossas mais diferentes sensações pois os signos e símbolos que representam as sensações, quando se ligam entre si formam a linguagem. A linguagem são os símbolos e signos organizados de forma mais ou menos lógica e é através da linguagem que concretizamos de vez o conhecimento.
Uma ciência perfeita exigiria uma linguagem perfeita, e quanto mais da perfeição se aproximar a linguagem das ciências, mais perfeita e verdadeira será essa ciência. Mas para que a linguagem da ciência seja perfeita temos que eliminar dela toda ambiguidade, em ciência não podem existir segundas interpretações e cada ciência tem que ter uma linguagem própria pois cada ciência tem os seus métodos e objetos de pesquisa próprios. A linguagem matemática é um bom exemplo de linguagem científica, que tem ainda que ser simples, formal, exata e tem que encontrar referencial na realidade.

Sentenças:
- Todos os nossos conhecimentos vem dos sentidos.
- Mesmo o menor passo é difícil em filosofia.
- A razão é o conhecimento de como dirigir as atividades da nossa alma.
- Aprovamos nosso comportamento com tanta certeza como que criticamos o dos outros.
- Muitas vezes o filósofo fala da verdade sem a conhecer.




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