Étienne Bonnot de Condillac (1715 - 1780)
Condillac
desenvolveu uma teoria do conhecimento baseada no empirismo onde as sensações
são o principal instrumento que nos permitem conhecer. Este filósofo formulou
os fundamentos da teoria do conhecimento na época do iluminismo.
Para ele,
entendermos o complexo sistema de conhecimento exige que estudemos nossos
sentidos de forma separada, somente dessa forma vamos conseguir perceber quais
sentidos originam quais ideias. É preciso ainda analisar a forma como
exercitamos cada um dos nossos sentidos e como cada um deles ajuda, assessora e
socorre os outros.
O resultado dessas
pesquisas nos mostraria que a nossa consciência e os pensamentos que a formam é
o resultado puro e elementar da alteração das nossas sensações mais básicas.
Para tornar sua
teoria mais visual, Condillac desenvolve o exercício imaginativo de
representação de uma estátua como se fosse um ser humano sem nenhum dos
sentidos, primeiro se dá a essa estátua o sentido do olfato, que é o mais fraco
dos nossos sentidos, ao sentir os primeiros cheiros eles despertariam total
atenção da estátua e os diversos cheiros sentidos por ela seriam classificados
entre bons ou ruins, entre os que causam prazer ou dor. Os odores seriam o
único parâmetro para a organização dos pensamentos dessa estátua, que passariam
a surgir tendo por único padrão o olfato.
Para auxiliar suas
operações mentais a estátua desenvolveria a memória que é a consequência da
maior ou menor atenção que essa estátua der à sua sensação olfativa.
Após memorizar algumas
sensações o passo seguinte seria comparar uma sensação com a outra, dessa
comparação entre duas ou mais memórias de sensações surgiriam os primeiros
juízos. Nossa mente vai guardando e acumulando esses juízos de forma regular e
esses juízos conservados seriam a base das relações de ideias.
Comparando as
sensações através da memória e dos juízos dessas memórias a nossa estátua já
teria a condição de desenvolver seus primeiros desejos e esses conduziriam,
definiriam e animariam a memória e a fantasia, de onde nascem as paixões.
Os outros sentidos
agiriam na estátua de forma semelhante, mas cada um com suas especificidades e
quando essa estátua tiver todos os sentidos desenvolvidos e analisados podemos
ter uma visão mais completa de como conhecemos.
Assim sendo não
existe diferença entre sentir e refletir e as nossas sensações são o que
definem a evolução do nosso funcionamento mental.
Em metafísica
Condillac distingue duas espécies: uma audaciosa que quer compreender todos os
mistérios como os da natureza, da essência dos seres e todos os princípios mais
desconhecidos; e uma mais moderada e sóbria que busca entender as fragilidades
e profundezas da alma humana.
Sobre a alma humana
Condillac assegura que ela é separada e diferente do corpo e que o corpo é a causa
da formação e mudanças ocorridas na alma.
A linguagem é,
segundo Condillac, a nossa mais desenvolvida capacidade cognitiva. A linguagem
é o elo entre as nossas mais diferentes sensações pois os signos e símbolos que
representam as sensações, quando se ligam entre si formam a linguagem. A
linguagem são os símbolos e signos organizados de forma mais ou menos lógica e
é através da linguagem que concretizamos de vez o conhecimento.
Uma ciência perfeita
exigiria uma linguagem perfeita, e quanto mais da perfeição se aproximar a
linguagem das ciências, mais perfeita e verdadeira será essa ciência. Mas para
que a linguagem da ciência seja perfeita temos que eliminar dela toda
ambiguidade, em ciência não podem existir segundas interpretações e cada
ciência tem que ter uma linguagem própria pois cada ciência tem os seus métodos
e objetos de pesquisa próprios. A linguagem matemática é um bom exemplo de
linguagem científica, que tem ainda que ser simples, formal, exata e tem que
encontrar referencial na realidade.
Sentenças:
- Todos os nossos
conhecimentos vem dos sentidos.
- Mesmo o menor
passo é difícil em filosofia.
- A razão é o
conhecimento de como dirigir as atividades da nossa alma.
- Aprovamos nosso
comportamento com tanta certeza como que criticamos o dos outros.
- Muitas vezes o
filósofo fala da verdade sem a conhecer.
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