Padre Luís António Verney
Luís António Verney nasceu em Lisboa, filho de pai francês de Lião que se
estabeleceu em Portugal e aqui casou com uma senhora cujo apelido denota a
mesma origem. Teve, por conseguinte, uma educação à maneira francesa, que se
repercutiu nos ramos culturais que seriam, mais tarde, os seus. Além dos
professores particulares que a sua família lhe proporcionou, estudou no Colégio
de Santo Antão e na Congregação do Oratório. Daí foi ele mandado para Évora,
onde se graduou em Artes no Colégio da Madre de Deus e de onde saiu,
finalmente, formado em Teologia pela respetiva universidade. Em 1736, viaja
para Itália de forma a continuar os seus estudos superiores. Querendo
engolfar-se nos escaninhos da cultura científica, que era desconhecida por esse
tempo em Portugal, dirigiu-se a Roma, onde se doutorou em Teologia e
Jurisprudência. O nosso mais conhecido e ativo estrangeirado colheu fora de
Portugal os pensamentos de renovação que iluminavam a Europa, enquanto o seu
país vivia as trevas obscurantistas da intolerância inquisitorial.
Regressando a Portugal, dedicou-se ao ensino e em 1741 é nomeado pelo
papa arcediago de Évora. Só em 1749 é que recebeu ordens presbiterais. Partiu
definitivamente para Roma devido a problemas de saúde e, principalmente, devido
a incompreensões por parte dos seus compatriotas. Aqui empreendeu uma
vastíssima obra que publicou anonimamente sob o título O Verdadeiro Método de
Estudar. Não conseguiu, porém, publicar todos os volumes que pretendia. A
pedido de D. João V, Verney iniciou a sua colaboração com o processo de reforma
pedagógica em Portugal, fornecendo o seu contributo inestimável para uma maior
aproximação com os ventos de progresso cultural que animavam os espíritos
europeus mais progressistas.
Entre 1747 e 1750, Verney esteve sujeito a duas contrariedades: a
polémica levantada contra a sua obra, que o obrigava a ripostar em folhetos
(Resposta às reflexões de Frei Arsénio da Piedade, Carta do Filólogo de
Espanha, Parecer do Doutor Apolónio Filomuso, Última Resposta), e a perda de
esperança em favores reais com que contava da parte de D. João V, que foram
reavivadas com a ascensão de D. José, que lhe financiaria as obras aparecidas
entre 1751 e 1753. Todavia, dessa data em diante, nunca mais recebeu subsídio
algum, não obstante os seus esforços consecutivos junto do embaixador e da
corte. Nada mais publicou até 1760, à exceção de reedições e da Gramática
Latina. Nesse ano abandonou Roma devido à rutura de relações entre a corte
portuguesa e a Santa Fé e instalou-se em Pisa. Daí enviou para o Journal des Savants
um resumo, em latim e em francês, do Verdadeiro Método de Estudar sob o
pseudónimo de António Teixeira Gamboa, que viria a ser publicado em 1762 com o
título de Synopsis Primi Tentaminis pro Litteratura Scientiisque instaurandis
apud Lusitanos.Verney envolveu-se em questões políticas, de que não retira
senão vexames, que culminaram com um despacho de demissão e de desterro para
San Miniato, em 1771. Nesse intervalo de tempo em que desempenhou o cargo de
secretário de embaixada publicou o De Re Physica.
Ignorado pelo Marquês, Verney viu-se obrigado a esperar pela morte de D.
José para uma revisão da sua situação. Conseguindo-a, regressou a Roma onde foi
nomeado sócio da Academia das Ciências e deputado honorário da Mesa de
Consciência e Ordens.
Morreu com 79 anos, em Roma, sendo hoje conhecido como uma das mais
extraordinárias figuras da nossa história da pedagogia.
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