SUAS ORDENS
Conquanto os anjos não constituam um organismo, evidentemente estão
organizados de algum modo. Isto decorre do fato de que, ao lado do nome geral “anjo”, a Bíblia
emprega certos nomes específicos para indicar diferentes classes de anjos. O nome “anjo”, com o
qual designamos de maneira geral os espíritos superiores, não é um nomem naturae na Escritura,
mas, sim, um nomem officii. A palavra hebraica mal’ak significa simplesmente mensageiro, e serve para designar alguém que é enviado para os homens, Jó 1.14; 1 Sm 11.3, enviados de Deus, Ag 1.13; Ml 2.7; 3.1. O termo grego Angelos também é freqüentemente aplicado a homens, Mt 11.10; Mc 1.2; Lc 7.24; 9.51; Gl 4.14. Não há na Escritura um nome geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais.
Eles são chamados filhos de Deus, Jó 1.6; 2.1; Sl 29.1; 89.6, espíritos, Hb 1.14; santos, Sl 89.5, 7; Zc 14.5; Dn 4.13, 17, 24. Contudo, há diversos nomes específicos que indicam diferentes classes de anjos.
ARCANJOS
O termo “arch” quer dizer “sumo”, “chefe”. Trata-se de uma categoria de anjos que exercem função superior aos demais, a expressão designa algum poder altíssimo. Em todo o Novo Testamento, ele aparece apenas em Judas 9 e 1ª Tessalonicenses 4.16.
Existe uma corrente de estudiosos da Bíblia que alegam haver apenas um arcanjo, que é Miguel. Mas, embora haja apenas uma citação bíblica, o contexto das Escrituras dá a entender que hajam outros.
No dia do arrebatamento o Senhor será acompanhado dos arcanjos: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus” - 1ª Tessalonicenses 4.16. Se houvesse apenas um arcanjo, a preposição viria articulada “do” arcanjo, porém a preposição é “de”, passando a ideia que haja mais de um. Pode-se observar isso no idioma original.
Os “principados” (Colossenses 1.16), para os escritos pós bíblicos são tipos de arcanjos. As explicações judaicas dadas sobre este tema indicam que tais anjos têm sob suas ordens, vasto número de seres angelicais. Naturalmente, todos estão sujeitos a Deus.
No livro de Daniel, Miguel é citado como “um dos primeiros” e mencionado por Gabriel (10.13, 21). Na carta de Judas, ele é citado para disputar o corpo de Moisés (versículo 9), em Apocalipse ele aparece acompanhado de outros anjos lutando contra Satanás (12.7).
O livro de Enoque, apócrifo, dá o nome de sete arcanjos, a saber: Uriel, Rafael, Raquel, Saracael, Miguel, Gabriel e Remiel. Segundo é dito ali, a cada um deles Deus entregou uma província sobre a qual reina. Os livros apócrifos não são considerados inspirados pelo Espírito Santo
QUERUBINS.
A escritura menciona repetidamente os querubins. Eles guardam a entrada do paraíso, Gn 3.24, observam o propiciatório, Êx 25.18, 20; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16; Hb 9.5, e constituem a carruagem de que Deus se serve para descer à terra, 2 Sm 22.11; Sl 18.10. Em Ez 1 e Ap 4 são representados como seres vivos em várias formas. Estas representações simbólicas servem simplesmente para demonstrar o seu extraordinário poder e majestade. Mais que outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e a glória de Deus, e a defender a santidade de Deus no jardim do Éden, no tabernáculo, no templo e na descida de Deus à terra.
SERAFINS.
Os serafins constituem uma classe de anjos proximamente relacionada com a anterior. São mencionados somente em Is 6.2,6. Também são representados simbolicamente em forma humana, mas com seis asas, duas cobrindo o rosto, duas os pés, e duas para a pronta execução das ordens do Senhor. Diferentemente dos querubins, permanecem como servidores em torno do trono do Rei celestial, cantam louvores a Ele e estão sempre prontos a fazer o que Ele manda. Enquanto que os querubins são os anjos poderosos, os serafins podem ser considerados os nobres entre os anjos. Ao passo que aqueles defendem a santidade de Deus, estes atendem ao propósito da reconciliação, e assim preparam os homens para aproximar-se apropriadamente de Deus.
Principados, potestades, tronos e domínios. Em acréscimo aos anteriores, a Bíblia fala de certas classes de anjos, que ocupam lugares de autoridade no mundo angélico, como archai e Exouxiai (principados e potestades), Ef 3.10; Cl 2.10, thronoi (tronos), Cl 1.16, kyreotetoi (domínios), Ef 1.21; Cl 1.16 (nesta passagem, traduzido por “soberanias”, Almeida. Autorizada), e dynameis (poderes), Ef 1.21; 1 Pe 3.22. Estes nomes não indicam diferentes espécies de anjos, mas diferenças de classe ou de dignidade entre eles.
Gabriel e Miguel. Diversamente de todos os outros anjos, estes dois são mencionados nominalmente. Gabriel * aparece em Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19,26. A grande maioria dos comentadores o considera como um anjo criado, mas alguns deles negam que o nome Gabriel seja um nome próprio, vendo-o como um substantivo comum, com o sentido de homem de Deus – um sinônimo de anjo. Mas esta posição é insustentável.
1 Alguns comentadores antigos e recentes vêem nele um ser incriado, alguns sugerindo até que ele poderia ser a terceira pessoa da Trindade Santa, sendo Miguel a segunda. Mas uma simples leitura das passagens em questão mostra a impossibilidade dessa interpretação. Gabriel pode ser um dos sete anjos dos quais se diz que se acham diante de Deus (Ap 8.2, Comp. Lc 1.19). Parece que sua função principal é servir de intermediário e intérprete de revelações divinas. O nome Miguel (literalmente, “quem como Deus?”) tem sido interpretado como um designativo da segunda pessoa da Trindade. Mas isto não é mais sustentável que a identificação de Gabriel com o Espírito Santo. Miguel é mencionado em Dn 10.13, 21; Jd 9; Ap.12.7. Por ser chamado “o arcanjo” em Jd 9, e pela expressão utilizada em Ap 12.7, parece que ele ocupa um importante lugar entre os anjos. As passagens de Daniel também indicam o fato de que ele é um príncipe entre eles. Vemos nele o valente guerreiro a librar as batalhas de Jeová contra os inimigos de Israel e contra os poderes malignos do mundo dos espíritos. Não é impossível que o título de “arcanjo” também se aplique a Gabriel e a uns poucos anjos mais.
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