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» CELEBRAÇÃO DOS 70 ANOS DO ESTADO DE ISRAEL
A partir do entardecer desta quarta-feira, Israel estará celebrando o 70º aniversário de sua fundação, que foi consolidada em 14 de maio de 1948. Nesta quinta-feira (19) o país celebra o Dia da Independência de acordo com o calendário hebraico, que marca o dia 5 do mês de Iyar.
No início da noite, israelenses se reuniram para celebrar o aniversário de seu país com discursos, shows, fogos de artifícios e bandeiras estendidas. A cerimônia de celebração contou com um musical da história judaica que retratou acontecimentos bíblicos.
HISTÓRIA
Em 29 de novembro de 1947, em uma assembleia presidida pelo diplomata gaúcho Osvaldo Aranha, a ONU instituiu o Plano de Partilha: 55% da região ficaria com os judeus, e 45% com os árabes. Em 14 de maio de 1948, os sionistas, liderados pelo legendário Davi Ben Gurion, fundaram o Estado de Israel, com capital em Tel Aviv, na fatia concedida pela ONU.
Para boa parte do mundo, incluindo a maioria dos judeus, a fundação de Israel foi um feito heroico, uma proeza épica, a culminância de um sonho milenar, que inflamou o coração de gerações e gerações de hebreus desde os tempos da Diáspora. Para os árabes palestinos, no entanto, foi uma catástrofe. Até hoje, eles relembram o ano de 1948 como El-Nakba - ou "a desgraça".
O sonho do regresso ganhou ares de necessidade política na segunda metade do século 19. O antissemitismo estava crescendo e perseguições multiplicavam-se pela Europa. Por volta de 1890, um grupo de intelectuais europeus de origem hebraica decidiu que seu povo só poderia sobreviver, se pudesse governar a si mesmo - ou seja, criando um país. O movimento ganhou o nome de sionismo (em homenagem a Sião, um dos antigos nomes de Jerusalém) e teve sua figura de proa no judeu austro-húngaro Theodor Herzl (1860-1904), que hoje é um herói quase mítico para os israelenses. Foi Herzl quem lançou a semente que mais tarde germinaria em Israel. No livro O Estado Judeu, de 1896, ele propôs a criação de um país soberano, governado e habitado por judeus, na antiga Terra Santa - que os judeus chamavam de Eretz Israel, ou Terra de Israel, e os árabes de Filistin ou Palestina.
Em 1897, na cidade suíça de Basileia, os expoentes do sionismo promoveram seu primeiro congresso e criaram a Organização Mundial Sionista, que passou a patrocinar e incentivar a emigração judaica para a Palestina. A ideia de reerguer a antiga Israel das cinzas do passado espalhou-se pelas comunidades judaicas ao redor do mundo com uma labareda idealista.
Muitos judeus religiosos acreditavam que a Terra Santa lhes pertencia por decreto divino - afinal de contas, segundo o Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia, que os cristãos chamam de Pentateuco), Deus passara a escritura de todo o território para Abraão. Outros tinham aspirações mais práticas do que teológicas: queriam ser livres e escapar da Europa o mais rápido possível. O sionismo também foi inflamado pela força crescente dos nacionalismos regionais e a ideia de que todos os povos tinham direito à autodeterminação, que se espalhou pela Europa a partir de 1850.
No final do século 19, havia cerca de 20 mil judeus na Palestina, cujos ancestrais haviam conseguido driblar a expulsão romana e conviver com os árabes ao longo de séculos. Após a ascensão do regime nazista em 1933, perseguindo judeus não só em casa, mas em todos os territórios conquistados, o número aumentaria vertiginosamente. Mais de meio milhão de judeus desembarcaram na região, vindos principalmente da Europa - muitos deles fugindo dos nazistas.
Recém-chegados à Palestina, os judeus fundaram comunidades de agricultores de feitio socialista (os kibutz) e passaram a lutar pela criação de seu Estado. A princípio negociaram e depois compraram briga com os britânicos, que na época faziam um jogo duplo, ora comprometendo-se com os interesses sionistas, ora fazendo promessas de independência total aos árabes.
A partir de 1945, militantes sionistas passaram a atacar as tropas de ocupação, realizando inclusive atentados terroristas. Outra frente de batalha foi contra os árabes da Palestina, que reagiram com violência à chegada dos imigrantes.A violência continuou a crescer, até que, em 1947, a Inglaterra resolveu tirar o pé desse barril de pólvora. O governo britânico anunciou que encerraria sua presença militar e deixaria que árabes e judeus resolvessem seu destino. Naquele mesmo ano, a Organização das Nações Unidas decidiu que a melhor maneira de decidir o impasse era dividir a antiga província otomana em dois pedaços.
Imediatamente após o Plano de Partilha ser instituído pela ONU em 1948, todos os países árabes vizinhos declararam guerra e invadiram a região. Judeus contra-atacaram e tomaram territórios reservados aos palestinos, sob a justificativa que, por não reconhecê-los, eram uma ameaça à sua existência.
Expulsos ou fugidos da guerra, esses se tornariam os refugiados palestinos - que foram recolhidos, mas não integrados pelos países vizinhos, confinados a campos por décadas e décadas. Quanto aos palestinos que ficaram em Israel, esses são os "árabes israelenses", com cidadania plena, mas numa situação humilhante - vez por outra têm que ouvir dos "falcões" que são uma ameaça ao Estado, com planos para movê-los para os territórios da Autoridade Palestina, por medo que se tornem maioria e "descaracterizem" a natureza judia do Estado. Eles preferem chamar a si próprios de "palestinos".
Ao contrário do que o mundo esperava, a Partilha não terminou com a disputa - apenas a agravou. Nas décadas seguintes, Israel iria se envolver em uma série de guerras contra seus vizinhos. Para os sionistas, a culpa foi dos árabes, que não aceitaram a divisão da Palestina e tentaram destruir o estado de Israel. "Ficou claro que era impossível uma solução política para o conflito por um fato simples: os árabes não aceitavam a existência de um estado judeu na Palestina, enquanto que os sionistas jamais se contentariam com menos do que isso", escreve Bard.
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