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sábado, 19 de maio de 2018

No deserto da crise precisamos saber que a tentação vem depois de uma grande benção

No deserto da crise precisamos saber que a tentação vem depois de uma grande benção
Os grandes homens têm também os pés de barro. Uma grande vitória hoje não é garantia de sucesso amanhã. Não há um tempo mais perigoso e vulnerável na vida de uma pessoa do que depois de uma grande vitória. A tendência é o relaxamento depois de uma grande luta. O triunfo em uma luta pode fazer-nos baixar a guarda e ensarilhar as armas.
A tentação tem diversos ângulos. Às vezes a pessoa é cuidadosa em uma área, mas não vigia em outra. Muitas pessoas são honestas no trato com o dinheiro, mas são vulneráveis na área do sexo. Outras são zelosas quando se trata de sexo, mas são relapsas quando se trata de lidar com dinheiro. Há aqueles cujo ponto vulnerável é a sede de poder. Há pessoas confiáveis nos negócios, mas pervertidas moralmente.
Ouvi certa vez a história de um homem que saiu com uma mulher para fazer um lan­che. Pediram o lanche ao atendente e foram a um parque onde pretendiam degustar o delicioso cardápio. Logo que desembrulha­ram o pacote, descobriram que era um maço de dinheiro. O dono da lanchonete equivo­cou-se. Entregou o dinheiro que deveria ir para o banco pensando ser o lanche. Ao per­ceber o engano, o homem imediatamente voltou à lanchonete para devolver o dinhei­ro. O dono do estabelecimento já estava afli­to, angustiado com o seu engano. Quando recebeu o dinheiro, exultou de alegria e dis­se: "Esse fato precisa ser registrado. Ainda exis­tem homens honestos. A nossa cidade precisa tomar conhecimento da sua honestidade. Chamarei um repórter. Tiraremos uma foto­grafia do casal e contaremos essa história de honestidade para todos". O homem, porém, recusou terminantemente a proposta, dizen­do que a mulher que o acompanhava não era a sua esposa, e que ninguém deveria sa­ber desse fato. O homem era confiável em uma área, mas vulnerável e falho na outra.
O mesmo Isaque, que já tinha uma lon­ga caminhada com Deus, que já ouvira Deus falar com ele e que estava pronto a obedecer a Deus, comete agora um sério deslize moral. Ele, que já passara por provas mais difíceis, agora naufraga em uma prova menor. De­pois de triunfar sobre a inexpugnável cidade de Jerico, Israel foi derrotado pela pequena cidade de Ai. Davi venceu um leão, matou um urso e derrubou um gigante, mas caiu na teia da impureza. Sansão foi capaz de matar mil filisteus com uma queixada de jumento, mas se deixou derrotar no colo de uma mu­lher filistéia. O grande intérprete do Cristia­nismo, o apóstolo Paulo, chegou mesmo a afirmar que, quando somos fortes, somos fra­cos. Quando, porém, reconhecemos nossas limitações e passamos a confiar em Deus e a vigiar com mais cuidado, somos fortes.
Isaque tem medo de apresentar sua mu­lher como esposa. Pensando em se proteger, ele a expõe. Para salvar sua pele, ele coloca a sua mulher em perigo. Isaque cometeu três delitos graves.
1. Mentira
Isaque afirma que Rebeca é sua irmã. Ele nega o mais estreito dos vínculos entre duas pessoas, o casamento. E assim coloca sua mulher em uma situação extremamente complicada.
Isaque desrespeitou sua esposa. Agiu in­sensatamente. Jogou a sua mulher na arena da cobiça. Ele a empurrou para o campo da sedução e a expôs na vitrine do desejo. Rebeca era bonita e poderia ser desejada. Em momento algum pensou nos sentimentos da esposa, no caráter dela, na aliança que um dia firmara para amá-la e protegê-la. Só pensou em si. Agiu egoisticamente.

2. Egoísmo
A maioria dos fracassos na área sexual é fruto do egoísmo. O egoísmo é responsável em grande parte pelos casamentos desfeitos. Egoísmo é pensar só em si, no seu próprio bem-estar, no seu conforto, no seu prazer, sem levar o outro em conta. Egoísmo é entrar numa relação apenas com uma perspectiva utilitarista. É fazer do outro um meio, um objeto, um instrumento para satisfazer seus caprichos. É usar e abusar do outro sem se importar com a sua dignidade. O amor não é centralizado no eu. Não busca os seus própri­os interesses.

3. Medo
O medo é o órfão do amor. O amor lança fora todo o medo. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba. O amor é guerreiro. É mais for­te do que a morte. As muitas águas não po­dem afogá-lo.
Isaque temeu porque não amou. O amor corre riscos. O amor não transige com o erro. O medo de Isaque foi desamor à esposa e descrença em Deus. Ele temeu ser morto por causa da esposa, porque deixou de confiai" no livramento de Deus. Ele quis tomar os cuidados da sua vida em suas pró­prias mãos.
A vida é cercada de perigos. Viver é lu­tar. Só os covardes se escondem. Só os me­drosos se cercam de mentiras para se prote­gerem. A couraça da mentira, porém, é falsa. A proteção do engano é falaz. Quem nos guar­da é o Senhor.
Muitas pessoas, como Isaque, conse­guem grandes vitórias na vida profissional e fracassam no casamento. Outros alcançam o apogeu da glória humana e perdem os fi­lhos. Isaque falhou como marido e fracas­sou como pai. Foi um grande homem, teve grandes virtudes, demonstrou ousadia em alguns momentos da vida e era profunda­mente paciente, mas não teve muito tato no trato com a esposa e com os filhos. Isaque perdeu o diálogo com Rebeca. Sua esposa já não compartilhava com ele as tensões do seu coração. Ela incentivou Jacó a enganar Isaque para receber sua bênção. Encorajou o filho a mentir e dispôs-se a assumir a cul­pa no lugar dele. O mau exemplo de Isaque foi assimilado pela esposa.


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