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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...

sexta-feira, 15 de março de 2019

Demócrito - Escola da Pluralidade - atomista


Muito pouco se sabe sobre a vida de Demócrito. Seu nascimento em Abdera é situado em cerca de 470 a.C, e sua morte, aproximadamente, em 370 a.C. Vivia ainda, portanto, quando Platão fundou a Academia (c. 387 a.C). Sabe-se, porém, que, além de contribuir para a formulação do atomismo físico, aplicou-se principalmente à solução dos dois problemas que animavam a filosofia de sua época: o do conhecimento e o da ética.

Contemporâneo de Sócrates, Demócrito também busca uma resposta para o relativismo dos sofistas, particularmente para o de seu conterrâneo Protágoras, que afirmava que "o homem é a medida de todas as coisas". A defesa de um conhecimento da physis e independente da "medida humana" é feita, por Demócrito, mediante a distinção entre dois tipos de conhecimento: o "bastardo", que seria o conhecimento sensível, a exprimir na verdade as disposições do sujeito antes que a realidade objetiva; e o conhecimento "legítimo", que seria a compreensão racional da organização interna das coisas, ou seja, a compreensão de que a physis do universo fragmentava-se na multidão de átomos corpóreos que se moviam no vazio infinito. Daí afirmar: "Por convenção (nomos) existe o doce; por convenção há o quente e o frio. Mas na verdade há somente átomos e vazio". Demócrito parece considerar, portanto, que o sujeito tem certa autonomia no ato de conhecer, na medida em que "traduz" qualitativamente (doce, amargo, frio, quente) o que no próprio objeto é determinada constituição atômica. Aquela autonomia, porém, seria restrita: a liberdade de convencionar estaria limitada pelo tipo de átomo que compõe o objeto. Quanto à ética, Demócrito, do mesmo modo que Sócrates, considerava a "ignorância do melhor" como a causa do erro. Guiado pelo prazer, o homem deveria saber distinguir o valor dos diferentes prazeres, buscando em sua conduta a harmonia capaz de lhe conceder a calma do corpo — que é a saúde — e a da alma — que seria a felicidade.

Muitos intérpretes do pensamento de Demócrito indagam como o determinismo mecanicista do atomismo pode pretender abrigar uma ética normativa, que prescreve como deve ser a conduta humana. Séculos mais tarde, ao adotar a física atomista como sustentação para sua ética, Epicuro introduzirá certo arbítrio (o clinamen, o desvio nas trajetórias atômicas) no interior do jogo das forças mecânicas. Em Demócrito isso, porém, não acontece: parece simplesmente justapor a uma física estritamente mecanicista uma ética que pressupõe valores norteadores da conduta humana. Em seu pensamento parecem coexistir, assim, duas ordens de preocupações, não necessariamente interligadas e coesas: a do cientista que procura uma explicação racional para os fenômenos físicos e a do moralista, de índole conservadora, que se empenha em traçar normas para a ação humana, tentando refrear a vaga de relativismo e de individualismo que envolvia a sociedade grega, ameaçando valores e instituições e a anunciar novos tempos e novas ideias.

Para Demócrito, as transformações que se pode observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de “pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível”. A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. “Isto porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente”. Exemplo: se um corpo – de uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.


Principais Ideias

Demócrito foi um estudioso nas áreas da matemática, física, astronomia, ética, filosofia, linguística, natureza, música.

Discípulo do filósofo grego, Leucipo de Mileto, uma das mais destacadas ideias de Demócrito envolve a sistematização do pensamento sobre "Teoria Atômica".

Segundo ele, o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece em constante movimento, é o elemento primordial, o princípio de todas as coisas.

Nesse ínterim, toda o universo esta composto de dois elementos básicos: o vácuo (o vazio ou o não-ser) e os átomos.

Além disso, propôs um sistema cosmológico e convencionalismo linguístico. Na área da matemática avançou nos estudos sobre geometria (figuras geométricas, volume e tangente) e os números irracionais.


Frases


·         Convém ao homem dar maior atenção à Alma do que ao corpo, pois a excelência da Alma corrige a fraqueza do corpo; a fraqueza do corpo, contudo, sem a razão, é incapaz de melhorar a Alma.

·         Falsos e hipócritas são aqueles que tudo fazem com palavras, mas na realidade nada fazem.”


·         Se você sofreu alguma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.”


·         Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui


·         A felicidade não reside nas posses e nem em ouro, ela mora na alma.”


·         Na realidade, não conhecemos nada, pois a verdade está no íntimo.”


·         A moderação aumenta o gozo e acresce o prazer.”


·         O caráter de um homem faz o seu destino.”

Atomismo

  De acordo com sua definição linguística, o termo atomismo trata-se de uma “Doutrina filosófica que se desenvolveu na Grécia no séc. V a.C. Os atomistas acreditavam que os elementos básicos da realidade eram átomos, partículas de matéria indivisíveis, indestrutíveis, que se moviam no espaço.”1
  O termo átomo, do qual deriva a filosofia do atomismo, significa, em grego, algo que não pode ser subdividido, ou seja, algo indivisível. Para os adeptos dessa tradição, toda natureza, observável ou não, é composta por átomos e pelo vazio, os dois princípios fundamentais de tudo o que existe. Contrariamente à teoria atômica, os átomos reúnem-se uns com os outros, formando arranjos diferentes, sob diversas combinações, dando origem a tudo o que existe ao nosso redor.
 No ocidente, por volta do século V e VI antes de Cristo, surge o atomismo, a partir dos estudos e das discussões filosóficas de Leucipo e Demócrito, os dois filósofos que iniciaram propriamente o estudo da matéria. Sabe-se que tais questões, assim como aquelas que abordam a continuidade / descontinuidade da matéria, sempre discutidas como fundamentação grega, foram muito influenciadas pela cultura indiana, e esta posteriormente pela cultura grega.
  Leucipo e Demócrito, cogitando a respeito da constituição da matéria, sugeriram que esta seria formada, em seus menores componentes, ou constituintes fundamentais, como viria a ser popularizado no meio científico, por pequenos corpos indivisíveis, em um movimento por uma região de vazio infinito. Tais partículas foram posteriormente denominadas de átomos (que significa, em grego, não-divisível).
 Empédocles, por sua vez, estabelece que a matéria é composta por quatro substâncias fundamentais, o fogo, o ar, a água e a terra, e a combinação dessas formaria tudo o que existe.
 Platão então propõe fundamentos de uma composição que funde a matéria à geometria, a partir de sua constatação de que apenas por um modelo aritmético não seria possível com precisão descrever o universo das coisas. Em sua teoria, o que viria a ser conhecida como a teoria platônica, uma composição geométrica substituiria a composição atômica dada por Leucipo de Demócrito, conforme pode ser observado na figura abaixo.


 Dessa forma, para cada elemento anteriormente proposto por Empédocles, fora associado um sólido geométrico, o tetraedro ao fogo, o octaedro ao ar, o icosaedro a água e o cubo à terra.
  Em um sentido mais específico, o atomismo apresenta quatro modos de realização, sendo estes:
“   1 – átomos e vazio: como princípio de permanência da realidade;
2 – o todo infinito (tò pân apeíron): também como princípio de permanência da realidade;
3 – os mundos (kósmoi): como mega corpos que vêm a ser e deixam de ser;
4 – os corpos sensíveis (sómata): sujeitos à geração e à corrupção e passíveis de apreensão pelos sentidos.”²
  Dessa forma, os atomistas estabelecem interações entre a constituição material com a forma de conduta social, chagando até fundamentos de personalidade humana.






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