Muito pouco se sabe sobre a vida de Demócrito. Seu nascimento em Abdera é situado em cerca de 470 a.C, e
sua morte, aproximadamente, em 370 a.C. Vivia ainda, portanto, quando Platão
fundou a Academia (c. 387 a.C). Sabe-se, porém, que, além de contribuir para a
formulação do atomismo físico, aplicou-se principalmente à solução dos dois
problemas que animavam a filosofia de sua época: o do conhecimento e o da
ética.
Contemporâneo de Sócrates, Demócrito também busca uma
resposta para o relativismo dos sofistas, particularmente para o de seu
conterrâneo Protágoras, que afirmava que "o
homem é a medida de todas as coisas". A defesa de um conhecimento da physis e independente da "medida humana" é feita, por
Demócrito, mediante a distinção entre dois tipos de conhecimento: o
"bastardo", que seria o conhecimento sensível, a exprimir na verdade
as disposições do sujeito antes que a realidade objetiva; e o conhecimento
"legítimo", que seria a compreensão racional da organização interna
das coisas, ou seja, a compreensão de que a physis do universo fragmentava-se na multidão de átomos corpóreos
que se moviam no vazio infinito. Daí afirmar: "Por convenção (nomos) existe o doce; por convenção há o quente e o frio. Mas na
verdade há somente átomos e vazio". Demócrito parece considerar, portanto,
que o sujeito tem certa autonomia no ato de conhecer, na medida em que
"traduz" qualitativamente (doce, amargo, frio, quente) o que no próprio
objeto é determinada constituição atômica. Aquela autonomia, porém, seria
restrita: a liberdade de convencionar estaria limitada pelo tipo de átomo que
compõe o objeto. Quanto à ética, Demócrito, do mesmo modo que Sócrates,
considerava a "ignorância do melhor" como a causa do erro. Guiado
pelo prazer, o homem deveria saber distinguir o valor dos diferentes prazeres,
buscando em sua conduta a harmonia capaz de lhe conceder a calma do corpo — que
é a saúde — e a da alma — que seria a felicidade.
Muitos
intérpretes do pensamento de Demócrito indagam como o determinismo mecanicista
do atomismo pode pretender abrigar uma ética normativa, que prescreve
como deve ser a conduta humana. Séculos mais tarde, ao adotar
a física atomista como sustentação para sua ética, Epicuro introduzirá
certo arbítrio (o clinamen, o desvio nas trajetórias atômicas)
no interior do jogo das forças mecânicas. Em Demócrito isso, porém, não
acontece: parece simplesmente justapor a uma física estritamente mecanicista
uma ética que pressupõe valores norteadores da conduta humana. Em seu
pensamento parecem coexistir, assim, duas ordens de preocupações, não
necessariamente interligadas e coesas: a do cientista que procura uma
explicação racional para os fenômenos físicos e a do moralista, de índole
conservadora, que se empenha em traçar normas para a ação humana, tentando
refrear a vaga de relativismo e de individualismo que envolvia a sociedade
grega, ameaçando valores e instituições e a anunciar novos tempos e novas
ideias.
Para Demócrito, as transformações que se pode observar na
natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava
que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de “pedrinhas minúsculas,
invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível”. A estas
unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa
que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. “Isto
porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser
divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se
totalmente”. Exemplo: se um corpo – de uma árvore ou animal, morre e se
decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a
outros corpos.
Principais Ideias
Demócrito foi um estudioso nas áreas da matemática, física,
astronomia, ética, filosofia, linguística, natureza, música.
Discípulo do filósofo grego, Leucipo de Mileto, uma das mais
destacadas ideias de Demócrito envolve a sistematização do pensamento sobre a "Teoria
Atômica".
Segundo ele, o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece
em constante movimento, é o elemento primordial, o princípio de todas as coisas.
Nesse ínterim, toda o universo esta composto de dois elementos
básicos: o vácuo (o vazio ou o não-ser) e os átomos.
Além disso, propôs um sistema cosmológico e convencionalismo
linguístico. Na área da matemática avançou nos estudos sobre geometria (figuras
geométricas, volume e tangente) e os números irracionais.
Frases
· “Convém ao homem dar
maior atenção à Alma do que ao corpo, pois a excelência da Alma corrige a
fraqueza do corpo; a fraqueza do corpo, contudo, sem a razão, é incapaz de
melhorar a Alma.”
· “Falsos e
hipócritas são aqueles que tudo fazem com palavras, mas na realidade nada fazem.”
· “Se você sofreu
alguma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.”
· “Sábio é quem não
se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui”
· “A felicidade não
reside nas posses e nem em ouro, ela mora na alma.”
· “Na realidade, não
conhecemos nada, pois a verdade está no íntimo.”
· “A moderação
aumenta o gozo e acresce o prazer.”
· “O caráter de um
homem faz o seu destino.”
Atomismo
Atomismo
De acordo com sua definição linguística,
o termo atomismo trata-se de uma “Doutrina filosófica que se
desenvolveu na Grécia no séc. V a.C. Os atomistas acreditavam que os elementos
básicos da realidade eram átomos, partículas de matéria indivisíveis,
indestrutíveis, que se moviam no espaço.”1
O termo átomo, do
qual deriva a filosofia do atomismo, significa, em grego, algo que não pode ser
subdividido, ou seja, algo indivisível. Para os adeptos dessa tradição, toda
natureza, observável ou não, é composta por átomos e pelo vazio, os dois
princípios fundamentais de tudo o que existe. Contrariamente à teoria atômica,
os átomos reúnem-se uns com os outros, formando arranjos diferentes, sob
diversas combinações, dando origem a tudo o que existe ao nosso redor.
No ocidente, por volta do século V e VI
antes de Cristo, surge o atomismo, a partir dos estudos e das discussões
filosóficas de Leucipo e Demócrito,
os dois filósofos que iniciaram propriamente o estudo da matéria.
Sabe-se que tais questões, assim como aquelas que abordam a continuidade /
descontinuidade da matéria, sempre discutidas como fundamentação grega, foram
muito influenciadas pela cultura indiana, e esta posteriormente pela cultura
grega.
Leucipo e Demócrito, cogitando a
respeito da constituição da matéria, sugeriram que esta seria formada, em seus
menores componentes, ou constituintes fundamentais, como viria a ser
popularizado no meio científico, por pequenos corpos indivisíveis, em um
movimento por uma região de vazio infinito. Tais partículas foram
posteriormente denominadas de átomos (que significa, em grego, não-divisível).
Empédocles, por sua vez, estabelece que
a matéria é composta por quatro substâncias fundamentais, o fogo, o ar, a água
e a terra, e a combinação dessas formaria tudo o que existe.
Platão então
propõe fundamentos de uma composição que funde a matéria à geometria, a partir
de sua constatação de que apenas por um modelo aritmético não seria possível
com precisão descrever o universo das coisas. Em sua teoria, o que viria a ser
conhecida como a teoria platônica, uma composição geométrica substituiria a
composição atômica dada por Leucipo de Demócrito, conforme pode ser observado
na figura abaixo.
Dessa forma, para cada elemento
anteriormente proposto por Empédocles, fora associado um sólido geométrico, o
tetraedro ao fogo, o octaedro ao ar, o icosaedro a água e o cubo à terra.
Em um sentido mais específico, o
atomismo apresenta quatro modos de realização, sendo estes:
“ 1 – átomos e vazio: como
princípio de permanência da realidade;
2 – o todo infinito (tò pân apeíron): também como princípio de permanência da realidade;
3 – os mundos (kósmoi): como mega corpos que vêm a ser e deixam de ser;
4 – os corpos sensíveis (sómata): sujeitos à geração e à corrupção e passíveis de apreensão pelos sentidos.”²
2 – o todo infinito (tò pân apeíron): também como princípio de permanência da realidade;
3 – os mundos (kósmoi): como mega corpos que vêm a ser e deixam de ser;
4 – os corpos sensíveis (sómata): sujeitos à geração e à corrupção e passíveis de apreensão pelos sentidos.”²
Dessa forma, os atomistas estabelecem
interações entre a constituição material com a forma de conduta social,
chagando até fundamentos de personalidade humana.
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