Parmênides
(510 – 445 a. C.) foi um
filósofo grego da Antiguidade, o primeiro pensador a discutir questões
relativas ao
“Ser”.
Foi um dos três mais importantes filósofos da escola eleática, junto com Xenófanes e Zenão.
Parmênides
ou Parmênides de Eleia nasceu na colônia grega de Eleia, no litoral sudoeste da
atual Itália, na Magna Grécia. Descendente de uma família rica e ilustre
recebeu boa educação sendo admirado por seus conterrâneos por levar uma vida
regrada e exemplar. Seu interesse pela filosofia o levou a se aproximar das
ideias do filósofo Pitágoras (582-497) e da escola itálica. Esteve em Atenas,
porém não se aprofundou nas questões difundidas por ele.
Parmênides
fez parte dos primeiros sábios gregos a estudar a natureza cosmológica,
procurando um elemento constitutivo de todas as coisas sem recorrer aos mitos,
portanto, é a passagem do mito para a razão. Na Grécia, o filósofo era também o
homem do saber científico. Os escritos desses filósofos desapareceram com o
tempo, e só restaram alguns fragmentos ou referências feitas por outros
filósofos posteriores. Os primeiros filósofos gregos foram, mais tarde,
classificados como pré-socráticos, pois a divisão da filosofia grega se
centraliza na figura de Sócrates.
Parmênides
é considerado o fundador da escola eleática, criada em sua cidade natal. Nela
se destacam também os filósofos Xenófanes e Zenão. Baseado nas teorias de
Xenófanes partiu para desenvolver seus próprios pensamentos. O ser de sua
teoria é equivalente à concepção de “deus” de Xenófanes. Seus estudos foram
baseados na ontologia (do ser concebido como tendo uma natureza comum que é
inerente a todos e a cada um dos seres), na razão e na lógica. Seu pensamento
influenciou a filosofia de seus discípulos, entre eles, Melisso de Samos e
Platão, como também a filosofia moderna e contemporânea.
O Pensamento de Parmênides
Ao
contrário da maioria dos primeiros filósofos gregos que escreviam em prosa,
Parmênides escreveu grande parte de seu pensamento na obra poética denominada
“Da Natureza”, em versos hexâmetros semelhantes aos de Homero. A maioria dos
primeiros filósofos considerava um elemento concreto como princípio de todas as
coisas, porém Parmênides organizou uma doutrina seguindo um pensamento
abstrato. Em sua doutrina, surge o monismo e o imobilismo, onde propôs que tudo
que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível, portanto imóvel.
Parmênides
acreditava que o pensamento humano poderia atingir o conhecimento genuíno e a
compreensão. Esta percepção do domínio do “ser” corresponde às coisas que são
percebidas pela mente. Porém, o que é percebido pelas sensações é enganoso e
falso, pertencendo ao domínio do “não ser”. Seu pensamento influenciou a
“teoria das formas” de Platão (427-347).
Em seu
poema “Da Natureza”, que está dividido em duas partes, na primeira, Parmênides
trata do que seria o pensamento verdadeiro - “a via da verdade”, e na segunda
parte trata do pensamento errôneo - a “via da opinião”, através da qual os
mortais, por confiarem em seus sentidos, (audição, tato, olfato, visão e
paladar), não chegam à verdade nem à certeza, prevalecendo opiniões e convenções
de linguagem. Para ele, os sentidos enganam, levam ao erro e ilusões. Somente
se chega à “via da verdade” confiando apenas no que é razoável, ou
seja, a razão.
Parmênides
faleceu provavelmente em Eleia, na Magna Grécia, no ano 460 a. C.
Não podemos dizer ao certo
quando nasceu e morreu Parmênides, apenas localizá-lo entre o final do século
IV e começo do século V a.C. Sabemos, no entanto, que ele foi o criador
da Escola Eleática. O pensamento da escola eleática, dos quais
também são representantes Melisso e Zenão, é marcado por não
procurar uma explicação da realidade baseada na natureza.
As preocupações dos
filósofos eleatas eram mais abstratas e podemos ver nelas o primeiro sopro de
uma lógica e de uma metafísica. Defendiam a existência de uma realidade única,
por isso ficaram conhecidos também como monistas,em oposição
ao mobilismo. A realidade para eles é única, imóvel, eterna,
imutável, sem princípio ou fim, contínua e indivisível.
Parmênides escreveu em
forma de poema suas principais ideias filosóficas. Sobreviveram ao tempo 160
versos, que são considerados o maior texto dos pré-socráticos.
Dividido em três partes –
Proêmio, Primeira Parte e Segunda Parte –, o poema Sobre a Natureza apresenta
que há dois caminhos de compreensão da realidade. O primeiro, o da verdade, da
razão e da essência, é o mais importante e aquele que ressoa na obra de
filósofos posteriores. Se a pessoa é conduzida apenas pela razão, entenderá que
“o que é, é – e não pode deixar de ser”.
O Ser para Parmênides:
Parmênides defendeu quatro argumentos que são um
ponto de partida para as suas afirmações a respeito dos atributos do Ser. Os
argumentos são:
1) O ser é e não
pode não ser;
2) O nada (não ser)
não é e não pode ser;
3) Pensar e ser são o
mesmo;
4) O não ser não
pode ser pensado nem enunciado;
Vejamos como esses quatro argumentos levam aos
atributos do Ser:
1) O ser é idêntico
a si mesmo: se o Ser fosse diferente de si mesmo, ele não seria o que
“é”. Em outras palavras: se não fosse idêntico a si mesmo, o Ser não seria ele
mesmo, o que é impossível, pois, o ser “não pode não ser”.
2) O ser é
um: Não podemos conceber que exista outro Ser, pois, se houvesse um
“segundo ser”, ele seria diferente do “primeiro ser” — o que é impossível,
pois, assim, “o primeiro ser” teria que não ser o “segundo ser” e teria que ser
compreendido como não sendo. Além disso, é absurdo pensar que o Ser não é. Por
isso, só pode existir um Ser.
3) O Ser não pode
ser gerado: Nada pode ser gerado do nada (“o nada não é e não pode
ser”), então ele não pode dar origem ao Ser. Se fosse gerado de outro Ser, como
vimos no ponto 2, isso seria admitir que existem dois seres e um deles seria o
“não ser” de outro, e isso é impossível.
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4) O ser é imperecível: Parmênides
diz que, se não é gerado, o Ser também é imperecível, pois, do contrário,
tornar-se-ia o não ser. Se o Ser não é gerado, existiu desde todo sempre, então
ele já teria experimentado todas as condições que poderiam fazê-lo deixar de
ser. Se isso não aconteceu, é porque o Ser é “sem começo e sem fim”, ou seja,
em relação ao tempo, o ser é eterno.
5) O ser é
indivisível: Se o Ser pudesse ser dividido, da divisão resultariam
seres múltiplos – o que é impossível, como vimos no ponto 2. Do mesmo modo,
cada um desses múltiplos seres seria o não ser do outro, o que também é
impossível. Também presumiríamos, a partir da divisão, a existência de um Ser
que dividiria o outro ser. Logo, como disse Parmênides no fragmento B8:
[O Ser] Nem é divisível, visto
ser todo homogêneo (...), mas é todo cheio do que é.*
6) O ser é
imutável. A mudança faria com o que o Ser deixasse de ser aquilo que é
e se tornasse algo que ainda não é. Desse modo, admitir a possibilidade de
mudança seria admitir o contrário daquilo que já estudamos: o que não é ser
nada é, ou seja, passaríamos a concordar com a existência do não ser. Se até
mesmo a passagem de tempo não é admitida no pensamento parmenidiano, pois o Ser
seria eterno, não é difícil entender que as outras mudanças devem ser
excluídas, pois só é possível pensar em mudança em relação à temporalidade. Só
percebemos a mudança de um objeto A porque no passado ele era A e, no momento
presente, ele é B. É por isso que Parmênides diz que o Ser "jamais foi nem
será, pois é, no instante presente”.
7) O ser é imóvel:
Da mesma forma que a temporalidade está associada à mudança, está associada ao
espaço: para mover de um lugar ao outro é preciso, também, deslocar-se no
tempo. Para entender melhor, não conseguimos estar na escola e no shopping ao
mesmo tempo. No entanto, para sair da escola e chegar ao shopping, é preciso
que exista uma passagem de tempo. Como, para Parmênides, o Ser está fora da
categoria de “tempo”, pois é eterno, também não podemos colocá-lo na categoria
de “espaço”. Por isso, Parmênides diz que o ser “descansa em si próprio, sempre
(…) no mesmo lugar”.
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