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quarta-feira, 13 de março de 2019

Parmênides - Escola eleata - filosofia da physis


Parmênides (510 – 445 a. C.) foi um filósofo grego da Antiguidade, o primeiro pensador a discutir questões relativas ao
“Ser”.



Foi um dos três mais importantes filósofos da escola eleática, junto com Xenófanes e Zenão.
Parmênides ou Parmênides de Eleia nasceu na colônia grega de Eleia, no litoral sudoeste da atual Itália, na Magna Grécia. Descendente de uma família rica e ilustre recebeu boa educação sendo admirado por seus conterrâneos por levar uma vida regrada e exemplar. Seu interesse pela filosofia o levou a se aproximar das ideias do filósofo Pitágoras (582-497) e da escola itálica. Esteve em Atenas, porém não se aprofundou nas questões difundidas por ele.
Parmênides fez parte dos primeiros sábios gregos a estudar a natureza cosmológica, procurando um elemento constitutivo de todas as coisas sem recorrer aos mitos, portanto, é a passagem do mito para a razão. Na Grécia, o filósofo era também o homem do saber científico. Os escritos desses filósofos desapareceram com o tempo, e só restaram alguns fragmentos ou referências feitas por outros filósofos posteriores. Os primeiros filósofos gregos foram, mais tarde, classificados como pré-socráticos, pois a divisão da filosofia grega se centraliza na figura de Sócrates.
Parmênides é considerado o fundador da escola eleática, criada em sua cidade natal. Nela se destacam também os filósofos Xenófanes e Zenão. Baseado nas teorias de Xenófanes partiu para desenvolver seus próprios pensamentos. O ser de sua teoria é equivalente à concepção de “deus” de Xenófanes. Seus estudos foram baseados na ontologia (do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres), na razão e na lógica. Seu pensamento influenciou a filosofia de seus discípulos, entre eles, Melisso de Samos e Platão, como também a filosofia moderna e contemporânea.

O Pensamento de Parmênides

Ao contrário da maioria dos primeiros filósofos gregos que escreviam em prosa, Parmênides escreveu grande parte de seu pensamento na obra poética denominada “Da Natureza”, em versos hexâmetros semelhantes aos de Homero. A maioria dos primeiros filósofos considerava um elemento concreto como princípio de todas as coisas, porém Parmênides organizou uma doutrina seguindo um pensamento abstrato. Em sua doutrina, surge o monismo e o imobilismo, onde propôs que tudo que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível, portanto imóvel.
Parmênides acreditava que o pensamento humano poderia atingir o conhecimento genuíno e a compreensão. Esta percepção do domínio do “ser” corresponde às coisas que são percebidas pela mente. Porém, o que é percebido pelas sensações é enganoso e falso, pertencendo ao domínio do “não ser”. Seu pensamento influenciou a “teoria das formas” de Platão (427-347).
Em seu poema “Da Natureza”, que está dividido em duas partes, na primeira, Parmênides trata do que seria o pensamento verdadeiro - “a via da verdade”, e na segunda parte trata do pensamento errôneo - a “via da opinião”, através da qual os mortais, por confiarem em seus sentidos, (audição, tato, olfato, visão e paladar), não chegam à verdade nem à certeza, prevalecendo opiniões e convenções de linguagem. Para ele, os sentidos enganam, levam ao erro e ilusões. Somente se chega à “via da verdade” confiando apenas no que é razoável, ou seja, a razão.
Parmênides faleceu provavelmente em Eleia, na Magna Grécia, no ano 460 a. C.
Não podemos dizer ao certo quando nasceu e morreu Parmênides, apenas localizá-lo entre o final do século IV e começo do século V a.C. Sabemos, no entanto, que ele foi o criador da Escola Eleática. O pensamento da escola eleática, dos quais também são representantes Melisso e Zenão, é marcado por não procurar uma explicação da realidade baseada na natureza.
As preocupações dos filósofos eleatas eram mais abstratas e podemos ver nelas o primeiro sopro de uma lógica e de uma metafísica. Defendiam a existência de uma realidade única, por isso ficaram conhecidos também como monistas,em oposição ao mobilismo. A realidade para eles é única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim, contínua e indivisível.
Parmênides escreveu em forma de poema suas principais ideias filosóficas. Sobreviveram ao tempo 160 versos, que são considerados o maior texto dos pré-socráticos.
Dividido em três partes – Proêmio, Primeira Parte e Segunda Parte –, o poema Sobre a Natureza apresenta que há dois caminhos de compreensão da realidade. O primeiro, o da verdade, da razão e da essência, é o mais importante e aquele que ressoa na obra de filósofos posteriores. Se a pessoa é conduzida apenas pela razão, entenderá que “o que é, é – e não pode deixar de ser”.
O Ser para Parmênides:
Parmênides defendeu quatro argumentos que são um ponto de partida para as suas afirmações a respeito dos atributos do Ser. Os argumentos são:
1) O ser é não pode não ser;
2) O nada (não ser) não é não pode ser;
3) Pensar e ser são o mesmo;
4) O não ser não pode ser pensado nem enunciado;
Vejamos como esses quatro argumentos levam aos atributos do Ser:
1) O ser é idêntico a si mesmo: se o Ser fosse diferente de si mesmo, ele não seria o que “é”. Em outras palavras: se não fosse idêntico a si mesmo, o Ser não seria ele mesmo, o que é impossível, pois, o ser “não pode não ser”.

2) O ser é um: Não podemos conceber que exista outro Ser, pois, se houvesse um “segundo ser”, ele seria diferente do “primeiro ser” — o que é impossível, pois, assim, “o primeiro ser” teria que não ser o “segundo ser” e teria que ser compreendido como não sendo. Além disso, é absurdo pensar que o Ser não é. Por isso, só pode existir um Ser.

3) O Ser não pode ser gerado: Nada pode ser gerado do nada (“o nada não é e não pode ser”), então ele não pode dar origem ao Ser. Se fosse gerado de outro Ser, como vimos no ponto 2, isso seria admitir que existem dois seres e um deles seria o “não ser” de outro, e isso é impossível.
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4) O ser é imperecível: Parmênides diz que, se não é gerado, o Ser também é imperecível, pois, do contrário, tornar-se-ia o não ser. Se o Ser não é gerado, existiu desde todo sempre, então ele já teria experimentado todas as condições que poderiam fazê-lo deixar de ser. Se isso não aconteceu, é porque o Ser é “sem começo e sem fim”, ou seja, em relação ao tempo, o ser é eterno.

5) O ser é indivisível: Se o Ser pudesse ser dividido, da divisão resultariam seres múltiplos – o que é impossível, como vimos no ponto 2. Do mesmo modo, cada um desses múltiplos seres seria o não ser do outro, o que também é impossível. Também presumiríamos, a partir da divisão, a existência de um Ser que dividiria o outro ser. Logo, como disse Parmênides no fragmento B8:
[O Ser] Nem é divisível, visto ser todo homogêneo (...), mas é todo cheio do que é.*

6) O ser é imutável. A mudança faria com o que o Ser deixasse de ser aquilo que é e se tornasse algo que ainda não é. Desse modo, admitir a possibilidade de mudança seria admitir o contrário daquilo que já estudamos: o que não é ser nada é, ou seja, passaríamos a concordar com a existência do não ser. Se até mesmo a passagem de tempo não é admitida no pensamento parmenidiano, pois o Ser seria eterno, não é difícil entender que as outras mudanças devem ser excluídas, pois só é possível pensar em mudança em relação à temporalidade. Só percebemos a mudança de um objeto A porque no passado ele era A e, no momento presente, ele é B. É por isso que Parmênides diz que o Ser "jamais foi nem será, pois é, no instante presente”.

7) O ser é imóvel: Da mesma forma que a temporalidade está associada à mudança, está associada ao espaço: para mover de um lugar ao outro é preciso, também, deslocar-se no tempo. Para entender melhor, não conseguimos estar na escola e no shopping ao mesmo tempo. No entanto, para sair da escola e chegar ao shopping, é preciso que exista uma passagem de tempo. Como, para Parmênides, o Ser está fora da categoria de “tempo”, pois é eterno, também não podemos colocá-lo na categoria de “espaço”. Por isso, Parmênides diz que o ser “descansa em si próprio, sempre (…) no mesmo lugar”.

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