Xenófanes de Cólofon( 570
a.C. — 475 a.C.) foi um filósofo grego, nascido
na cidade de Cólofon, na Jónia (atual costa ocidental
da Turquia). Cedo deixou sua cidade para levar vida errante na qualidade
de rapsodo. Acredita-se que tenha passado algum tempo
na Sicília e também em Eleia. Segundo a tradição, Xenófanes
teria sido mestre de Parmênides de Eleia. Escreveu unicamente em versos em
oposição aos filósofos jônios como Tales de Mileto, Anaximandro de
Mileto e Anaxímenes de Mileto.
É a primeira pessoa conhecida a utilizar a observação
de fósseis como evidência para a teoria da história da Terra. Ele
verificou a existência de fósseis de peixes e conchas em
localidades distantes da costa marinha, chegando a conclusão que tais locais em
outras épocas estavam embaixo da água e foram fundo de mares
Da sua obra restaram uma centena de versos.
A sua concepção filosófica destaca-se pelo combate
ao antropomorfismo, afirmando que se os animais tivessem o dom da pintura,
representariam os seus deuses em forma de animais, ou seja, à sua própria
imagem.
As suas críticas à religião não tinham como objectivo um ataque
pleno à dita mas, "dar ao divino uma pura e elevada ideia: o verdadeiro
deus é único, com poder absoluto, clarividência perfeita, justiça infalível,
que em pouco se assemelha aos deuses homéricos sempre a deambular pelo mundo
sob o império das paixões", ou seja: só existe um deus único, em nada
semelhante aos homens, que é eterno, não-gerado, imóvel e puro.
Dados biográficos
Filósofo, poeta, sábio e pensador religioso. Fundador da escola
de Eleia. Adversário do antropomorfismo dos poetas, dedicou-se a demonstrar a
unidade e a perfeição de Deus. Sua doutrina é um panteísmo idealista
que vê uma unidade em toda a matéria.
Xenófanes foi provavelmente exilado da Grécia pelos persas que
conquistaram Colofão por volta de 546 a.C.. Depois de viver algum tempo na
Sicília e de levar uma vida errante através do Mediterrâneo, ele se estabeleceu
em Eleia, no sul da Itália.
Como poeta nômade, tornou-se através de suas viagens um homem
muito instruído, que sabia interrogar e narrar. A aceitar a veracidade de seus
versos, Xenófanes viveu noventa e dois anos, como ele mesmo transcreve nesse
trecho:
“Já sessenta e sete anos se passaram; Fazendo vagar meu
pensamento pela terra da Hélade; De meu nascimento até então vinte e cinco a
mais; Se é que eu sei falar com verdade sobre isso.”
Xenófanes
e a mitologia grega
Expressando-se quase sempre através de poemas, os quais recitava
ao longo de suas andanças, Xenófanes mostrava seu desprezo pelos
deuses-antropomorfos que eram adorados em sua época e pela aceitação popular
da mitologia de Homero e de Hesíodo.
“Tudo aos deuses atribuíram Homero e Hesíodo,
Tudo quanto entre os homens merece repulsa e censura,
Roubo, adultério e fraude mútua."
Xenófanes atacava a imoralidade dos deuses e deusas da mitologia
grega, ridicularizava a crença na transmigração da alma e condenava a luxúria.
Defendia a sabedoria e os prazeres sociais sem excesso.
“É de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres
Como a memória que tem e o desejo de virtude.
Sem nada falar de Titãs, nem de Gigantes,
Nem de Centauros, ficções criadas pelos antigos.
Ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil.
Ter sempre veneração pelos deuses, isto é bom.”
A Teologia
de Xenófanes
Xenófanes é considerado pela maioria como sendo mais um
reformador religioso do que um filósofo. Diferentemente de Anaximandro, que
criou o conceito do apeiron (ilimitado, indefinido), mas
buscava na natureza intrínseca da matéria a causa para todas as transformações,
Xenófanes dizia que o ser absoluto, essência de todas as coisas, era o Um.
E de acordo com Teofrasto, uma das fórmulas contidas nos ensinamentos de
Xenófanes era: “Tudo é o Um e o Um é Deus”.
Aristóteles em seu livro Metafísica, nos
relata: “Pois Parmênides parece referir-se ao Um segundo
o conceito, e Melisso ao Um segundo a matéria. Por
isso aquele diz que o Um é limitado, e este, que é ilimitado. Xenófanes, o
primeiro a postular a unidade, nada esclareceu, nem parece que vislumbrou
nenhuma dessas duas naturezas, mas, dirigindo o olhar a todo o céu, diz que o
Um é o Deus.”
Consequentemente, o conceito Deus é então criado por
Xenófanes como sendo um ser mais alto, com uma identidade abstrata, e não
possui nenhum atributo conhecido pelos homens, e tão pouco é semelhante a estes
- nem quanto à figura, nem quanto ao espírito.
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