Nicolau de Cusa (1401-1464)
Nicolau de
Cusa ou Nicolau Krebs ou Chrypffs (Cusa, Tréveris,
Alemanha 1401 - Todi,
Úmbria, Itália 11 de agosto de 1464) foi umcardeal da Igreja Católica Romana e
filósofo do Renascimento. Também autor de inúmeras obras sendo a principal
delas Da Douta Ignorância publicada em 1440.
Biografia
Filho de
um barqueiro João Cryfts e de Catarina Roemer. Teólogo e filosofo humanista, é
considerado o pai da filosofia alemã e, como personagem chave na transição do
pensamento medieval ao do Renascimento, um dos
primeiro filósofos da Idade Moderna
Entre seus
pensamentos está a divisão do saber humano em dois graus, o intelectual e o
racional. O primeiro nos conferiria a noção mística de Deus, e o segundo tinha
origem na sensibilidade. Este dualismo é muito peculiar ao pensamento místico.
Em 1425
matricula-se em Teologia em Colônia, ali recebe as doutrinas de Santo Alberto
Magno, do platonismo e de Ramón Llull. A partir de 1426 o legado papal (Orsini)
pede-lhe que seja seu secretário, isto lhe permite ascender ao mundo dos
Humanistas, o introduz no mundo da política eclesiástica e do estudo. Dedica-se
ao estudo dos códices e descobre até 800 textos de Cícero, 16 comédias de
Plauto, etc.
É ordenado
presbítero em 1430, e entre 1432 e 1436 defendeu de maneira ativa o
conciliarismo, mas a partir do Concílio de Basiléia se desconcerta e se
reconcilia com as teses do Papa, convertendo-se no personagem mais relevante.
Doutor em
Direito canônico, participou no Concílio de Basiléia em 1431. Identificado como
anti-aristotélico ou antiescolástico, introduziu a noção de coincidentia
oppositorum(coincidência de opostos), que é Deus, para superar todas as
contradições da realidade. Foi um dos primeiros filósofos a questionar o modelo
geocêntrico do mundo. Conseguiu um breve período de conciliação entre as
igrejas Católica e Ortodoxa, se empenhou em aproximar a Igreja dos hussistas,
predicou a cruzada contra os turcos e mediou na pacificação das relações entre
França e Inglaterra.
Em 1450
foi nomeado Cardeal e Bispo de Bressanone. O duque Segismundo não aceitou sua
nomeação.
Para
alcançarmos a verdade de alguma coisa o caminho mais utilizado é relacionarmos
algo que temos por verdadeiro com algo que temos incerto de ser verdadeiro.
Esse método funciona para as coisas finitas que podem ser de fácil ou difícil
entendimento. Mesmo se alguma coisa finita é de difícil compreensão, é possível
conhecê-la, ainda que não no presente, mas no futuro. O mesmo não acontece com
algo que for infinito, pois do infinito não temos com fazermos relações, não
temos como conhecer a sua dimensão. Não pode haver simetria entre o finito e o
infinito. A mente humana é finita e ignora o conhecimento do infinito.
Reconhecer essa incapacidade é a Douta Ignorância, uma das principais teorias
filosóficas de Nicolau de Cusa.
Mesmo
que a mente finita não possa conhecer o infinito, ela deseja ardentemente
alcançar a compreensão do sem fim, do eterno. Nicolau compara o finito com um
polígono e o infinito com um círculo perfeito, por mais lados que tenha o
polígono ele será sempre um polígono e nunca um círculo. Nós podemos nos
aproximar das verdades infinitas e eternas, mas nunca vamos alcançá-las.
Saber
que não podemos conhecer Deus é por onde começamos a conhecê-lo. A douta
ignorância não fundamenta somente o conhecimento de Deus eterno e do infinito,
fundamenta também todo o restante que o homem pode conhecer. Reconhecer os
limites do nosso conhecimento é o ponto de partida para o nosso conhecimento da
verdade.
A
mente humana é semelhante à mente divina. A mente humana através do se
reconhecer limitada pode descobrir a verdadeira face de Deus. Se olharmos Deus
com amor veremos que ele nos olha amorosamente, se olharmos Deus com ira
veremos que ele também nos olha irado, se olharmos alegremente para Deus ele
também nos mostrará seu rosto alegre. A nossa mente é uma lente que dá cor para
as coisas que observamos.
Códice Cusano
220
Nicolau de
Cusa fundou um asilo para idosos em Kues, hoje conhecida como Bernkastel-Kues,
cidade localizada a cerca de 130 quilómetros ao sul de Bona, capital da
Alemanha. Este edifício abriga hoje a biblioteca de Cusa, com mais de 310
manuscritos.
Entre os
manuscritos ali preservados encontra-se o Códice Cusano 220 que inclui um
sermão proferido por Nicolau de Cusa em 1430, intitulado In principio
erat verbum (No princípio era o Verbo). Nesse sermão em defesa da
Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina Iehoua para se referir ao
nome de Deus, hoje conhecido pelas grafias Jeová ou Javé, em português. Na
folha 56, em referência ao nome divino, há a seguinte declaração:
"Ele
[o nome] é dado por Deus. É o Tetagrama, isto é, nome composto por quatro
letras. [...] Esse é, sem dúvida, o santíssimo e grande nome de Deus."
Este
códice, do início do Século XV, é um dos mais antigos documentos existentes
onde o Tetragrama é traduzido pela forma latinizada Iehoua, indicando que
formas do nome do Deus mencionado na Bíblia, similares a Jehovah ou Jeová, têm
sido por séculos a transcrição literária mais comum do nome divino.[1]
Obras mais
importantes
§ In
principio erat verbum, incluído no Códice Cusano 220 (1430)
§ De
concordantia catholica (1434)
§ De
docta ignorantia (1440)
§ De
coniecturis (1441)
§ Idiota
de mente, Idiota de sapientia, Idiota de staticis experimentis (1450)
§ De
visione Dei (1453)
§ De
Possest (1460)
§ Compendium
sive compendiossisima directio (1463)
§ De
apice theoriae (1464)
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