O Idealismo é uma das mais importantes correntes filosóficas da
modernidade. Muitos estudiosos afirmam que as origens dessa escola de
pensamento estão na Grécia Antiga, sobretudo na filosofia de Platão (428/427
a.C. – 348/347 a.C.). Esse pensador afirmava que o mundo tal qual vemos é
apenas uma extensão imperfeita do mundo das ideias, cujo estudo é matéria da
metafísica.
Embora presente na Antiguidade
Clássica, o idealismo recebeu influência direta do pensamento do período
moderno. Para que possa existir, o idealismo exige necessariamente um ponto de
vista central ancorado no subjetivismo, o que não acontecia na filosofia escolástica
medieval. Foi através da revolução filosófica iniciada por René Descartes (1596
– 1650) que a mudança de perspectiva se deu. É notável que a grande maioria de
pensadores dessa escola é alemã. Entre os nomes mais importantes estão Immanuel
Kant (1724 – 1804) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831).
Definição
de Idealismo
O idealismo parte da ideia de que
o mundo não é cognoscível, ou seja, não pode ser compreendido. Isso porque os
sentidos humanos deformam o objeto de análise impedindo que ele seja conhecido
em si mesmo. O único caminho para descobrir o mundo é através de ideias e
conceitos, como diz a teoria das ideias de Platão. O filósofo grego acreditava
que a parte da realidade que vemos (a matéria) é tangível, mas imperfeita,
enquanto o mundo ideal é intangível e perfeito.
Apesar dessa definição que
remonta a Grécia Antiga, é difícil definir o conceito devido às muitas
divergências entre os pensadores idealistas. Mas, ao vermos a partir de um
aspecto geral, podemos definir o idealismo como o centralismo do Eu subjetivo.
Podemos entender essa forma de pensar em três sentidos:
Sentido Ontológico: A realidade,
em sua natureza, é essencialmente espiritual, sendo a matéria apenas uma ilusão
inacabada da matriz perfeita, que se constitui de formas ideais inteligíveis. A
filosofia de Platão está inserida no ideal ontológico.
Sentido Gnosiológico: O objeto é
inteligível pelo ser humano devido às muitas diferenças entre cada indivíduo, o
que faz com que cada um compreenda a realidade de uma forma. O mundo material
é, então, carente de autossuficiência, estando sempre dependente de ideias
subjetivas para ser interpretado. O kantianismo é um exemplo.
Sentido Prático: Trata-se de uma
fundamentação de ideias de conduta como uma espécie de guia para o agir humano
no mundo. Dessa forma, mesmo que seja impossível uma verificação empírica dos
ideais, o idealismo propõe um sentido de ação. É o caso da ética kantiana,
exemplo mais notável do idealismo de âmbito prático.
A dualidade existente entre Eu e
objeto é modificada com a forma de pensar dos idealistas, pois esses acreditam
que o Eu é o próprio objeto do Eu. Sendo impossível conhecer o objeto devido às
deformações do sentido, conclui-se que o Eu é o centro da análise idealista.
Uma filosofia ligada a essa escola tende a explicar o mundo material e objetivo
através de uma verdade espiritual, mental ou subjetiva. Desse modo, o idealismo
se opõe ao materialismo.
Essa outra corrente filosófica
afirma que não existe nada além da matéria, e não aceita nenhuma explicação
viável da natureza que não advenha do tangível e experimentável. Entre famosos
materialistas estão os modernos Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Nietzsche
(1844 – 1900) e os antigos Epicuro (341 a.C. – 271/270 a.C.) e Demócrito (460
a.C. – 370 a.C.).
Embora idealismo e materialismo
sejam opostos, muitos filósofos de ambas as correntes recebem influências da
outra. Platão criou sua teoria idealista dos elementos com base na ideia de
Demócrito, segundo a qual o mundo é feito de minúsculos blocos de matéria
chamados de átomos. Marx, que escreveu uma crítica aos contemporâneos no seu
livro A Ideologia Alemã, inicialmente foi muito influenciado pela filosofia de
Hegel.
As filosofias idealistas tendem a
aumentar a importância da idealização da realidade e diminuir as considerações
práticas. Devido a isso, a Escola Realista é outra divergente do idealismo,
porque pressupõe que a realidade da natureza deve ser o ponto de partida, e não
a imaginação humana.
Ramificações
Idealismo absoluto: Ligada à
filosofia hegeliana, a doutrina absolutista do idealismo afirma que a única
realidade existente é a espiritual. A compreensão materialista é pobre, sendo
necessário um desenvolvimento gradual da consciência humana para conhecer o
mundo verdadeiro.
Idealismo dogmático: O termo foi
cunhado por Immanuel Kant para se referir à filosofia de George Berkeley (1685
– 1753), segundo a qual o mundo exterior à subjetividade humana é inexistente.
Kant, opositor do berkelianismo, afirma que essa concepção é dogmática, e
propõe um idealismo transcendental.
Idealismo imaterialista: Berkeley
utiliza o empirismo para definir a realidade como uma mistura do que se percebe
com o que é de fato. Para ele, os objetos que observamos são apenas ideias
compartilhadas pelos humanos e Deus.
Idealismo transcendental: Por
vezes chamado de idealismo formal ou crítico, essa doutrina kantiana afirma que
o mundo exterior à mente humana é imperceptível porque a subjetividade deforma
seu sentido natural. Ou seja, elas não aparecem para nós como coisas em si, mas
como representações imperfeitas criadas pela subjetividade da mente.
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