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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...

domingo, 11 de agosto de 2019

Friedrich Nietzsche


Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor, poeta e filólogo alemão, um dos mais importantes do século XIX. Escreveu "O Anticristo" e "Assim Falava Zaratustra".
Friedrich Nietzsche nasceu em Röcken, na Alemanha, no dia 15 de outubro de 1844. De família luterana o seu destino era ser pastor como seu pai e seus avôs, mas perde a fé durante a adolescência. Na Universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na Universidade de Basileia.
Durante dez anos desenvolveu a sua filosofia em contato com o pensamento grego antigo. Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar de ser professor. Sua voz ficou inaudível. Começou uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento, esteve em Veneza, Gênova, Turim e Nice.
Em 1882, começa a escrever "Assim Falou Zaratustra". Escreve em um ritmo crescente, mas este período termina brutalmente em 3 de janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durou até à sua morte, colocando-o sob a tutela da sua mãe e de sua irmã.
O sucesso de Nietzsche, entretanto, só veio quando um professor dinamarquês leu a sua obra "Assim Falou Zaratustra" e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos em que Nietzsche escrevia com crises nervosas ou sob efeito de drogas. Friedrich Nietzsche faleceu em Weimar, Alemanha, no dia 25 de agosto de 1900.
Quando Nietzsche recém completou cinco anos de idade, seu pai foi vítima de um derrame cerebral e não resistiu. Num golpe macabro, seis meses depois da morte do pai, Nietzsche foi submetido ao sofrimento de presenciar o falecimento de seu irmão de dois anos. A família de Nietzsche se mudou rapidamente para Naumburg, onde o futuro filósofo viveu sua vida com a irmã, tias, a avó e a mãe.
Em sua adolescência, Nietzsche estudou na escola preparatória Schulpforta, que já tinha recebido alunos como o filósofo alemão Johann Gottlieb Fichte (1762–1814) e foi lá que conheceu Paul Deussen (1845–1919), amigo de toda vida, que viria a se tornar historiador da filosofia e fundador da Schopenhauer Society. O jovem Friedrich Nietzsche fundou um clube de literatura e música na escola preparatória, onde admirava o músico Wagner, os escritores românticos Friedrich Hölderlin e Jean-Paul Richter e lia a obra controversa de David Strauss, A Vida de Jesus Cristo Analisada Criticamente.
Depois de se formar, o passo seguinte de Nietzsche foi entrar para a Universidade de Bonn, em 1864, como estudante do curso de Teologia e Filologia. Como provavelmente deduziríamos, o jovem universitário inclinou seus estudos para a filologia, tendo como professores principais Otto Jahn (1813–1869), especialista em Lucrécio e inventor do método genealógico da análise textual, e Friedrich Wilhelm Ritschl (1806–1876), de trabalho centrado em Plautus (254–184 BC), poeta cômico romano. No ano seguinte, Nietzsche seguiu Ritschl para a Universidade de Leipzig e lá começou a dar consistência à sua carreira acadêmica, publicando artigos sobre poetas do século sexto antes de cristo. Mas a grande relevância dos estudos em Leipzig foi o encontro (por acaso) com O Mundo Como Vontade e Representação, de Arthur Schopenhauer: seu estilo ateu e sua crítica voraz ao mundo lhe conquistou.
Com 23 anos, foi chamado para o serviço militar obrigatório, do qual foi dispensado após um ferimento no peito. Ao voltar para Leipzig, Nietzsche conhece Wagner (1813–1883) na casa de Hermann Brockhaus (1806–1877), orientalista casado com a irmã do compositor. Brockhaus era especialista em sânscrito e persa, e de suas publicações podemos citar Vendidad Sade, texto da religião Zoroastra, cujo profeta era Zaratustra.
Wagner e Nietzsche se tornaram grandes amigos e ambos compartilharam grande interesse por Schopenhauer. Nietzsche, que havia composto obras para o piano, coral e orquestra desde a adolescência, tinha grande admiração pelo músico alemão devido à sua genialidade, personalidade atraente e influência cultural. A relação entre ambos era tão fraternal que em 1882, o filósofo escreveu sobre os dias que passou junto à Wagner como seus melhores dias da vida. Neste meio tempo, Ritschl recomendou Friedrich Nietzsche para uma vaga de professor de filologia na Universidade da Basileia, na Suíça. Nietzsche iniciou seu trabalho em maio de 1869, ainda com 24 anos de idade.
Foi na Basileia que Nietzsche encontrou Jacob Burkhardt (1818–1897), que se tornaria um de seus amigos próximos, inclusive sendo importante após seu primeiro colapso em 1889. No ano seguinte à chegada na universidade, Nietzsche participou, como assistente em um hospital (1870-71), da Guerra Franco-Prussiana, contraindo disenteria e difteria.
Devido aos seus estudos sobre a língua, sua paixão pela obra de Schopenhauer, seu interesse pela temática da saúde e sua necessidade de se colocar como bom acadêmico (mesmo que ainda jovem), Friedrich Nietzsche “pari” seu primeiro livro: O nascimento da tragédia, publicado em janeiro de 1872. O livro foi recebido com uma crítica mordaz e ácida de Ulrich von Wilamowitz-Möllendorff (1848-1931), filólogo de renome naquela época. Wilamowitz-Möllendorff, que também havia estudado na mesma instituição que Nietzsche em sua infância, atribuía ao filósofo o adjetivo de “desgraça de Schulpforta”, pelo seu estilo exagerado de escrita e por redigir uma história completamente não uniforme.
Em 1873, Nietzsche conheceu Paul Rée, com quem teve um triângulo amoroso junto a Lou Salomé. Rée foi um grande filósofo, também estudioso de Schopenhauer. Em 1878, o autor lança Humano, Demasiado Humano, mesmo ano em que rompe com o antissemita Wagner. Um ano depois, já com dores de cabeça intensas, Nietzsche deixou a Universidade ainda com 34 anos e passou a levar uma vida nômade: sem local fixo para morar, sem sua cidadania alemã e, sem ter adquirido a cidadania suíça, passa a viajar por toda a Europa, procurando por um ambiente tranquilo para seu pensamento e sua saúde já deteriorada.
Este período nômade, logo após o encontro com Lou Salomé em 1881, lhe rendeu grande obras: A Gaia Ciência (1882-87), Assim Falou Zaratustra (1882-85), Além do Bem e do Mal (1886) e a Genealogia da Moral (1887). O último ano criativo de Nietzsche, 1888, foi quando ele completou O Caso Wagner (maio-agosto), Crepúsculo dos Ídolos (agosto-setembro), O Anticristo (setembro), Ecce Homo (outubro-novembro) e Nietzsche Contra Wagner (dezembro).
Já na manhã do dia 3 de janeiro de 1889, em Turin, Nietzsche passou por um colapso mental que o deixou inválido pelo resto de sua vida. O filósofo, após ver um cavalo sendo açoitado no Piazza Carlo Alberto – apesar deste episódio poder ser considerado somente anedótico – abraçou-o pelo pescoço, tendo seu colapso e nunca mais voltado à total sanidade.
Alguns dizem que Nietzsche sofreu uma infecção por sífilis (que foi o diagnóstico original dos médicos em Basel e Jena), contraída enquanto ainda era um estudante ou quando servia ao exército da Prússia na guerra; outros dizem que o uso de hidrato de cloral, uma droga utilizada como sedativo, definhou seu já doente sistema nervoso; alguns especulam que seu colapso tem a ver com uma doença adquirida de seu pai; já outros afirmam que Nietzsche sofreu da síndrome de CADASIL, uma desordem hereditária. A causa exata da queda do filósofo ainda não foi esclarecida, o que sabemos é que ele tinha uma forte constituição nervosa e chegou a tomar uma grande gama de medicamentos.
Para complicar ainda mais as interpretações sobre sua doença, Nietzsche afirmou em uma carta, em 1888, que nunca teve nenhum sintoma de desordem mental, enquanto Rée, em 1897, escreveu uma carta contando o desequilíbrio frequente de Nietzsche.
A popularização de Nietzsche começou em 1888, a partir de seminários de Georg Brandes na Universidade de Copenhagen, que chegou a lhe indicar Kierkegaard, mas infelizmente não pôde ser lido devido a crise nervosa de Nietzsche nos anos seguintes. Em 1889, Nietzsche é hospitalizado na Basileia, depois passou um ano em um sanatório na cidade de Jena. Já em 1890, sua mãe o levou de volta para casa e foi sua cuidadora pelos próximos sete anos, até sua morte.
Com a morte da mãe, a irmã Elisabeth ficou com a responsabilidade de cuidar de Nietzsche. Ela havia voltado do Paraguai em 1893, depois de ter criado Aryan, uma colônia antissemita chamada New Germany (Nueva Germania). Ela foi a responsável pela edição antissemita do pensamento de Nietzsche e ficou responsável por todos os seus manuscritos.
No dia 25 de agosto de 1900, quase com 56 anos, Nietzsche morreu na residência que sua irmã o colocou. A causa da morte foi um misto de pneumonia e um ataque nervoso. Seu corpo foi transportado para o cemitério onde o resto de sua família estava sepultada, na vila de Röcken. A casa onde estavam seus manuscritos, a Villa Silberblick, se transformou em um museu e, desde 1950, eles foram armazenados no arquivo Goethe-und Schiller-Archiv, em Weimar.

A morte de Deus

Deus morrer parece ser uma contradição, afinal, se é Deus, não pode morrer e, caso morra, então não é Deus. Nietzsche não era burro, entendia que sua frase era uma contradição em termos, mas este erro aparente guarda um significado maior: a morte de deus é a morte de um jeito específico de se pensar.
A morte de Deus acontece quando nossa vida deixa de ter como referência a religião e passa a ser guiada por nós mesmos. “Deus é o nome para o âmbito das idéias e do ideal”, afirma Heidegger. É aí que a estrutura religiosa do pensamento morre. Mas o mais interessante talvez seja o horizonte da morte de Deus: a vida plena, a vida da criação.
A superação da morte de Deus, sem cair num niilismo passivo, é a força da criação, é a concretização do espírito livre, aquele que não se submete a nada e cria seus próprios valores.

A Genealogia

Em seus esforços para fugir das teleologias da filosofia da história e da cientificidade castradora da disciplina História, Nietzsche cria uma filosofia histórica – mais tarde chamada de genealogia.
Esta filosofia histórica não pretendia traçar uma história oficial e nem definir as leis de seu desenvolvimento. O que interessa para a genealogia é a autoafirmação dos agentes, é a interpretação do mundo segundo à vontade de potência.
Isso quer dizer que uma genealogia é uma maneira de traçar as contingências sobre um objeto em específico a partir daquilo que é útil à extensão infinita da potência, à dominação, à autoafirmação.

A moral

A moral é uma força de valoração. É aquilo que constitui o homem, o faz viver o mundo de um dado jeito, é “o ponto para o qual converge toda predicação da natureza do homem e de suas ações”, segundo Érico de Andrade Oliveira.
A moral como entendemos, como uma força castradora, é a moral dos fracos: criada pelo dominado para inverter a valoração de bom e mau, e bom e ruim. É com a moral que os fracos podem deixar de ser ruins e passar a ser bons, e fazendo dos fortes, indivíduos maus.
No caso dos fortes, a moral é sempre potência buscando potência, é sempre dominação e extensão da própria força.

O niilismo

Niilismo é um processo. Ninguém é niilista porque quer ou porque sente-se bem sendo assim. O niilismo, como é entendido por Nietzsche, é um processo de corrupção do homem, ou seja, um processo de decadência de sua vida instintiva para uma vida moral.
A vida moral é niilista, pois nega a vida em favor de um além-vida ou de uma vida perfeita que nunca vai existir. O niilismo, portanto, é negar a vida, negar a efetividade, negar as coisas como são, é acreditar no paraíso cristão, na utopia socialista ou seja lá qual mundo perfeito for (como a utopia do livre mercado ou o mundo perfeito da auto-organização).

Friedrich Nietzsche: influência no século XX

O pensamento de Nietzsche teve grande influência no século XX, principalmente na Europa Continental, embora nos países anglofônicos, tenha tido pouca recepção positiva. Durante a última década de sua vida e na primeira década do século XX, suas ideias atraíram artistas avant-garde, que se viam na periferia da sociedade normativa estabelecida, tanto em seu jeito de ver as coisas como em sua maneira de fazer arte. Para eles, Nietzsche servia como um estandarte para a criação, para a vida plena e para a arte explosiva e empolgante.
Freud, por sua vez, viu nas explicações de Nietzsche sobre os valores sociais uma influência a ser seguida. O filósofo alemão é famoso por atribuir a volições, instintos e à animalidade, a nossa vida moral. Teve, portanto, importância crucial no desenvolvimento da psicanálise.
Na década de 30, como todos sabemos, o partido nazista, de Hitler, e o partido fascista, de Mussolini, absorveram partes da filosofia nietzscheana. Conclui-se que a influência de passagens da obra de Nietzsche ao autoritarismo de direita seja fruto das ligações que estes movimentos tiveram com Elisabeth Förster-Nietzsche (que teve contato com ambos os ditadores). A irmã de Nietzsche compartilhava com os mesmo objetivos políticos dos nazistas e produziu uma edição da obra do filósofo para favorecer leituras que justificavam a guerra, dominação e agressão em nome de ideais nacionalistas e de supremacia racial.
Por outro lado, na França, até os anos 60, Nietzsche era utilizado principalmente por artistas e escritores, já que a acadêmia era dominada pelo pensamento de Hegel, Husserl e Heidegger, indo pro estruturalismo nos anos 50. Só houve espaço pro pensamento de Nietzsche nos círculos de filosofia a partir dos anos 60: até os anos 80, seu perspectivismo, a declaração “Deus está morto” e sua ênfase no poder como um real motivador e objeto privilegiado para explicar as ações das pessoas estabeleceu um jeito novo de desafiar a autoridade e lançar contra ela uma crítica social devastadora. Nos países anglófonos, a infeliz associação de Nietzsche com o nazismo o retirou de cena nos anos 50 e 60, talvez os marcos dos estudos sobre o autor nesses países sejam Nietzsche: “Philosopher, Psychologist, Antichrist” (1950) de Walter Kaufmann e “Nietzsche as Philosopher” (1965) de Arthur C. Danto.
Podemos citar alguns artistas, filósofos, historiadores, poetas, novelistas, psicólogos, sociólogos e músicos influenciados por Nietzsche no século XX: Alfred Adler, Georges Bataille, Martin Buber, Albert Camus, E.M. Cioran, Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Isadora Duncan, Michel Foucault, Sigmund Freud, Stefan George, André Gide, Hermann Hesse, Carl Jung, Martin Heidegger, Gustav Mahler, André Malraux, Thomas Mann, H.L. Mencken, Rainer Maria Rilke, Jean-Paul Sartre, Max Scheler, Giovanni Segantini, George Bernard Shaw, Lev Shestov, Georg Simmel, Oswald Spengler, Richard Strauss, Paul Tillich, Ferdinand Tönnies, Mary Wigman, William Butler Yeats e Stefan Zweig.
Com toda certeza, Friedrich Nietzsche foi um dos poucos autores que, mesmo em terríveis condições de saúde, pôde escrever e botar seus pensamentos no papel. É provável que a maioria das pessoas nem teria coragem de pegar uma caneta nesta situação. E até mesmo em seu anos de maior sofrimento, foi capaz de escrever livros que influenciaram grande parte dos principais autores europeus do século XX.

Friedrich Nietzsche: o músico

Nietzsche sempre teve grande apreço pelo mundo das artes. Considerava o mundo da política e da moral uma grande perda de tempo e de potência. Por isso sempre fazia pequenas críticas à artistas de sua época, sempre lia e ouvia tudo que era contemporâneo.
Era fã de Wagner, até romper com o compositor devido seu antissemitismo. Três anos antes de sua morte, chegou a escrever em uma carta que “nunca houve um filósofo que tenha sido em essência tão músico quanto eu”, apesar disso, também admitia, “talvez um grande músico sem sucesso”. De qualquer forma, ele esperava que sua música fosse interpretada como parte de seu trabalho e, portanto, parte de seu projeto filosófico. Veja abaixo Έργα, composição de Nietzsche, tente sentir a leveza e agressividade do autor a cada compasso.


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