HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE XII - Introdução às obras Aristotélica:
ÓRGANON
ARISTÓTELES, 384-322 a.C.
Essa obra, dedicada
à lógica formal, compreende seis partes: Categorias, Da interpretação, Primeiros analíticos, Segundos
analíticos, Tópicos e Refutações
sofísticas; tem o nome de Organon, que significa “utensílio, instrumento”.
Isto porque Aristóteles considera a lógica formal como o meio que, à disposição
do espírito, permite-lhe raciocinar e exprimir-se em conformidade com a
verdade.
Aristóteles
dedica Categorias ao
da predicação – o verbo grego kategorein significa
“atribuir um predicado a um sujeito”. O autor apresenta no primeiro capítulo a
definição dos termos “homônimo” – são chamadas homônimas coisas que só têm o
nome em comum – e “sinônimo” – são chamadas sinônimas as coisas que têm em
comum o nome e o conceito, como por exemplo homem e boi, que podem ser ambos
chamados de “animal” e partilhar o conceito de animal. No segundo capítulo, ele
faz a distinção entre os nomes – nome comum, verbo, grupo, atributo – e as
proposições, que são uma ligação (symploké) de
nomes.
Depois de definir
atributo (cap. III), Aristóteles distingue as diferentes significações da
predicação (cap. IV). Assim, o atributo pode significar a substância (ousia) quando responde à
pergunta “O que é?”, mas pode significar também quantidade, qualidade,
relação, lugar, tempo, posição, posse, ação e paixão. Aristóteles define a
substância primeira (cap. V) como o que não é afirmado de um sujeito nem num
sujeito – é portanto o indivíduo -, e a substância segunda, como o gênero e o
espaço aos quais pertencem o indivíduo. Os capítulos VI a IX são dedicados ao
estudo detalhado das outras categorias ou modos de predicação. Por fim, o
capítulo X estuda os opostos; o capítulo XI, os contrários; o capítulo XII, o
anterior; o capítulo XIII, o simultâneo; e o capítulo XIV, o movimento. O
capítulo XV encerra o tratado com o estudo da categoria da posse.
Os catorze capítulos
do tratado Da interpretação são
dedicados ao estudo das proposições que são definidas como um discurso no
qual reside o verdadeiro ou o falso. Essas proposições são classificadas em
afirmativas e negativas, universais, particulares ou singulares, segundo o
sujeito da proposição seja predicado por “todos”, por “alguns”, ou seja
constituído por um nome próprio. Aristóteles estuda também a diferentes
oposições das proposições, a saber a contradição e a contrariedade. Um capítulo
desse tratado é dedicado ao estudo da oposição das proposições modais
(capítulo XII), enquanto o capítulo IX trata da célebre questão dos futuros contingentes.
Depois de examinar a
construção das proposições, Aristóteles vai dedicar os Analíticos a unir essas
proposições para formar raciocínios. Os Primeiros
analíticos são dedicados ao estudo dos silogismos – ligação
dedutiva de três proposições. Servem para construir demonstrações do tipo “A é
B; ora B é C; logo A é C”: em que a primeira proposição é chamada de maior, a
segunda é chamada de menor, e a terceira é a conclusão. O predicado da
conclusão é denominado termo maior; o sujeito, termo menor; e termo médio é o
termo que os relaciona. Os silogismos são classificados em três tipos, segundo
a posição ocupada pelo termo médio, mas só o primeiro tipo é demonstrado
diretamente.
Depois de estudar o
silogismo do ponto de vista formal, Aristóteles dedica Segundos analíticos à
aplicação prática deste. Diz que podemos afirmar conhecer uma coisa quando
conhecemos sua causa, constituindo o termo médio do silogismo. Afirma, por
outro lado, que os princípios do conhecimento nos são dados pela indução, que
permite a passagem do particular ao universal. É a intuição intelectual (noésis) que apreenderá esse
universal.
Os Tópicos são dedicados ao
exame do silogismo dialético cujas premissas são apenas prováveis. Aristóteles
arrola todos os procedimentos que possibilitam convencer, sem se preocupar com
o valor de verdade do discurso.
Refutações sofísticas, por fim, são dirigidas
contra os sofistas: Aristóteles examina e refuta os argumentos que estes opõem
aos adversários.
Esses tratados de
lógica formal foram muito comentados durante a Idade Média e utilizados até o
advento da lógica moderna.
0 comentários:
Postar um comentário