São Alberto Magno, dominicano, foi um gênio enciclopédico. Foi o Grande, o douto
mestre de teologia, de filosofia e de ciências naturais, que pela grande
afluência de estudantes nas suas lições na Universidade de Paris, foi obrigado
a ensinar em praça pública. Essa praça tem ainda o seu nome.
Alberto nasceu em
Lauingen (Baviera) em 1206. Aos 16 anos um tio trouxe-o a Pádua, na Itália,
para que completasse seus estudos universitários. Aqui encontrou o superior
geral dos dominicanos, o bem-aventurado Jordão de Saxônia, sucessor de São Domingos
na chefia da Ordem dos Pregadores, que o encaminhou na vida religiosa. Em 1229
Alberto vestiu o hábito dos frades pregadores e foi mandado para Colônia, onde
havia a escola mais importante da Ordem. Com o seu gênio enciclopédico penetrou
nos diferentes campos do saber humano desde as ciências naturais até as
especutalivas. O interesse universal pela cultura, segundo o espírito da época,
na qual a filosofia escolástica atingiu o máximo desenvolvimento, conviveu em
perfeita harmonia com a busca da santidade e a perfeição interior: “Senhor
Jesus – rezava – imploramos a tua ajuda para não nos deixar seduzir pelas vãs
palavras tentadoras sobre a natureza da família, sobre o prestígio da Ordem,
sobre a que a ciência tem de atrativo”. (Sgarbossa, 1996)
Santo Alberto Magno
ensinou em várias escolas na Alemanha antes de começar seu trabalho na
Universidade de Paris em 1241, onde teve um grande número de alunos ilustres
como S. Tomás de Aquino. Foi provincial dos dominicanos na Alemanha e bispo de
Regensburg dois anos. Foi Bispo da Baviera, um dos maiores gênios da filosofia
e da ciência medieval, defendendo que fé e razão provêm do mesmo Deus, e que
não podem se contradizer.
O “Dicionary of
Scientific Biography” afirma que S. Alberto Magno foi um dos mais famosos
precursores da ciência moderna na Alta Idade Média. Foi renomado naturalista,
estudou física, metafísica, biologia, psicologia, e várias ciências da terra.
Escreveu a obra “De Mineralibus”. Ele conseguiu preparar a potassa cáustica e
descreveu a composição química do cinabre (sulfureto de mercúrio), do cerusita
(óxido de zinco artificial) e do mínio (óxido de chumbo empregado na pintura e
na fabricação de vidros especiais); e do carbonato de chumbo artificial.
Santo Alberto
percorreu a pé as regiões germânicas, pedindo esmola durante a viagem para
comer e para dormir. Convocado pelo Papa teve de aceitar a nomeação para bispo
de Ratisbona. Dele diziam: “No seu cofre não tinha um centavo, nenhuma gota de
vinho na sua cantina.”
Regeu a diocese
somente por dois anos. Depois pediu e obteve a exoneração do cargo, voltando a
viver a vida comum no seu convento de Würzburg e a ensinar em Colônia. Nos
meios intelectuais se dizia: o “Doutor universal falou; todos se calarão”. Ele
colocava com clareza que “a ciência não pode explicar o mistério, mas ajuda a
preparar os caminhos de Deus”. Era um admirador de Aristóteles e afirmava que é
possível utilizá-lo como S. Agostinho utilizara Platão; mas rejeita aquilo que
em Aristóteles é contrário à fé cristã. São Tomás de Aquino foi herdeiro de S.
Alberto Magno.
Na quarta-feira, 24
de Março de 2010, o Papa Bento XVI fez uma Catequese sobre Santo Alberto Magno,
onde disse:
“Um dos maiores
mestres da teologia medieval é Santo Alberto Magno. O título de “grande”
(magnus), com o qual ele passou para a história, indica a vastidão e a
profundidade da sua doutrina, que ele associou à santidade da vida. Mas já os
seus contemporâneos não hesitavam em atribuir-lhe títulos excelentes; um dos seus
discípulos, Ulrico de Estrasburgo, definiu-o “enlevo e milagre da nossa época”.
Dedicou-se ao estudo
das chamadas “artes liberais”: gramática, retórica, dialéctica, aritmética,
geometria, astronomia e música, ou seja, da cultura geral. Em 1248, foi encarregado
de abrir um estúdio teológico em Colônia, uma das capitais mais importantes da
Alemanha, onde ele viveu durante vários períodos, e que se tornou a sua cidade
de adoção. De Paris, levou consigo para Colônia o discípulo extraordinário,
Tomás de Aquino. Só o mérito de ter sido mestre de S. Tomás seria suficiente
para nutrir profunda admiração por Santo Alberto. Entre estes dois grandes
teólogos instaurou-se um relacionamento de estima e amizade recíproca, atitudes
humanas que contribuem muito para o desenvolvimento da ciência.
Os seus dotes não
passaram despercebidos ao Papa daquela época, Alexandre IV (1254-1261), que
quis Alberto por um certo período ao seu lado em Anagni – aonde os Papas iam
com frequência – também em Roma e em Viterbo, para se valer da sua consulta
teológica. O mesmo Sumo Pontífice nomeou-o Bispo de Regensburg. De 1260 a 1262,
Alberto desempenhou este ministério com dedicação incansável, conseguindo levar
paz e concórdia à cidade, reorganizar paróquias e conventos, e dar um novo impulso
às atividades caritativas.
Santo Alberto Magno
recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade, e que os homens de ciência
podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico
e fascinante percurso de santidade.
Santo Alberto Magno
abriu a porta para a recepção completa da filosofia de Aristóteles na filosofia
e teologia medieval, uma recepção elaborada depois de modo definitivo por S.
Tomás.
Eis um dos grandes
méritos de Santo Alberto: com rigor científico, ele estudou as obras de
Aristóteles, convencido de que tudo aquilo que é realmente racional é
compatível com a fé revelada nas Sagradas Escrituras. Em síntese, Santo Alberto
Magno contribuiu assim para a formação de uma filosofia autônoma, distinta da
teologia e a ela vinculada só pela unidade da verdade. Santo Alberto Magno
disse:
“Desejar tudo aquilo
que eu quero para a glória de Deus, como Deus deseja para a sua glória tudo o
que Ele quer”, ou seja, conformar-se sempre com a vontade de Deus para desejar
e fazer tudo unicamente e sempre pela sua glória”.
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