Onde acharemos evidências da
existência de Deus? Na criação, na natureza humana e na história humana.
Dessas três esferas deduzimos as cinco evidências da existência de Deus:
1) O universo deve ter uma
Primeira Causa ou um Criador. (Argumento cosmológico, da palavra grega
"cosmos", que significa "mundo".)
2) O desígnio evidente no
universo aponta para uma Mente Suprema. (Argumento teleológico, de
"Teleos", que significa "desígnio ou propósito".)
3) A natureza do homem, com
seus impulsos e aspirações, assinala a existência de um Governador
pessoal. (Argumento antropológico, da palavra grega "anthropos",
que significa "homem".)
4) A história humana dá
evidências duma providência que governa sobre tudo. (Argumento histórico.)
5) A crença é universal.
(Argumento do consenso comum.)
(a) O argumento da criação.
A
razão argumenta que o universo deve ter tido um princípio.
Todo efeito
deve ter uma causa suficiente.
O universo, sendo o efeito, por conseguinte
deve ter uma causa.
Consideremos a extensão do universo.
Nas palavras
de Jorge W. Grey: "O universo, como o imaginamos, é um sistema
de milhares e milhões de galáxias.
Cada uma delas se compõe
de milhares e milhões de estrelas.
Perto da circunferência de
uma dessas galáxias — a Via Láctea — existe uma estrela de tamanho
médio e temperatura moderada, já amarelada pela velhice — que é o nosso
Sol."
E imaginem que o Sol é milhões de vezes maior que a nossa
pequena Terra! Prossegue o mesmo escritor:
"O Sol está girando numa orbita
vertiginosa em direção à circunferência da Via Láctea a 19.300 metros por
segundo, levando consigo a Terra e todos os planetas, e ao mesmo tempo
todo o sistema solar está girando num gigantesco circuito à
velocidade incrível de 321 quilômetros por segundo, enquanto a própria
galáxia gira, qual colossal roda gigante estelar. Fotografando-se algumas
seções dos céus, é possível fazer a contagem das estrelas.
No observatório de Harvard
College eu vi uma fotografia que inclui as imagens de mais de 200 Vias
Lácteas — todas registradas numa chapa fotográfica de 35 x 42cm.
Calcula-se que o número de galáxias de que se compõe o universo é da ordem
de 500 milhões de milhões."
Consideremos nosso pequeno
planeta e nele as várias formas de vida existentes, as quais revelam
inteligência e desígnio divinos.
Naturalmente surge a questão:
"Como se originou tudo isso?" A pergunta é natural, pois as
nossas mentes são constituídas de tal forma que esperam que todo efeito
tenha uma causa. Logo, concluímos que o universo deve ter tido uma
Primeira Causa, ou um Criador. "No princípio — Deus" (Gên. 1:1).
(b) O argumento do desígnio.
O
desígnio e a formosura evidenciam-se no universo; mas o desígnio e a formosura
implicam um arquiteto; portanto, o universo é a obra dum Arquiteto dotado
de inteligência suficiente para explicar sua obra. O grande
relógio de Estrasburgo tem, além das funções normais dum relógio,
uma combinação de luas e planetas que se movem, mostrando dias e
meses com a exatidão dos corpos celestes, com seus grupos de figuras
que aparecem e desaparecem com regularidade igual ao soarem as horas
no grande cronômetro.
Declarar não ter havido um
engenheiro que construiu o relógio, e que este objeto
"aconteceu", seria insultar a inteligência e a razão humana. É insensatez
presumir que o universo "aconteceu", ou, em linguagem
cientifica, que procedeu "do concurso fortuito dos átomos"!
Suponhamos que o livro
"O Peregrino" fosse descrito da seguinte maneira: o autor tomou um
vagão de tipos de imprensa e com pá os atirou ao ar. Ao caírem no chão, natural
e gradualmente se ajuntaram de maneira a formar a famosa história de Bunyan. O
homem mais incrédulo diria: que absurdo! E a mesma coisa dizemos
nós das suposições do ateísmo em relação à criação do universo.
O exame dum relógio revela
que ele leva os sinais de desígnio porque as diversas peças são reunidas com um
propósito prévio. Elas são colocadas de tal modo que produzem movimentos e
esses movimentos são regulados de tal maneira que marcam as horas. Disso
inferimos duas coisas: primeiramente, que o relógio teve alguém que o fez, e em
segundo lugar, que o seu fabricante compreendeu a sua construção, e o
projetou com o propósito de marcar as horas. Da mesma maneira, observamos
o desígnio e a operação dum plano no mundo e, naturalmente, concluímos que
houve alguém que o fez e que sabiamente o preparou para o propósito
ao qual está servindo.
O fato de nunca termos
observado a fabricação dum relógio não afetaria essas conclusões, mesmo
que nunca conhecêssemos um relojoeiro, ou que jamais tivéssemos idéia do
processo desse trabalho. Igualmente, a nossa convicção de que o universo teve
um arquiteto, de forma nenhuma sofre alteração pelo fato de
nunca termos observado a sua construção, ou de nunca termos visto
o arquiteto.
Do mesmo modo a nossa
conclusão não se alteraria se alguém nos informasse que "o relógio é
resultado da operação das leis da mecânica e explica-se pelas propriedades
da matéria". Ainda assim teremos que considerá-lo como obra dum hábil
relojoeiro que soube aproveitar essas leis da física e suas propriedades
para fazer funcionar o relógio. Da mesma forma, quando alguém nos
informa que o universo é simplesmente o resultado da operação das
leis da natureza, nós nos vemos constrangidos a perguntar: "Quem projetou,
estabeleceu e usou essas leis?" Isso, em razão de ser implícita a presença
de um legislador uma vez que existem leis.
Tomemos, para ilustrar, a
vida dos insetos. Há uma espécie de escaravelho chamado
"Staghom" ou "Chifrudo". O macho tem magníficos chifres,
duas vezes mais compridos do que o seu corpo; a fêmea não tem chifres. No
estágio larval, eles enterram-se a si mesmos na terra e, silenciosamente,
esperam na escuridão pela sua metamorfose. São naturalmente meros insetos, sem
nenhuma diferença aparente e, no entanto, um deles escava para si
um buraco duas vezes mais profundo do que o outro. Por quê? Para que
haja espaço para os chifres do macho se desenvolverem com perfeição. Por
que essas larvas, aparentemente iguais, diferem assim em seus hábitos?
Quem ensinou o macho a cavar seu buraco duas vezes mais profundo do que o
faz a fêmea? é o resultado dum processo racional? Não, foi Deus, o
Criador, quem pôs naquelas criaturas a percepção instintiva que lhes seria
útil.
De onde recebeu esse inseto a
sua sabedoria? Alguém talvez pense que a herdara de seus pais. Mas um cão
ensinado, por exemplo, transmite à sua descendência sua astúcia e
agilidade? Não.
Mesmo que admitamos que o
instinto fosse herdado, ainda deparamos com o fato de que alguém havia
instruído o primeiro escaravelho chifrudo. A explicação do maravilhoso
instinto dos animais acha-se nas palavras do primeiro capítulo de Gênesis:
"E disse Deus" — isto é: a vontade de Deus. Quem observa o
funcionamento dum relógio sabe que a inteligência não está no relógio mas sim
no relojoeiro. E quem observa o instinto maravilhoso das
menores criaturas, concluirá que a primeira inteligência não era
a delas, mas sim do seu Criador, e que existe uma Mente
controladora dos menores detalhes da vida.
O Dr. Whitney, ex-presidente
da Sociedade Americana e membro da Academia Americana de Artes e Ciências,
certa vez disse que "um dia repele o outro pela vontade de Deus e ninguém
pode dar razão melhor." "Que quer o senhor dizer com a expressão: a
vontade de Deus?" alguém lhe perguntou. O Dr. Whitney replicou: "Como
o senhor define a luz? ...Existe a teoria corpuscular, a teoria de ondas,
e agora a teoria do quantum; e nenhuma das teorias passa duma conjetura
educada. Com uma explicação tão boa como essas, podemos dizer que a luz
caminha pela vontade de Deus... A vontade de Deus, essa lei que
descobrimos, sem a podermos explicar — é a única palavra final."
O Sr. A. J. Pace, desenhista
do periódico evangélico "Sunday School Times", fala de sua
entrevista com o finado Wilson J. Bentley, perito em microfotografia
(fotografar o que se vê através do microscópio). Por mais de um terço de
século esse senhor fotografou cristais de neve. Depois de haver
fotografado milhares desses cristais ele observou três fatos principais:
primeiro, que não havia dois flocos iguais; segundo: todos eram de um
padrão formoso; terceiro: todos eram invariavelmente de forma sextavada.
Quando lhe perguntaram como se explicava essa simetria sextavada, ele
respondeu: "Decerto, ninguém sabe senão Deus, mas a minha teoria é a
seguinte: Como todos sabem, os cristais de neve são formados de vapor de
água a temperaturas abaixo de zero, e a água se compõe de três moléculas,
duas de hidrogênio que se combinam com uma de oxigênio. Cada molécula tem
uma carga de eletricidade positiva e negativa, a qual tem a tendência
de polarizar-se nos lados opostos. O algarismo três, portanto, figura no
assunto desde o começo."
"Como podemos explicar
estes pontinhos tão interessantes, as voltas e as curvas graciosas, e
estas quinas chanfradas tão delicadamente cinzeladas, todas elas dispostas com
perfeita simetria ao redor do ponto central?" perguntou o Sr. Pace.
Encolheu os ombros e disse:
"Somente o Artista que os desenhou e os modelou conhece o
processo."
Sua declaração acerca do
"algarismo três que figura no assunto" me pôs a pensar. não seria
então que o triúno Deus, que modela toda a formosura da criação, rubrica a
própria trindade nestas frágeis estrelas de cristal de gelo como quem assina
seu nome em sua obra-prima? Ao examinar os flocos de neve ao microscópio,
vê-se instantaneamente que o princípio básico da estrutura do floco
de neve é o hexágono ou a figura de seis lados, o único exemplo
disso em todo o reino da geometria a este respeito. O raio do circulo circunscrevente
é exatamente igual ao comprimento de cada um dos seis lados do hexágono.
Portanto, resultam seis triângulos equiláteros reunidos ao núcleo central,
sendo todos os ângulos de sessenta graus, a terça parte de toda a área num
lado duma linha reta. Que símbolo sugestivo do triúno Deus é o triângulo!
Aqui temos unidade: um triângulo, formado de três linhas, cada
parte indispensável à integridade do conjunto.
A curiosidade agora me
impeliu a examinar as referências bíblicas sobre a palavra "neve",
e descobri, com grande prazer, este mesmo "triângulo" inerente
na Bíblia. Por exemplo, há 21 (3 x 7) referências contendo o substantivo
"neve" no Antigo Testamento, e 3 no Novo Testamento, 24 ao todo.
Então achei referencias, que falam da "lepra tão branca como a
neve". Três vezes a purificação do pecado é comparada à neve. Achei mais
três que falam de roupas "tão brancas como a neve". Três vezes a
aparência do Filho de Deus compara-se à neve. Mas a maior surpresa foi ao
descobrir que a palavra hebraica, "neve", é composta
inteiramente de algarismos "três"! É fato, embora não seja
geralmente conhecido que, não tendo algarismos, tanto os hebreus como os
gregos usavam as letras do seu alfabeto como algarismos. Bastava um olhar
casual de um hebreu à palavra SHELEG (palavra hebraica que quer
dizer "neve") para ver que ela significa o algarismo 333, bem
como significa "neve". No hebraico a primeira letra, que
corresponde à nossa "SH", vale 3OO; a segunda consoante
"L" vale 30; e a consoante final, o nosso "G", vale 3.
Somando-as, temos 333, três algarismos de três. Curioso, não é verdade?
Mas por que não esperar exatidão matemática dum livro plenamente
inspirado, tão maravilhoso quanto o mundo que Deus criou?
Acerca de Deus disse Jo:
"Faz grandes coisas que não podemos compreender. Pois diz à neve: Cai
sobre a terra" (Jo 37:5, 6). Eu já gastei dois dias inteiros para
copiar com pena e tinta o desenho de Deus de seis cristais de neve e
fiquei muito fatigado. E como é fácil para ele fazê-lo! "Ele diz à
neve" — e com uma palavra está feito.
Imaginem quantos milhões de
bilhões de cristais de neve caem sobre um hectare de terra durante uma
hora, e imaginem, se puderem, o fato surpreendente de que cada cristal tem
sua individualidade própria, um desenho e modelo sem duplicata nesta ou em
qualquer outra tempestade. "Tal conhecimento é maravilhoso demais
para mim; elevado é, não o posso atingir" (Sal. 139:6). Como pode
uma pessoa ajuizada, diante de tal evidência de
desígnios, multiplicados por um sem-número de variedades, duvidar da
existência e da obra do Desenhista, cuja capacidade é imensurável?!
Um Deus capaz de fazer tantas belezas é capaz de tudo, até mesmo de moldar
as nossas vidas dando-lhes beleza e simetria.
(c) O argumento da natureza
do homem.
O homem dispõe de natureza moral, isto é, a sua vida é regulada
por conceitos do bem e do mal. Ele reconhece que há um caminho reto de
ação que deve seguir e um caminho errado que deve evitar. Esse
conhecimento chama-se "consciência". Ao fazer ele o bem, a consciência
o aprova; ao fazer ele o mal, ela o condena. A consciência, seja
obedecida ou não, fala com autoridade. Assim disse Butier acerca da consciência:
"Se ela tivesse poder na mesma proporção de sua autoridade manifesta,
governaria o mundo, isto é, se a consciência tivesse a força de pôr em ação o
que ordena, ela revolucionaria o mundo." Mas acontece que o homem é dotado
de livre arbítrio e, portanto, pode desobedecer àquela voz íntima. Mesmo estando
mal orientada, sem esclarecimento, a consciência ainda fala com
autoridade, e faz o homem sentir sua responsabilidade.
"Duas coisas me
impressionam", declarou Kant, o grande filosofo alemão, "o alto
céu estrelado e a lei moral em meu interior."
Qual a conclusão que se tira
deste conhecimento universal do bem e do mal? Que há um Legislador que
idealizou uma norma de conduta para o homem e fez a natureza humana capaz de
compreender esse ideal. A consciência não cria o ideal; ela simplesmente
testifica acerca dele, registrando a sua conformidade ou não-conformidade.
Quem originalmente criou
esses dois poderosos conceitos do bem e do mal? Deus, o Justo Legislador!
O pecado ofuscou a consciência e quase anulou a lei do ser humano; mas no
Monte Sinai Deus gravou essa lei em pedras para que o homem tivesse a lei
perfeita para dirigir a sua vida. O fato de que o homem compreende esta
lei, e sente a sua responsabilidade para com ela, manifesta a existência
dum Legislador que criou o homem com essa capacidade.
Qual é a conclusão que
podemos tirar desse sentimento de responsabilidade? Que o Legislador é
também um Juiz que recompensar os bons e castigar os maus. Aquele que impôs a
lei finalmente defenderá essa lei.
Não somente a natureza moral do homem, como
também todos os aspectos da sua natureza testificam da existência de Deus.
Até as religiões mais degradadas demonstram o fato de que o homem, qual cego,
tateando, procura algo que sua alma anela. A fome física indica a existência de
algo que a possa satisfazer. Quando o homem tem fome, essa fome indica que
há alguém ou algo que o possa satisfazer. A exclamação, "a minha alma
tem sede de Deus" (Sal. 42:2), é um argumento a favor da existência de
Deus, pois a alma não enganaria o homem com sede daquilo que não
existisse. Assim disse certa vez um erudito da igreja primitiva: "Para ti
nos fizeste, e nosso coração estará inquieto enquanto não
encontrar descanso em ti."
(d) O argumento da história.
A
marcha dos eventos da história universal fornece evidência de um poder e
duma providência dominantes. Toda a história bíblica foi escrita para
revelar Deus na história, isto é, para ilustrar a obra de Deus nos
negócios humanos. "Os princípios do divino governo moral encontram-se
na história das nações tanto quanto na experiência dos
homens", escreve D. S. Clarke. (Sal. 75:7; Dan. 2:21; 5:21.)
"O protestantismo inglês vê a derrota da Armada Espanhola como
uma intervenção divina. A colonização dos Estados Unidos por
imigrantes protestantes salvou-os da sorte da América do Sul, e
desta maneira salvou a democracia. Quem negaria que a mão de
Deus estivesse nesses acontecimentos?" A história da humanidade,
o surgimento e declínio de nações, como Babilônia e Roma, mostram que
o progresso acompanha o uso das faculdades dadas por Deus e a obediência à
sua lei, e que o declínio nacional e a podridão moral seguem a
desobediência" (D. L. Pierson). A. T. Pierson, em seu livro, "Os
Novos Atos dos Apóstolos", expõe as evidências da dominante
providência de Deus nas missões evangélicas modernas.
Especialmente o modo de Deus
tratar com os indivíduos fornece provas de sua ativa presença nos negócios
humanos. Charles Bradiaugh, que foi em certo tempo o ateu mais notável
na Inglaterra, desafiou o pastor Charles Hughá Price, para um debate.
Foi aceito o desafio e o
pregador, por sua vez, desafiou o ateu da seguinte maneira: Como todos
sabemos, Sr. Bradiaugh, "o homem convencido contra a própria vontade
mantém sempre seu ponto de vista", e, visto que o debate, como
ginástica mental que é, provavelmente não converterá a ninguém, proponho-lhe
que apresentemos algumas evidências concretas da validade
das reivindicações do cristianismo na forma de homens e
mulheres redimidos da vida mundana e vergonhosa pela influência
do cristianismo e pela do ateísmo. Eu trarei cem desses homens
e mulheres, e desafio-o a fazer o mesmo.
Se o Sr. Bradiaughá não puder
apresentar cem, contra os meus cem, ficarei satisfeito se trouxer
cinqüenta homens e mulheres que se levantem e testifiquem que foram
transformados duma vida vergonhosa pela influência dos seus ensinos ateus.
Se não puder apresentar cinqüenta, desafio-o a apresentar vinte pessoas
que testifiquem com rostos radiantes, como o farão os meus cem,
que tenham um grande e novo gozo na sua vida elevada, em resultado
dos ensinos ateus. Se não puder apresentar vinte, ficarei satisfeito se apresentar
dez. Não, Sr. Bradiaugh, desafio-o a trazer um só homem ou uma só mulher
que dê tal testemunho acerca da influência enobrecedora dos seus ensinos.
Minhas pessoas redimidas trarão prova irrefutável quanto ao poder salvador
de Jesus Cristo sobre as suas vidas redimidas da escravidão do pecado e da
vergonha.
Talvez, senhor Bradiaugh,
essa será a verdadeira demonstração da validade das reivindicações do
cristianismo.
O Sr. Bradiaughá retirou o
seu desafio!
(e) O argumento da crença
universal.
A crença na existência de Deus é praticamente tão difundida
quanto a própria raça humana, embora muitas vezes se manifeste em forma
pervertida ou grotesca e revestida de idéias supersticiosas. Esta opinião
tem sido contestada por alguns que argumentam existirem raças que não têm a menor
concepção de Deus. Mas o Sr. Jevons, autoridade no assunto de raças e
religiões comparadas, diz que esta opinião, "Como é do conhecimento
de todos os antropólogos, já foi para o limbo das controvérsias mortas... todos
concordam que não existem raças, por mais primitivas que sejam, totalmente
destituídas de concepção religiosa! Embora alguém cite exceções, sabemos que
a exceção não inutiliza a regra. Por exemplo, se fossem encontrados alguns
seres humanos inteiramente destituídos de todo sentimento humano e compaixão,
isso não serviria de base para dizer que o homem é essencialmente uma
criatura destituída de sentimentos. A presença de cegos no mundo não prova
que todos os homens são cegos." Como disse William Evans: "o
fato de certas nações não conhecerem a tabuada de multiplicação não afeta a
aritmética."
Como se originou esta crença
universal? A maior parte dos ateus parece imaginar que um grupo de teólogos se
tenha reunido em sessão secreta na qual inventaram a idéia de Deus, a qual
depois apresentaram ao povo. Mas os teólogos não inventaram Deus como também
os astrônomos não inventaram as estrelas, nem os botânicos as flores. É certo
que os antigos mantinham idéias erradas acerca dos corpos celestes, mas
esse fato não nega a existência dos corpos celestes. E visto que a humanidade
já teve idéias defeituosas acerca de Deus, isso implica que existe um Deus
acerca do qual podiam ter noções errôneas.
Este conhecimento universal
não se originou necessariamente pelo raciocínio, porque há homens de grande
capacidade de raciocínio que também negam a existência de Deus. Mas é evidente
que o mesmo Deus que fez a natureza, com suas belezas e maravilhas, fez também
o homem dotado de capacidade para observar, através da natureza, o seu
Criador. "Porquanto, o que se pode conhecer de Deus, neles está
manifesto; pois Deus lho manifestou. As perfeições invisíveis dele, o seu poder
eterno, e a sua divindade, claramente se vêem desde a criação do mundo, sendo
percebidas pelas suas obras" (Rom. 1:19, 20). Deus não fez o mundo sem deixar
certos sinais, sugestões e evidências claras, que falam das obras das suas
mãos. "Mas os homens conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem deram graças, antes se enfatuaram nas suas especulações e ficou em
trevas o seu coração insensato" (Rom. 1:21). O pecado fez embaçar a sua
visão; perderam de vista a Deus e, em vez de ver a Deus através da
criatura, desprezaram-no pela ignorância e adoraram a criatura. Foi desta
maneira que começou a idolatria. Mas até isto prova que o homem é
criatura adoradora e que forçosamente procura um objeto de culto.
Esta crença universal em Deus
é prova de quê? É prova de que a natureza do homem é de tal maneira
constituída que é capaz de compreender e apreciar essa ideia, como o
expressou certo escritor: "O homem é incuravelmente religioso",
que no sentido mais amplo inclui: (1) A aceitação do fato da existência dum
ser acima das forças da natureza. (2) Um sentimento de dependência de Deus
como quem domina o destino do homem; este sentimento é despertado pelo
pensamento de sua própria debilidade e pequenez e pela magnitude do
universo. (3) A convicção de que se pode efetuar uma união amistosa e que
nesta união ele, o homem, achará segurança e felicidade. Desta maneira
vemos que o homem, por natureza, é constituído para crer na existência de
Deus, para confiar na sua bondade, e para adorar em sua presença.
Este "sentimento
religioso" não se encontra nas criaturas inferiores. Por exemplo, perderia
seu tempo quem procurasse ensinar religião ao mais elevado dos tipos de
símios. Mas o mais inferior dos homens pode ser instruído nas coisas de
Deus. Por quê? Falta ao animal a natureza religiosa — não é feito à imagem
de Deus; o homem possui natureza religiosa e procura um objeto de adoração.
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