O processo de desenredar a estrutura literária da Bíblia Hebraica e atribuir as suas partes a longa trajetória histórica acentuou a conexão íntima entre a Bíblia como coleção literária e a história do povo israelita/judaico desde o Êxodo aos tempos dos Macabeus, durante uns mil anos no todo. O próprio texto bíblico relata parte ampla dessa história, porém o faz de modo seletivo e desigual. Sabemos muito mais, por exemplo, a respeito do reino unido e de partes dos reinos divididos do que sabemos a respeito do período tribal anterior e de períodos exílicos e pós-exílicos posteriores. Além disso, é necessário levar em conta a realidade de que muita coisa da história bíblica recebeu torção moralizadora e teologizadora, ou ela é interpretada a partir da tendência de ponto de vista posterior na história.
Em consequência, os críticos históricos ampliaram a sua tarefa a fim de recuperarem tanta informação adicional quanto pudessem, não só a respeito da história das comunidades bíblicas como também a respeito da história dos povos circundantes com os quais Israel se achava em freqüente interação. Documentos esclarecedores historicamente, provindos dos vizinhos de Israel, embora raramente mencionando Israel, têm a vantagem de sobreviverem na forma em que foram primeiramente escritos, sem a espécie de expansão e revisão pelas quais passaram os materiais bíblicos (§8.1; tábua 1; §10.1). A recuperação arqueológica do material como também a cultura intelectual, incluindo uma massa sempre crescente de inscrições e de textos, ajudou muito na tarefa de reconstrução cultural e histórica (§8.2).
Tornou-se possível planejar os amplos contornos do crescimento das tradições literárias bíblicas contra um cenário histórico com eixos espaciais e temporais. O eixo temporal se estende desde a Idade do Bronze Médio (cerca de 2100-1550 a.C), como o período mais comumente admitido para os antepassados bíblicos Abraão, Isaac e Jacó (patriarcas), até a idade macabaica na Palestina (167-63 a.C), a época da composição de Daniel e de Ester, provavelmente os últimos livros a serem escritos. O eixo espacial localiza a Palestina/Canaã israelita no centro, com círculos geográficos concêntricos ou esferas que se estendem, primeiramente, à Palestina não-israelita e à Síria, depois, ao Egito e à Mesopotâmia (incluindo a Suméria, a Assíria e Babilônia), e, finalmente, à Anatólia (Ásia Menor), ao Irão (Média, Pérsia), à Arábia e às orlas marítimas do Mediterrâneo oriental incluindo a Grécia (§17.1).
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