Lucrécio (94-50 a.C.) foi um poeta e filósofo latino,
autor do poema didático em seis volumes, "De Rerum Natura" (Da
Natureza das Coisas), uma rigorosa exposição dos princípios filosóficos que ele
foi buscar na obra do grego Epicuro.
Lucrécio (Tito Lucrécio Caro) nasceu provavelmente em Roma,
Itália, no ano 94 a.C. É o autor do poema “De Rerum Natura” (Da Natureza
das Coisas), uma das mais importantes obras da Antiguidade Clássica, onde
demonstra ser igualmente filósofo observador da natureza e um excelente
escritor da língua latina, comparável a Virgílio. Lucrécio defendia algumas
teses, que foram reafirmadas na ciência moderna. Lucrécio se antecipou a Darwin
e Lamarck com uma teoria da evolução biológica, e a Lavoisier com o conceito da
indestrutibilidade da matéria.
Como discípulo do grego Epícuro (341-270), Lucrécio reteve do
mestre a noção do valor da realidade objetiva. Na poesia, Lucrécio faz
uma detalhada exposição de princípios filosóficos que ele foi buscar na obra do
mestre. Na visionária concepção epicurista, o mundo – coisas, plantas, animais
e até o homem – era constituído por pequenas partículas indestrutíveis que ele
chamou de átomos.
Segundo Lucrécio, longe de ser o centro do universo, o homem
seria apenas mais uma entre várias configurações da matéria possibilitadas pela
reunião desses átomos. A alma, tal como o corpo, é feita de átomos e logo, se
desfaz como a morte. Única vida que é dada ao homem é esta, e ele deve
aproveitá-la retirando-se da vaidosa agitação da vida pública para se dedicar à
serena busca do prazer.
Com seu pensamento epicurista, a obra de Lucrécio era um corpo
estranho para o pensamento que a Igreja professava na época em que o poema foi
encontrado. Poggio Bracciolini, humanista do Renascimento italiano, ao visitar
mosteiros alemães, em 1417, encontrou pergaminhos com textos latinos esquecidos
havia séculos. Foi lá que descobriu diligentemente copiado, mas ao que tudo
indica negligenciado pelos pios monges, “De Rerum Natura” (Da Natureza das
Coisas), um poema latino cujo conteúdo prefigurava um novo arranjo de ideias
que mal começava a se desenhar na Renascença.
O principal objetivo do poema era o de livrar os homens da
superstição, de acostumá-los à ideia de completa aniquilação com a morte, e de
tirar-lhes a ideia de uma interferência divina nas coisas humanas. Para ele, no
mundo todo, apenas os átomos são eternos. Suas posições são defendidas com
eloquência e força de raciocínio, únicas na literatura latina. Lucrécio sempre
se manteve crítico quanto às ideias e formas de viver de sua sociedade. Com
suas ideias, embora preservado por copistas, o poema de Lucrécio foi
virtualmente esquecido por milênios de hegemonia cristã.
Além de ser uma rigorosa exposição filosófica, com uma visão
desencantada da forma de viver da sociedade, sua obra está muito mais próxima
do materialismo pragmático e científico da modernidade. De Rerum Natura (Da
Natureza das Coisas) é também uma obra-prima erótica, devotada em grande parte
aos mitos sensuais da deusa Vênus, que segundo os especialistas da Renascença
serviu de inspiração para o pintor Botticelli (1445-1510) na composição da
obra “A Primavera”.
Lucrécio faleceu em Roma, na Itália, no ano 50 a.C.
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