Jean Jacques Rousseau nasceu em Genebra
(Suíça), no dia 28 de junho de 1712. Órfão de mãe, foi abandonado pelo pai aos
10 anos e entregue aos cuidados de um pastor. Na adolescência, mudou-se para
Saboia, na França, onde passou a estudar música, religião, literatura,
filosofia, matemática e física. Conseguiu, em 1744, o cargo de secretário da
embaixada francesa em Veneza. De volta à França em 1746, Rousseau foi convidado
pelo amigo e filósofo Denis Diderot para escrever a parte musical do Dicionário Enciclopédico. A partir daí,
intensificou sua produção filosófica e literária. Escreveu romances, como Júlia ou A Nova Heloísa, que obtiveram
grande sucesso, tratados sobre música e uma ópera, O Adivinho da Aldeia. Suas obras Do Contrato Social e Emílio ou Da Educação foram
condenadas pelo Parlamento de Paris e queimadas em praça pública. Obrigado a
sair do país, exilou-se na Inglaterra, mas voltou para Paris em 1770. Mais
tarde, mudou-se para o castelo do marquês de Girardin, em Ermenonville, onde
morreu em 1778. Posteriormente, sua filosofia se tornou o evangelho da
Revolução Francesa, e ele foi declarado “herói nacional”.
No Discurso sobre a Origem e os
Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, Rousseau pensa
como seria o hipotético Estado de Natureza. A natureza humana pode ser definida
como os traços fundamentais que todo homem é portador, independentemente do
tipo de cultura ou de sociedade em que esteja inserido. Na natureza, o homem
seria livre, virtuoso, piedoso, amoral, sem sociedade, sem Estado, sem
tecnologia, sem dinheiro e sem propriedade. A liberdade é a capacidade de
dispor de sua vida de conformidade com seus instintos, sem nenhuma limitação
além daquela imposta pela própria natureza. Na natureza, não haveria bem ou
mal, pois a moral é uma convenção criada socialmente. Segundo Rousseau, não se
pode “confundir o homem selvagem com os homens que temos diante dos olhos”.
Logo, a abordagem de Hobbes, para quem o homem é egoísta por natureza, estaria
equivocada por imputar ao homem natural algo que é, na verdade, característica
da civilização.
Quando o homem passou do Estado de Natureza para o Estado de Sociedade
ou Estado de Civilização? Em certo momento na história, alguém passou a
escravizar outros homens, utilizando a força, criando a propriedade privada, o
Estado e suprimindo a sua liberdade natural. A desigualdade – opondo ricos e
pobres, governantes e governados – seria a fonte primeira de todos os males
sociais, a origem primordial de todas as outras desigualdades, da qual surgiram
a exploração e a escravidão. A passagem do Estado de Natureza para a sociedade
é uma ruptura na qual o homem acaba por distanciar-se de sua essência. A
sociedade, então, condenou o homem a todos os tipos de crime, inveja, cobiça,
guerras, mortes, horrores, sede de poder e vaidade. A alma do homem foi se
deturpando de forma que, hoje, ele está irreconhecível.
Para existir harmonia e bem-estar, deveria haver uma nova sociedade, na
qual cada um, em vez de submeter-se à vontade de outrem, obedeceria apenas a
uma chamada “vontade geral”, que o homem reconheceria como sua própria vontade.
Como isso ocorreria? A partir de um acordo racional entre os homens, o famoso
Contrato Social.
O Contrato Social é um acordo com a finalidade de criar a sociedade
civil e do Estado. Nele, os homens abdicam de todos os seus direitos naturais
em favor da comunidade, recebendo em troca a garantia de sua liberdade no
limite estabelecido pela lei: “O que o homem perde pelo Contrato Social são a
liberdade natural e um direito ilimitado a tudo o que tenta e pode alcançar; o
que ganha são a liberdade civil e a garantia da propriedade de tudo o que
possui”.
Quando esse acordo não é feito em
liberdade (pacto de submissão), entre partes desiguais,
constrói-se um Estado autoritário. Quando é feito em liberdade (pacto de liberdade), por livre vontade, entre partes
que estejam em pé de igualdade, tem-se a democracia. Nessa democracia, a
soberania, portanto, não residiria no rei, como dizia Hobbes, mas nos cidadãos,
os quais escolheriam seu governante segundo as próprias necessidades. É a
chamada soberania popular, ou seja, a
vontade suprema seria a Vontade Geral dos cidadãos.
Esse Estado garantiria a liberdade dos homens e a obediência, já que
todos reconhecem as autoridades como legítimas e percebem que o propósito do
Estado é garantir o bem comum. Como todos aceitam a legitimidade desse Estado,
obedecê-lo é como obedecer a si mesmo. Nessa sociedade domina a lei, e não a
vontade política dos que governam. Filosofo Contratualista
Outros Filósofos Contratualistas: Thomas Hobbes e John Locke
Outros Filósofos Contratualistas: Thomas Hobbes e John Locke
PRINCIPAIS OBRAS
Discurso sobre as Ciências e as Artes; Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os
Homens; Do Contrato Social; Emílio ou Da Educação.
A
obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens,
de Jean-Jacques Rousseau, é dividido em três partes: a primeira é a
Dedicatória, seguida do Prefácio e por último o próprio Discurso.
No "Discurso sobre as ciências e as artes"
com que concorreu ao prêmio da Academia de Dijon, Rousseau argumenta que a
restauração das artes e ciências não contribuíram para a purificação do gênero
humano mas para sua corrupção. Ao ser a obra publicada, a censura cortou vários
trechos do original: muitas passagens contra a tirania dos reis e a hipocrisia
do clero foram eliminadas. O subtítulo "Liberdade" foi retirado.
Porém, ele ataca as ciências e especialmente as artes e literatura como
escravisadoras e corruptoras e como instrumento de propaganda e fonte de mais
riqueza nas mãos dos ricos.
Do contrato social ou
O contrato social pode ser considerada a obra prima do suíço Jean-Jacques
Rousseau: parte de um obra mais extensa, as Instituições Políticas, que, por
não ter sido completada, teve suas partes menos importantes destruídas pelo
autor. Trecho "mais considerável" e "menos indigno de ser
oferecido ao público" (segundo Rousseau, na "Advertência" de
"Do contrato social". Nesta obra, Rousseau expõe a sua noção de
Contrato Social, que difere muito das de Hobbes e Locke: para Rousseau, o homem
é naturalmente bom, sendo a sociedade, instituição regida pela política, a
culpada pela "degeneração" do mesmo.
Rousseau publicou Emílio, ou da Educação, que se trata de um romance
pedagógico, contando a educação de Emílio. Rousseau partia do pressuposto de
que o homem nascia naturalmente bom e que a sociedade é quem o corrompia,
tornando-o mau. Seu principal objetivo é evitar que a criança se torne má e
fazer com seja um adulto bom.
Na época em que
Rousseau vivia não se tinha a ideia de criança, apenas de que essas eram
“pequenos” adultos; a punição era a mesma para ambos. De acordo com seu texto,
não se conhecia a infância, “eles (homens) procuram o homem na criança, sem ao
menos pensar no que ela é antes de ser homem”. Para ele, a criança deveria ser
entendida em sua complexidade, ou seja, por suas próprias características.
Sob esta
perspectiva, para Rousseau, quem separa o adulto da criança é a educação. Seu
principal foco é a valorização da criança como criança e, para ele, a educação
é o principal meio de valoriza-la. Ela deve ser tratada como criança, porém não
em excesso, pois o excesso para ele é “manha”.
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