Materialismo em Filosofia é um sistema que admite que as chamadas condições
concretas materiais, são suficientes para explicar todos os fenômenos que se
apresentam à investigação, inclusive os fenômenos mentais, sociais e
históricos.
Materialismo Histórico
Materialismo histórico é uma doutrina social-filosófica que
considera as formas de produção econômica como os únicos fatores realmente
determinantes do desenvolvimento histórico e social. As demais esferas
culturais, como religião, moral, direito, Estado, ciência, arte e filosofia são
meras derivações que representam uma espécie de superestrutura sobre a
infraestrutura econômica. A origem do materialismo histórico está ligada ao
filósofo alemão Karl Marx (1818-1883).
A crescente sofisticação do conhecimento
levou o homem a duvidar da milenar explicação mágica do mundo e a tentar
compreendê-lo com teorias que, baseadas na experiência objetiva, abrangessem
desde a natureza e a origem da vida e do universo até a relação do próprio ser
humano com essa realidade. Essas teorias dividiram-se de modo esquemático em
duas grandes tendências: materialismo e idealismo.
Materialismo é toda concepção filosófica que aponta a matéria como
substância primeira e última de qualquer ser, coisa ou fenômeno do universo. Para os materialistas, a única realidade é a matéria em movimento, que,
por sua riqueza e complexidade, pode compor tanto a pedra quanto os
extremamente variados reinos animal e vegetal, e produzir efeitos
surpreendentes como a luz, o som, a emoção e a consciência. O materialismo
contrapõe-se ao idealismo, cujo elemento primordial é a ideia, o pensamento ou
o espírito.
Evolução Histórica
Tales de Mileto e outros filósofos
pré-socráticos, já no século VI a.C., argumentavam que a filosofia devia
explicar os fenômenos pela observação da realidade e não pelos mitos
religiosos. Todos os fenômenos da natureza consistiriam em transformações do mesmo
princípio material, sem intervenção divina. Empédocles apontou a existência de
quatro elementos substanciais: a terra, a água, o fogo e o ar.
A tradição materialista na filosofia
ocidental, porém, começou com Demócrito, no século V a.C., que afirmou que tudo
que existe compõe-se de átomos (partículas invisíveis de matéria) em constante
movimento no espaço vazio. Esses átomos se associam ou se separam de acordo com
seu formato. Conhecida como atomismo, a teoria explicou as mudanças nas coisas
como conseqüência de mudanças na configuração de átomos imutáveis. A
diversidade quantitativa dos átomos (forma, dimensão e ordem) determinaria os
diferentes fenômenos da natureza.
Epicuro, o mais influente dos
materialistas gregos, confirmou a teoria de Demócrito mas atribuiu aos átomos a
propriedade de se desviarem de suas rotas, o que explicaria o encontro entre
eles. Com essa hipótese, Epicuro procurou demonstrar que a origem do movimento
está na própria natureza, é inerente a ela e prescinde de intervenção divina.
Na sistematização que fez do
conhecimento da época, Aristóteles pretendeu conciliar as vertentes
materialista e idealista da filosofia grega. Seu pensamento representou um
compromisso entre a ciência e a teologia a tal ponto que foi utilizado, no
final da Idade Média, como instrumento de defesa da fé cristã.
Desenvolvimento Posterior
Ao longo da Idade Média, o idealismo
platônico e depois o aristotelismo dominaram o pensamento ocidental. Com o
Renascimento, e sob a influência do progresso das ciências naturais e da
técnica, o materialismo ressurgiu em suas diversas concepções. Nos séculos XVI
e XVII, na Inglaterra, Francis Bacon defendeu o materialismo naturalista;
Thomas Hobbes criou um sistema materialista baseado nas concepções de
Descartes; e Locke investigou a origem, a essência e o alcance das idéias por
meio das quais o conhecimento se constitui. Na França, Descartes lançou os
fundamentos do materialismo mecanicista com sua teoria dualista, que separa
radicalmente espírito e matéria. Na Itália, Tommaso Campanella e Giordano Bruno
defenderam o pampsiquismo, segundo o qual toda matéria tem um ímpeto interior
que adquire qualidade anímica ou consciente. A integração dos átomos em
moléculas gigantes e matéria viva propicia o surgimento da memória e, no homem,
a consciência.
A idéia atingiu plena maturidade com
Spinoza, filósofo judeu-holandês que assegurou que matéria e alma constituem os
aspectos externo e interno de uma mesma coisa, a natureza, que se confunde com
Deus. No século XVIII, as teorias materialistas mecanicistas mais consistentes
surgiram na França com os iluministas, sobretudo Condillac e Diderot. No século
XIX, com os avanços científicos em diversas áreas, em particular a teoria
evolucionista de Darwin, as concepções materialistas tiveram grande impulso.
Destaca-se o epifenomenismo, defendido pelo britânico Thomas Huxley, que
sustentou que os processos mentais prescindem de relevância causal e só os
processos físicos dão causa a outros.
Em meados do século XX, Karl Popper,
filósofo britânico de origem austríaca, distinguiu quatro tendências
materialistas na filosofia ocidental: o epifenomenismo de Huxley, a teoria da
identidade, o pampsiquismo e o materialismo ou fisicalismo radical. A figura
principal da teoria da identidade é o filósofo alemão Herbert Feigl, para quem
os processos mentais não passam de processos físicos. O pampsiquismo
espinozista foi retomado pelo britânico Conrad Hal Waddington e o alemão
Berhard Rensch. O materialismo radical foi representado pelo americano Willard
von Ormar Quine, que sustentou a inexistência dos processos conscientes e
mentais. O problema da dualidade entre o corpo e o espírito desaparece, uma vez
que só a matéria existe. Logo, no homem, só o corpo existe.
Na era contemporânea, o novo saber
científico que inclui a teoria da relatividade e a mecânica ondulatória parecia
ameaçar a base do materialismo, mas outras descobertas no domínio da
bioquímica, da física e da psicologia fisiológica, assim como tecnologias como
a informática tornaram mais plausíveis as concepções do materialismo e levaram
ao ressurgimento do interesse em torno de suas teorias centrais. A física
constatou, por exemplo, que a matéria é formada não de átomos, mas de elétrons,
prótons, mésons e outras partículas subatômicas e que não há distinção entre
matéria e energia. O fisicalismo, portanto, admite que matéria é tudo aquilo
que a física afirma que existe.
O progresso na tecnologia de
computadores, que substituem o homem em muitas atividades intelectuais
rotineiras como o cálculo, renovou a discussão sobre a natureza da inteligência
e levou a reiteradas tentativas de criar inteligência artificial, que
substituiria a mente humana e provaria que, como o cérebro, ela se compõe de
matéria.
Materialismo Dialético
A doutrina marxista é uma ciência à qual
o pensador alemão Karl Marx deu o nome de materialismo histórico e cujo objeto
são as transformações econômicas e sociais, determinadas pela evolução dos
meios de produção. O materialismo dialético pode ser definido como a filosofia
do materialismo histórico, ou o corpo teórico que pensa a ciência da história.
Os princípios fundamentais do materialismo dialético são quatro:
(1) a história da filosofia, que aparece como uma sucessão de doutrinas
filosóficas contraditórias, dissimula um processo em que se enfrentam o
princípio idealista e o princípio materialista;
(2) o ser determina a consciência e não inversamente;
(3) toda a matéria é essencialmente dialética, e o contrário da
dialética é a metafísica, que entende a matéria como estática.
(4) a dialética é o estudo da contradição na essência mesma das coisas.
Baseado na dialética de Hegel, segundo a
qual o progresso das ideias se dá pela sucessão de três momentos - tese,
antítese e síntese -, o materialismo dialético pretende ser, ao mesmo tempo, o
fim da filosofia e o início de uma nova filosofia, que não se limita a pensar o
mundo, mas pretende transformá-lo.
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