Michel de Montaigne (1533-1592) foi um escritor,
ensaísta, jurista e filósofo francês, o inventor do gênero ensaio.
Michel de Montaigne
nasceu no dia 13 de setembro de 1592, na Dordonha, no castelo de Montaigne,
França, nome que adotou como sobrenome quando herdou a propriedade. Filho de
mãe descendente de judeus portugueses, foi educado em latim e mostrou interesse
por história e poesia.
Michel de Montaigne
começou sua carreira profissional na área do Direito. Exerceu funções na
magistratura em Perígoux e Bordeaux. Demonstrou fortes atrações pelos debates e
questões que envolvia a tolerância religiosa e o etnocentrismo. Uma grande
prova disso foi o debate que realizou no parlamento de Bordeaux, defendendo a
discussão e as diferenças de religião através de ideias e não pela guerra.
Atuou na política, sendo prefeito de Bordeaux entre 1580 e 1581.
Michel de Montaigne
foi condecorado, em 1571, pelo rei Henrique III com a ordem de Saint-Michel e
nomeado Cavalheiro ordinário da Câmara do rei, também foi honrado por Henrique
IV em 1577 com o título de Cavaleiro de sua Câmara. Elegeu-se prefeito de
Bordeaux e exerceu o cargo entre 1580 e 1581.
Em Montaigne o "conhece a ti mesmo" não pode nos dar uma
resposta sobre a essência do homem. Quando alguém conhece a si mesmo
está conhecendo a singularidade e não a totalidade do homem. Conhecer a nós
mesmos não é a garantia de conhecer os outros. Para melhor nos
conhecermos podemos refletir sobre a experiência dos outros e nos vermos refletidos
nelas, mas isso não significa que conhecemos os outros, pois todos somos
claramente diferentes.
Como
cada ser humano apresenta múltiplos aspectos e cada um tem suas características
próprias, não é possível estabelecer regras para todos os homens. Não podemos
indicar algo que seja comum a todos, cada
indivíduo tem que elaborar seu próprio conhecimento, sua sabedoria particular,
que vai ser a sua medida para conhecer a si mesmo. Conhecendo a si mesmo o
homem também regressa a si, o que é um dos princípios do renascimento.
Montaigne se preocupa também com
a condição existencial do ser humano. A existência é um problema,
uma pergunta que nunca poderá ser respondida. A nossa
existência é uma experiência constante e constantemente também deve explicar a
si própria. Cada pessoa traz em si a condição existencial de toda humanidade. Ele
busca descrever o homem descrevendo a si mesmo. Ele e o homem são
um milagre em si mesmo.
Em
seus escritos ele diz utilizar a própria vida como filosofia. A sua filosofia é
um relato autobiográfico, pois para ele cada indivíduo tem em si a capacidade
máxima da situação humana. O homem deve buscar ser somente o que ele é, ou seja, um homem, e nada
mais que isso. Não podemos fazer nada melhor do que sermos humanos. De nada
adianta criarmos fantasias de que seremos algo mais elevado do que humanos que
somos. Aspirarmos ser algo além de homens é inútil e pode nos causar
danos morais.
Ele afirma ainda que a morte faz parte da nossa condição de humanos. Nós somos uma mescla de vida e morte e
ambas confundem-se em nós. Aprender a viver é aprender a morrer. Quando assumimos nossa condição mortal
tendemos a estimar mais a vida que temos. A morte nos
faz desejar viver mais e melhor.
Sentenças:
- É melhor uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia.
- Do medo é que eu tenho mais medo.
- Quem ensinar os homens morrer vai também ensinar a viver.
- O verdadeiro espelho dos nossos discursos é nossa vida.
- A mais sutil loucura é feita da mais sutil sabedoria.
- Cada homem tem em si a condição inteira da humanidade.
- As mais belas almas são as que têm mais variedade e flexibilidade.
- Quem tem medo do sofrimento já está sofrendo.
- A palavra é metade quem fala e metade quem ouve.
- A covardia é a mãe da crueldade.
- O lucro de um é o prejuízo de outro.
- Não estamos nunca junto de nós, mas sempre para além de nós mesmos.
- Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos.
- O casamento é uma gaiola em que os pássaros que estão fora querem
entrar e os que estão dentro querem sair.
- O melhor casamento seria entre uma mulher cega e um marido surdo.
- Quem não tem boa memória não deve mentir.
- Mesmo no mais alto trono continuaremos sentados sobre nosso traseiro.
No fim da vida,
preferiu vida reclusa a fim de escrever o que seria seu trabalho central,
“Ensaios”, cuja obra tinha sido começada desde 1572. No livro, Montaigne
discorria sobre praticamente todos os assuntos relevantes da época. A maneira
que escrevia, como um simples observador e abordando pontos de vista bastante
pessoais acabou por criar um novo gênero, o ensaio. A proposta de Montaigne era
mais questionadora e crítica, pois não estava preocupado em estabelecer teses
científicas.
Michel de Montaigne
faleceu no Castelo de Montaigne, França, no dia 13 de setembro de 1592.
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