HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE XI - Introdução às obras Aristotélica.
Aristóteles nasceu em 384 a.C.
em Estagira, na região da Macedônia. Por isso, ele também é conhecido como “o
Estagirita”. Estagira era uma colônia grega encravada no território do reino da
Macedônia, numa região portuária ao norte do mar Egeu. Aristóteles era
descendente de uma família ligada à medicina.
Seu pai, Nicômaco, era médico de Amintas, rei da Macedônia.
Por volta dos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia
de Platão, onde permaneceu por cerca de 20 anos. Após a morte de Platão (347
a.C.), decepcionado por não ter sido escolhido sucessor do seu mestre (o
escolhido foi Espeusipo, sobrinho de Platão), Aristóteles abandonou Atenas e
passou a morar na polis de Assos e, mais tarde, em Mitilene, na ilha de Lesbos.
Em 343 a.C., foi convidado por Filipe, o novo rei da Macedônia,
para ser o preceptor de seu filho Alexandre. Aristóteles exerceu essa função
até 336 a.C., quando Filipe morreu assassinado e Alexandre tornou-se rei.
Um pouco antes de morrer, o rei Filipe havia invadido e anexado à
Macedônia uma boa parte das poleis gregas, inclusive a polis de
Atenas. Ao assumir o trono, Alexandre ofereceu a Aristóteles a direção da
Academia como uma recompensa pelo seu trabalho de educador. No entanto,
Aristóteles não quis retornar à Academia através de uma imposição do rei e
solicitou a este que lhe concedesse uma propriedade na qual pudesse fundar sua
própria escola. O rei atendeu o seu pedido e Aristóteles recebeu um grande
terreno no qual construiu uma instituição de ensino inovadora, que recebeu o
nome de Liceu.
Diferente da Academia, que dava muita importância à geometria, os
estudos no Liceu concentravam-se sobre o que hoje poderíamos chamar de
"ciências naturais". Mais do que uma edificação com salas de aula, o
Liceu era uma chácara onde Aristóteles colecionava espécimes animais e vegetais
que seus colaboradores lhe enviavam de todas as partes do mundo conhecido.
Sempre que possível o mestre incluía em suas aulas uma parte de observação
direta. Assim, era comum os debates ocorrerem durante passeios pelos caminhos
do Liceu. Por esse motivo, os discípulos de Aristóteles passaram a ser chamados
de peripatéticos (que em grego significa: os que passeiam).
Ao longo dos quinze anos em que foi dirigido diretamente por
Aristóteles, o Liceu se tornou o maior centro de investigação filosófica e
científica do mundo helênico, com o patrocínio do imperador Alexandre.
Com a morte de Alexandre, em 321 a.C., os gregos passam a lutar
pela independência de suas poleis e Aristóteles passou a ser visto como
uma figura que representava a dominação macedônica. Para “não permitir que
Atenas pecasse pela segunda vez contra a filosofia” (a primeira tinha sido a
execução de Sócrates), Aristóteles fugiu para Cálcis, na Eubéia, onde morreu no
ano seguinte com 63 anos.
Após a saída de Aristóteles, a direção do Liceu foi confiada ao seu
discípulo Teofrasto. No entanto, a maior parte dos peripatéticos abandou
Atenas. A partir daí, a escola estendeu suas atividades também a dois novos
centros: a Ilha de Rodes e Alexandria. Entre os seguidores do Liceu,
destacaram-se Eudemo de Rodes e, mais tarde, já no século I a.C., Andrônico de
Rodes.
Corpus aristotelicum é o nome dado ao
conjunto dos escritos de Aristóteles. Segundo os relatos de historiadores antigos,
ele escreveu mais de 400 livros, mas somente uma pequena parte dessa obra
chegou até os nossos dias.
Após a morte de Aristóteles, vários livros foram escondidos. Foi
somente no ano 50 a.C. que Andrônico de Rodes, então diretor do Liceu,
descobriu os livros que haviam ficado perdidos por cerca de trezentos anos.
Andrônico os organizou e passou a divulgá-los.
Por aproximadamente cinco séculos, a obra aristotélica ganhou
novamente uma posição de destaque no pensamento ocidental. No entanto, a
ascensão do cristianismo e a queda do Império Romano fizeram com que ela mais
uma vez fosse quase que totalmente esquecida.
Preservada principalmente pelos filósofos árabes, algumas obras de
Aristóteles sobreviveram à Idade Média e outras acabaram se perdendo.
Somente será possível entender o pensamento aristotélico conhecendo
a sua vasta obra com os textos que atualmente compõem o corpus aristotelicum
são os seguintes:
Organon [Livros de lógica]: Categorias; Sobre a Interpretação; Primeiros
Analíticos; Segundos Analíticos; Tópicos; Argumentos Sofísticos.
Livros de física: Física; Sobre o
Céu; A Geração e a Corrupção; Meteorológicos.
Livros de metafísica: 14 livros sobre filosofia primeira; (Foi Andrônico quem atribuiu
a estes livros a denominação de Metafísica (literalmente "depois da
física”), indicando com esse termo a posição desses livros na classificação
geral da obra aristotélica: eles ficariam logo após os livros que tratam da
física).
Livros de psicologia: Da Alma, Parva Naturalia
Livros de biologia: História dos
Animais; Partes dos animais; Do movimento dos animais; Da marcha dos animais;
Da geração dos animais.
Livros de ética: Ética a
Nicômaco; Ética a Eudemo; Grande Moral
Livros sobre a linguagem e a estética: Retórica;
Poética
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