Giordano Bruno (1548 - 1600)
Para Bruno o universo é constituído de um único corpo, mas as coisas singulares são ordenadas com precisão e estão conectadas com todas as
outras coisas. O que fundamenta essa organização são as ideias, que são
princípios eternos e imutáveis. Cada coisa particular é uma imitação, uma
imagem ou a sombra da realidade ideal que a orienta. Nossa mente também segue
essa estruturação universal e nossas ideias não são eternas e imutáveis, mas
são o reflexo, o vulto das ideias que não se alteram.
Mesmo nossas ideias sendo a sombra de algo imutável, através delas
podemos chegar ao verdadeiro conhecimento se encontrarmos um método que consiga
assimilar e compreender a complexidade da realidade. Esse método tem que ter a
capacidade de entender essa estrutura universal ideal que sustenta todo
universo.
Para Giordano o método para entender a unicidade e a multiplicidade
do universo é a memória. A memória nos permite impedir que nossa mente se
confunda com o grande número de coisas que existem no universo e com os
conceitos e representações dessas coisas. Essas representações são sombras das
ideias divinas e a memória serve para fixar em nossa mente essas imagens.
Através de exercícios de memória podemos colocar em nossa mente um grande
número de reflexos das coisas e das ideias divinas, o que torna mais sólida
nossa capacidade intelectiva e mais eficaz nossa ação sobre o mundo. Para
atingir esses objetivo é que Giordano Bruno foi grande estudioso e professor de
mnemônica, que é o estudo de técnicas para facilitar a memorização.
Bruno sustenta ainda que o universo é infinito, e como infinito não
tem um centro nem uma circunferência.
Em seus estudos sobre ética Bruno culpa o cristianismo de inverter
os valores morais de sua época. O cristianismo tornou a crença sem reflexão em
uma sabedoria, a hipocrisia humana em conselho divino, a corrupção da lei
natural em piedade religiosa, o estudo em loucura, a honra em riqueza, a
dignidade em elegância, a prudência na malícia, a traição na sabedoria e a
justiça na tirania.
Para combater essa situação Giordano cria uma escala de valores onde em primeiro lugar está a verdade, em segundo a prudência e em terceiro a sabedoria. Em quarto lugar está a lei, que regula o
comportamento das pessoas e na sequência, a força de espírito que é a virtude
interior.
Deus, para o filósofo Bruno, não pode ser conhecido pelas suas
consequências nem por suas obras, da mesma forma que não podemos conhecer o
escultor pela estátua. Não podemos conhecer Deus porque Ele está muito além da
nossa capacidade intelectiva. O caminho mais digno para nos aproximarmos de
Deus é através da sua revelação.
Mas Deus como objeto de estudos da filosofia, é a própria natureza.
E como natureza Deus é o motivo e a origem do universo. É motivo porque Ele é
que define as coisas que formam o universo. E é origem porque é Ele quem dá a
existência para as coisas do universo. Deus é o intelecto universal que anima,
serve de base e governa o mundo.
Sentenças:
- Deus é tudo em tudo, mas não em cada parte.
- O tempo tudo tira e tudo dá; tudo transforma e nada destrói.
- Não existe satisfação sem tristeza.
- A poesia não nasce das regras.
- Somos a causa de nós mesmos.
- O universo é uno, infinito e imóvel.
- Os homens mais devotos e santos, um dia foram chamados de asnos.
- Não é a matéria que causa o pensamento, mas o pensamento que
causa a matéria.
- O homem não tem limites, e um dia se dará conta disso e será
livre, ainda neste mundo.
- O amor torna o velho louco e o jovem sábio.
- A ignorância é a mã
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