Pensamento
platônico I
O Mito da Caverna
O Mito da Caverna
Platão é o grande discípulo de Sócrates e, como já anteriormente
referido, assume a tarefa de imortalizar o mestre fazendo-o, com empenho, por
meio de suas obras.
Estas obras costumam ser organizadas por períodos listando-se os
denominados Diálogos Socráticos na primeira fase de produção; pertencem à fase intermediária a República, Fédon, Fedro, Banquete e na última fase, na época da maturidade são
colocados, entre outros, Teeteto, Político, Sofista, Parmênides, As Leis.
Na verdade não existe concordância absoluta sobre os períodos em
que foram escritos nem sobre a autenticidade da totalidade dos textos.
Um exemplo pode ser encontrado no comentário introdutório realizado
por Emílio Lledó Iñigo na edição dos Diálogos I, de Platão publicado pela
Editorial Gredos de Madrid. Nas páginas 53-55 traça um quadro comparativo das
discrepâncias quanto às fases nas quais foram produzidas as obras, segundo
alguns autores.
Em face dos sofistas propagadores da relatividade, Platão defende o conhecimento;
contra a licenciosidade dos costumes,
opõe a educação. E Platão confia na
razão, desconfia dos sentidos e esclarece o processo de conhecimento. É
possível apresentar as várias concepções
de Platão interpretando o significado dos mitos relatados em vários de seus textos.
O mito, em Platão, não tem a mesma finalidade que se mostrou
existir na fase mítica do pensamento
humano porque caracteriza um estilo
literário para comunicar uma mensagem destinado a cativar, convencer, ensinar e
é utilizado como um método para facilitar a busca da verdade.
Para Platão são três os níveis do conhecimento: a ignorância, a opinião e a ciência.
A ignorância é a falta de conhecimento, é a negação do saber.
A opinião é o conhecimento das coisas mutáveis que existem no mundo sensível.
A ciência é a verdadeira sabedoria, o conhecimento das coisas imutáveis.
Para facilitar a transmissão de seus pensamentos Platão faz uso de
um mito célebre: o Mito da Caverna.
Nesse mito Platão relata que, numa caverna escura, estão alguns homens presos, acorrentados e voltados
para o fundo da caverna sem poderem olhar para outro lado. Na frente dessa
caverna há uma abertura por onde penetra a luz e diante dela passam pessoas
conversando e carregando toda sorte de objetos.
Os homens presos ouvem vozes, veem a sombra das pessoas e dos
objetos que carregam projetados no fundo da caverna. Vendo as sombras,
acreditam conhecer o real.
Se um desses homens se libertar e voltar-se para a luz, de imediato
seus olhos ficarão cegos pelo excesso de claridade a que não estavam
acostumados e precisará, aos poucos, habituar os olhos à luz. Quando sair da
caverna constatará que existe um mundo concreto, diferente daquele que pensara
antes, vendo sombras. (PLATÃO, L.VII 514a - 519d).
Existe neste texto de Platão o ensinamento sobre o conhecimento.
Os presos na escuridão
representam aqueles que vivem na
ignorância.
O homem comum habita e participa da vida da Polis, mas num mundo de coisas fugazes, capta o
aparente e se acomoda passivamente com ele, não se preocupa em procurar a
realidade.
A sombra lhe é suficiente.
Desconhece o mundo, mas julga conhecê-lo.
O homem que se volta
para a luz e tem os olhos turbados é o homem da opinião. Contenta-se em
conhecer as coisas mutáveis, partes do mundo sensível.
A opinião, a doxa como a
chama Platão, não é fato porque se relaciona às paixões, aos interesses
particulares, que induzem a ver as coisas sob a ótica mais interessante aos desejos
subjetivos e circunstanciais. Por isso é regida pelo constante fluxo da mutabilidade,
do devir. Mas ainda não se completou a trajetória, pois a libertação é tarefa
custosa.
Exige livrar-se da segurança das correntes para voltar-se ao desconhecido,
causa a cegueira, a dor nos olhos. Mas o homem ainda está em caminho. Debate-se
entre a ilusão, a conjetura e a crença, entre o que está na penumbra e o que os
olhos, mesmo mal, podem ver e o que está na luz e não consegue enxergar.
Quem atinge a luz
conquista a sabedoria e conhece as coisas imutáveis, perfeitas existentes no mundo
das ideias. É o conhecimento do ser que
é plenamente inteligível, das essências imutáveis apreendidas pela intuição,
indicando que há algo estável, permanente, imutável, para se poder compreender
uma coisa em si, não redutível ao que os sentidos veem maculados pelas paixões,
requerendo ingente esforço de captar o inteligível que aí está. Este homem
é capaz de comparar o estágio do conhecimento (ou a falta de conhecimento)
anterior com o alto grau da sabedoria que agora tem; sente-se penalizado pelos
outros e feliz pelo dom alcançado quando saiu da caverna.
Portanto a ascensão no conhecimento não é algo repentino. É
uma conquista árdua, exige empenho, esforço, dedicação e coragem para vencer os
obstáculos que continuamente se interpõem.
Mundo Inteligível é o Mundo das ideias, descrito no mito da caverna
de Platão. É resumidamente a ideia de que fazemos das coisas, o ideal. Ex.: sabemos o que é uma
cadeira, independente de sua forma, pela ideia de "cadeira" que
possuímos.
Mundo Sensível, pelo contrário,
seria o Mundo material, o que
tocamos. Acima está a pintura do quadro chamado Escola de Atenas em que Platão
e Sócrates estão no centro
exatamente discutindo sobre isso. Aristóteles
aponta pra baixo, pro Mundo sensível.
Enquanto Platão para o alto, que
seria o mundo inteligível ou das Ideias.
Com um toque de seu
mestre Sócrates, de quem Platão aproveita a noção de logos, está criada a teoria platônica e a distinção dos
mundos sensíveis e inteligíveis.
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