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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE VII - Pensamento platônico I Mito da Caverna


Pensamento platônico I
O Mito da Caverna
Platão é o grande discípulo de Sócrates e, como já anteriormente referido, assume a tarefa de imortalizar o mestre fazendo-o, com empenho, por meio de suas obras.
Estas obras costumam ser organizadas por períodos listando-se os denominados Diálogos Socráticos na primeira fase de produção; pertencem à fase intermediária a República, Fédon, Fedro, Banquete e na última fase, na época da maturidade são colocados, entre outros, Teeteto, Político, Sofista, Parmênides, As Leis.
Na verdade não existe concordância absoluta sobre os períodos em que foram escritos nem sobre a autenticidade da totalidade dos textos.
Um exemplo pode ser encontrado no comentário introdutório realizado por Emílio Lledó Iñigo na edição dos Diálogos I, de Platão publicado pela Editorial Gredos de Madrid. Nas páginas 53-55 traça um quadro comparativo das discrepâncias quanto às fases nas quais foram produzidas as obras, segundo alguns autores.
Em face dos sofistas propagadores da relatividade, Platão defende o conhecimento; contra a licenciosidade dos costumes, opõe a educação. E Platão confia na razão, desconfia dos sentidos e esclarece o processo de conhecimento. É possível apresentar as várias concepções de Platão interpretando o significado dos mitos relatados em vários de seus textos.
O mito, em Platão, não tem a mesma finalidade que se mostrou existir na fase mítica do pensamento humano porque caracteriza um estilo literário para comunicar uma mensagem destinado a cativar, convencer, ensinar e é utilizado como um método para facilitar a busca da verdade.
Para Platão são três os níveis do conhecimento: a ignorância, a opinião e a ciência.

A ignorância é a falta de conhecimento, é a negação do saber.

A opinião é o conhecimento das coisas mutáveis que existem no mundo sensível.
A ciência é a verdadeira sabedoria, o conhecimento das coisas imutáveis.
Para facilitar a transmissão de seus pensamentos Platão faz uso de um mito célebre: o Mito da Caverna.Resultado de imagem para MITO DA CAVERNA
Nesse mito Platão relata que, numa caverna escura, estão alguns homens presos, acorrentados e voltados para o fundo da caverna sem poderem olhar para outro lado. Na frente dessa caverna há uma abertura por onde penetra a luz e diante dela passam pessoas conversando e carregando toda sorte de objetos.
Os homens presos ouvem vozes, veem a sombra das pessoas e dos objetos que carregam projetados no fundo da caverna. Vendo as sombras, acreditam conhecer o real.
Se um desses homens se libertar e voltar-se para a luz, de imediato seus olhos ficarão cegos pelo excesso de claridade a que não estavam acostumados e precisará, aos poucos, habituar os olhos à luz. Quando sair da caverna constatará que existe um mundo concreto, diferente daquele que pensara antes, vendo sombras. (PLATÃO, L.VII 514a - 519d).
Existe neste texto de Platão o ensinamento sobre o conhecimento.
Os presos na escuridão representam aqueles que vivem na ignorância.
O homem comum habita e participa da vida da Polis, mas num mundo de coisas fugazes, capta o aparente e se acomoda passivamente com ele, não se preocupa em procurar a realidade.
A sombra lhe é suficiente.
Desconhece o mundo, mas julga conhecê-lo.
O homem que se volta para a luz e tem os olhos turbados é o homem da opinião. Contenta-se em conhecer as coisas mutáveis, partes do mundo sensível.
A opinião, a doxa como a chama Platão, não é fato porque se relaciona às paixões, aos interesses particulares, que induzem a ver as coisas sob a ótica mais interessante aos desejos subjetivos e circunstanciais. Por isso é regida pelo constante fluxo da mutabilidade, do devir. Mas ainda não se completou a trajetória, pois a libertação é tarefa custosa.
Exige livrar-se da segurança das correntes para voltar-se ao desconhecido, causa a cegueira, a dor nos olhos. Mas o homem ainda está em caminho. Debate-se entre a ilusão, a conjetura e a crença, entre o que está na penumbra e o que os olhos, mesmo mal, podem ver e o que está na luz e não consegue enxergar.
Quem atinge a luz conquista a sabedoria e conhece as coisas imutáveis, perfeitas existentes no mundo das ideias. É o conhecimento do ser que é plenamente inteligível, das essências imutáveis apreendidas pela intuição, indicando que há algo estável, permanente, imutável, para se poder compreender uma coisa em si, não redutível ao que os sentidos veem maculados pelas paixões, requerendo ingente esforço de captar o inteligível que aí está. Este homem é capaz de comparar o estágio do conhecimento (ou a falta de conhecimento) anterior com o alto grau da sabedoria que agora tem; sente-se penalizado pelos outros e feliz pelo dom alcançado quando saiu da caverna.
Portanto a ascensão no conhecimento não é algo repentino. É uma conquista árdua, exige empenho, esforço, dedicação e coragem para vencer os obstáculos que continuamente se interpõem.



Mundo Inteligível é o Mundo das ideias, descrito no mito da caverna de Platão. É resumidamente a ideia de que fazemos das coisas, o ideal. Ex.: sabemos o que é uma cadeira, independente de sua forma, pela ideia de "cadeira" que possuímos.
Mundo Sensível, pelo contrário, seria o Mundo material, o que tocamos. Acima está a pintura do quadro chamado Escola de Atenas em que Platão e Sócrates estão no centro exatamente discutindo sobre isso. Aristóteles aponta pra baixo, pro Mundo sensível. Enquanto Platão para o alto, que seria o mundo inteligível ou das Ideias.
Com um toque de seu mestre Sócrates, de quem Platão aproveita a noção de logos, está criada a teoria platônica e a distinção dos mundos sensíveis e inteligíveis.

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