Pensamento
socrático
Sócrates é uma figura
particularmente importante, pois tradicionalmente se divide a filosofia antiga
em antes e depois dele. É dessa divisão que surgiu o termo Pré-socráticos, para se referir a grandes pensadores da
Antiguidade, como Tales, Anaximandro, Heráclito, Parmênides, entre outros, que
são considerados os pioneiros em
articular uma forma de pensar – e expressar esse pensamento –, que não poderia
se confundir com as narrativas mitológicas nem literárias.
Afinal, nessa época essa divisão não era nítida,
pois não existia ainda a constituição da filosofia como um gênero discursivo
capaz de se diferenciar da poesia ou dos gêneros líricos ou épicos, comuns na
Antiguidade.
Sócrates nada deixou
de escrito, certo? Essa conclusão vem do fato de que a sua filosofia era
praticada na praça pública (a ágora) de Atenas, e isso nos remete ao tempo em que
tanto a filosofia quanto a literatura eram ainda discursos apenas falados, ou
seja, que se realizavam por meio da oralidade.
A palavra se torna, então, “o instrumento político por excelência, a chave de toda
autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem” (Vernant,
2002, p. 54). E isso aconteceu de maneira diferenciada em Atenas, pela sua
própria estrutura política. Lá, diferente de outras cidades-estados, como
Esparta ou Tebas, passou-se a adotar um sistema em que todos os cidadãos decidiriam as questões importantes para a
cidade, em uma reunião na qual todos teriam o direito de falar, e ganhariam as
ideias que fossem defendidas com os melhores argumentos.
É por isso que nesse
sistema o domínio da palavra foi essencial para o sucesso ou não de uma ideia
política e da necessidade de preparar os jovens para o exercício da palavra
durante as audiências públicas, momento no qual surgiram as figuras dos professores de retórica, conhecidos como
sofistas, se pode dizer que foram os
primeiros professores da história.
A
atuação desses professores de gramática e retórica foi decisiva para a elevação
do nível intelectual dos atenienses. No entanto, devido à querela com Platão, a
denominação de sofista ganhou um sentido pejorativo. Porém, não podemos nos
esquecer de que os sofistas foram fundamentais para a estruturação da
democracia na Atenas da Grécia antiga e que foi a partir da sua atuação, como
os primeiros professores de oratória e retórica e outras técnicas de persuasão,
que se pôde afirmar que “a arte política, em certo momento do auge de Atenas,
era essencialmente exercício da linguagem” (Vernant, 2002, p. 55).
Neste contexto Sócrates via os sofistas como aqueles que se
valiam somente da oratória do que Sócrates chamava de (doxa), ou seja, opinião.
Para Sócrates o mais importante era o conhecimento que por sua vez levaria a
verdade (aleteia), por esta razão ele sabia diferenciar muito bem opinião de
conhecimento.
Sócrates partia do princípio da busca pela verdade daquilo
que ele entendia como a essência do homem que tem a consciência de si mesmo. O
foco da filosofia socrática é o ser humano, é a busca pela verdade (aleteia),
ainda que não haja uma verdade absoluta.
Para Sócrates é necessário termos autoconhecimento. Conhece-te
a ti mesmo.
Para Sócrates, a maneira de buscar o conhecimento é através
do diálogo (dialética). O método Socrático é dividido em quatro partes:
Exortação: convite ou chamado para o debate de ideias.
Indagação: após a aceitação ao diálogo deve-se questionar o convidado
para saber as suas opiniões e ideias.
Opinião todos tem, mas será que a pessoa tem conhecimento
para embasar esta opinião.
Ironia: após os questionamentos, Sócrates passa a buscar os pontos
mais contraditórios nas falas do convidado objetivando uma crescente busca por
conhecimento.
Maiêutica (dar a luz): Sócrates passa a indicar caminhos
para que o convidado descubra o conhecimento por si só.
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