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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...


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quarta-feira, 13 de março de 2019

Anaximandro de Mileto - Escola Jônica - Filosofia Physis

Anaximandro de Mileto foi um dos grandes filósofos pré-socráticos da Grécia Antiga.

Discípulo do “Pai da Filosofia”, Tales de Mileto,Anaximandro procurou resolver os problemas filosóficos levantados por seu mestre.
Assim, desenvolveu diversos estudos sobre a natureza, filosofia, política, matemática, astronomia e geografia.
Biografia
Nascido na cidade de Mileto (atual Turquia) em 610 a.C., Anaximandro desenvolveu seus estudos na Escola de Mileto (ou Escola Jônica), fundada por seu mestre Tales de Mileto.
Essa fase da filosofia grega é chamada de pré-socrática, posto que engloba os filósofos que viveram antes de Sócrates.
A Escola de Mileto desenvolveu temas centrados na natureza e seus principais filósofos foram Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.
A grande questão filosófica levantada por eles girava em torno da origem e formação do universo.
Além de filósofo, Anaximandro foi político e professor. Faleceu em sua cidade natal por volta de 547 a. C.
Saiba mais sobre os Filósofos Pré-Socráticos.
Obras
·         Sobre a Natureza
·         Perímetro da Terra
·         Esfera Celeste
·         Sobre as Estrelas Filhas
Principais Ideias: Pensamentos
Seguindo os passos de Tales de Mileto, Anaximandro tentou desvendar o mistério sobre o princípio único e primordial da vida, que para seu mestre, era a água.
Foi assim que ele criou o conceito de “ápeiron”, que difere da “arché” desenvolvida por Tales. Assim, a “arché” inclui um dos quatro elementos como gerador de tudo (água).
Arché é um(ou vários) elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o processo de criação dos seres naturais. Além de estar presente em todas coisas, a arché seria uma atividade, uma força dinâmica que, em conformidade com sua forma de ação, originaria a variedade dos fenômenos naturais.
 Hipótese de Anaximandro: o ápeiron
     A questão é: O que levou ou o que deu condições para Anaximandro propor o ápeiron como sendo *o princípio, num momento em que os filósofos estavam buscando na natureza um elemento físico como o *Princípio de tudo? Por meio da linguagem aprendemos expressar nossa capacidade intelectual, assim, o homem descobriu que é possível, através do raciocínio lógico criar infinitas possibilidades para propor problemas, para, deduzir destes alguma coisa. Assim, como naqueles dias o que mais lhes preocupavam era entender como tudo veio à existência, resolveram propor algumas hipóteses para nortear suas pesquisas. Assim, alicerçada nessas possibilidades, a filosofia continua, a priori, avançando em buscas de respostas sobre tudo o que há e como veio a ser no universo, seja, propondo problemas e as devidas soluções, bem entendido que, paralelo à filosofia estão às investigações empíricas; assim, filosofia e tecnologia científica têm demonstrado que é possível continuar avançando em busca de respostas sobre as origens sem o afã de destruir os mitos e a fé; nesta busca a ética é fundamental para a tolerância das diferenças.
Objetivo:      Propor uma reflexão filosófica, científica e religiosa sobre as hipóteses postas nesses quase três mil anos de questionamentos à teologia bíblica e aos mitos Pré-Socráticos. É impossível não reconhecer que tais questionamentos não provocaram uma revolução epistemológica e tecnológica que têm possibilitado à humanidade grandes conquistas nos mais diversos campos do saber. Porém, as hipóteses com relação ao princípio de todas as coisas continuam precisando ser confirmadas ou negadas cientificamente. 
Justificativa: Segundo os relatos *doxográficos, ele escreveu um livro intitulado Sobre a Natureza, tido pelos gregos como a primeira obra filosófica no seu idioma, restando deste apenas um fragmento e noticias de filósofos e escritores posteriores. “Ampliando a visão de Tales de Mileto, foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total”. Por aproximadamente dois séculos os filósofos da natureza *(Physis) ou Pré-Socráticos, propuseram várias hipóteses em busca de um elemento natural que fosse a causa das origens de tudo o que há. 
Alguns desses elementos foram: a água, o ar, o fogo e a possibilidade de ser uma mistura de água com a terra e outros elementos. Anaximandro, embora esteja entre os naturalistas, sua hipótese está além da física, logo, metafísica; aquilo que é privado de limites. Além dos elementos que compõe as quatro raízes elementares, outros filósofos do período apresentaram outras hipóteses: para os pitagóricos o número é o princípio; para Anaximandro o ápeiron; para Empédocles a água, a terra, o ar e o fogo são as quatro raízes de todas as coisas, ou, o suporte que sustenta tudo o que há; para Anaxágoras “tudo está em tudo” ou ainda “em cada coisa há parte de cada coisa”; (Spinoza, Baruch (1632-1677) bebeu em Anaxágoras para filosofar sobre o panteísmo) (grifo do autor) com Lêucipio e Demócrito deu-se a última tentativa de responder aos problemas propostos no âmbito da filosofia da physis ao descobrirem o conceito de átomo; o átomo não é perceptível pelos sentidos, mas somente pela inteligência.
Além disso, Anaximandro desenvolveu teorias astronômicas. Ele conseguiu medir a distância entre as estrelas e afirmou que a Terra era cilíndrica e estava no centro do universo (obliquidade da eclíptica e o quadrante solar).
Na área da geografia e astronomia foi o primeiro da história a desenhar um mapa celeste e um terrestre.
Há ainda uma teoria de que ele tenha sido o inventor do relógio solar (Gnômon).
O gnômon ou gnómon é a parte do relógio solar que possibilita a projeção da sombra. Considerado, provavelmente, o primeiro instrumento utilizado para indicar a hora do dia, data aproximadamente de 3500 a.C. Favorino relata que Anaximandro de Mileto foi o inventor do gnômon
*O que é Physis?- Physis significa, no contexto dos primeiros filósofos, o conjunto de todas as coisas naturais que existem . A palavra também significa origem. ... Cosmos significa ordem, organização, e é utilizado no contexto dos primeiros filósofos para designar a ordem que existe na physis.
*Doxografia deriva da palavra grega "δόξα", que significa aparecer; opinião + "γραφία"; escrita; descrição. Doxografia é o relato das ideias de um autor quando interpretadas por outro autor, ao contrário do fragmento, que é a citação literal das palavras de um autor por outro.
Em resumo, Anaximandro foi um visionário e suas ideias são atualmente utilizadas na ciência, tendo relação com a Física Moderna.
Frases
Veja abaixo frases que traduzem o pensamento de Anaximandro.
·                     O ilimitado é eterno, imortal e indissolúvel.”
·                     O ilimitado não tem princípio, pois, nesse caso, seria limitado.”
·                     Nosso mundo é um dos muitos mundos que surgem de alguma coisa e se dissolvem no infinito.”
·                     Todos os seres derivam de outros seres mais antigos por transformações sucessivas.”
·                     As estrelas são porções comprimidas de ar, com a forma de rodas cheias de fogo, e emitem chamas a partir de pequenas aberturas.”
Artigo sobre os conceitos de Anaximandro sobre o Ápeiron e Arché



Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.

physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação.
? Afirma que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
? Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o negro acinzenta, embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica úmido; o úmido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera cede lugar ao verão, que cede lugar ao outono, que cede lugar ao inverno; o saudável adoece; o doente se cura; a criança cresce; a árvore vem da semente e produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande; o grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca, etc.). Portanto o mundo está
em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro, quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio, um-muitos, etc., e também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos um, etc. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.


Artigo sobre os Pré-Socráticos

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Tales de Mileto - Escola Jônica - filosofia da physis

Biografia de Tales de Mileto

Tales de Mileto foi reconhecido como o primeiro filósofo do Ocidente e apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga.
Foi um filósofo, matemático e astrônomo grego, considerado um dos mais importantes representantes da primeira fase da filosofia

grega, chamada de Pré-Socrática ou Cosmológica.
Tales de Mileto nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, região da Jônia, na atual Turquia, por volta de 624 a. C. Acredita-se que começou sua vida como mercador, enriquecendo o suficiente para se dedicar ao estudo e realizar algumas viagens. Supõe-se que esteve no Egito onde aprendeu geometria e na Babilônia onde entrou em contato com tabelas e instrumentos astronômicos. Sabe-se que Tales desempenhou funções políticas em sua cidade e que realizou trabalhos nas áreas da filosofia, geometria e astronomia.
A Filosofia Grega
A filosofia grega compreende três períodos: pré-socrático, socrático e pós-socrático. O período pré-socrático compreende os primeiros filósofos propriamente ditos, que foram reunidos em diversas Escolas de pensamentos: Escola Jônica (ou Escola de Mileto), Escola Itálica, Escola Eleática, Escola Atomística e Os Sofistas.
 Ele instituiu a Escola Jônica e estabeleceu conhecimentos sobre a ética, a política, a verdade e a totalidade que ainda são estudados e considerados nos tempos contemporâneos. Na filosofia, Tales girava seus pensamentos em torno de assuntos da natureza e seus elementos: Terra, Ar, Fogo e Água. Ele foi um visionário, percebia a realidade muito além de seu tempo.
A Escola Jônica foi desenvolvida na colônia grega de Jônia, na Ásia Menor, hoje na atual Turquia. Chamados de físicos ou naturalistas, os principais filósofos da Escola Jônica foram: Tales de Mileto, Anaxímenes (585-524 a. C.), Anaximandro (610-546 a. C.) e Heráclito (540-470 a. C.). A preocupação desses filósofos era perguntar e compreende a natureza do mundo, buscando entender a origem de todas as coisas, o princípio delas. Pensavam sobre o elemento primeiro, chegando a conclusões diferentes.
elaboraram teorias hilozoístas, atribuíram movimento próprio e transformação à matéria.
Hilozoísmo: do grego hýle que quer dizer matéria. Entendemos o hilozoísmo como uma concepção filosófica que atribui vida à matéria, capaz de autotransformação e movimento 
A Filosofia de Tales de Mileto
O filósofo Tales de Mileto, o primeiro pensador da escola jônica, admitia como princípio criador de todas as coisas e a essência do Universo, “a água” e explicava: o que é quente, precisa da umidade para viver, todos os germes são úmidos, os alimentos estão cheios de seiva e o que morre resseca. É natural que as coisas se nutram daquilo de que provêm. A água é o princípio da natureza úmida e a Terra repousa sobre a água.
Tales de Mileto foi considerado o precursor do pensamento filosófico, por que pensou a matéria de maneira diferente de como era pensada antes, com interferências divinas e invocações a deuses superiores. Ele acreditava que a matéria sofria transformações ao longo do tempo. Com isso, o filósofo inaugurou o método de observação e especulação diferente das explicações teológicas e religiosas, para todas as coisas, em vigor na época.
Matemático e Astrônomo
Para alguns historiadores da matemática antiga, a geometria demonstrativa iniciou-se com Tales de Mileto. Apesar de não ter deixado nenhuma obra, o que chegou até nós é baseado em antigas referências gregas, que atribuem a ele um bom número de descobertas matemáticas definidas. É atribuído a Tales de Mileto os seguintes fatos geométricos: A demonstração de que os ângulos da base de dois triângulos isósceles são iguais. A demonstração do seguinte teorema: se dois triângulos têm dois ângulos e um lado respectivamente iguais, então são iguais. A demonstração de que todo diâmetro divide um círculo em duas partes iguais. A demonstração de que ao unir-se qualquer ponto de uma circunferência aos extremos de um diâmetro AB obtém-se um triângulo retângulo em C., entre outros.
Como astrônomo, atribui-se a Tales de Mileto a previsão, com grande antecedência, do eclipse do Sol de 28 de maio de 585 a. C., embora muitos historiadores duvidem que os meios existentes na época permitissem tal façanha. Verificou não ser uniforme o círculo da Terra entre os solstícios. Dividiu o ano em 365 dias. Estabeleceu o diâmetro do Sol, acreditava ser a terra um disco achatado, O cálculo da altura das pirâmides entre outros.
Tales de Mileto faleceu em Mileto, Grécia, no ano de 558 a. C.

Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.

physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação.


Os primeiros filósofos, se não o próprio Tales, denominaram esse princípio com o termo de physis, que indica a natureza, não no sentido moderno do termo, mas no sentido original de realidade primeira e fundamental, ou seja, “aquilo que é primário, fundamental e persistente, em oposição àquilo que é secundário, derivado e transitório.

Embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
? Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o negro acinzenta, embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica úmido; o úmido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera cede lugar ao verão, que cede lugar ao outono, que cede lugar ao inverno; o saudável adoece; o doente se cura; a criança cresce; a árvore vem da semente e produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande; o grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca, etc.). Portanto o mundo está
em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro, quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio, um-muitos, etc., e também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos um, etc. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.


Artigo sobre os Pré-Socráticos 

filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto,
Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso
Artigo
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terça-feira, 12 de março de 2019

Xenófanes de Cólofon

Xenófanes de Cólofon( 570 a.C. — 475 a.C.) foi um filósofo grego, nascido na cidade de Cólofon, na Jónia (atual costa ocidental da Turquia). Cedo deixou sua cidade para levar vida errante na qualidade de rapsodo. Acredita-se que tenha passado algum tempo na Sicília e também em Eleia. Segundo a tradição, Xenófanes teria sido mestre de Parmênides de Eleia. Escreveu unicamente em versos em oposição aos filósofos jônios como Tales de Mileto, Anaximandro de Mileto e Anaxímenes de Mileto.

É a primeira pessoa conhecida a utilizar a observação de fósseis como evidência para a teoria da história da Terra. Ele verificou a existência de fósseis de peixes e conchas em localidades distantes da costa marinha, chegando a conclusão que tais locais em outras épocas estavam embaixo da água e foram fundo de mares 
Da sua obra restaram uma centena de versos.
A sua concepção filosófica destaca-se pelo combate ao antropomorfismo, afirmando que se os animais tivessem o dom da pintura, representariam os seus deuses em forma de animais, ou seja, à sua própria imagem.
As suas críticas à religião não tinham como objectivo um ataque pleno à dita mas, "dar ao divino uma pura e elevada ideia: o verdadeiro deus é único, com poder absoluto, clarividência perfeita, justiça infalível, que em pouco se assemelha aos deuses homéricos sempre a deambular pelo mundo sob o império das paixões", ou seja: só existe um deus único, em nada semelhante aos homens, que é eterno, não-gerado, imóvel e puro.

Dados biográficos

Filósofo, poeta, sábio e pensador religioso. Fundador da escola de Eleia. Adversário do antropomorfismo dos poetas, dedicou-se a demonstrar a unidade e a perfeição de Deus. Sua doutrina é um panteísmo idealista que vê uma unidade em toda a matéria.
Xenófanes foi provavelmente exilado da Grécia pelos persas que conquistaram Colofão por volta de 546 a.C.. Depois de viver algum tempo na Sicília e de levar uma vida errante através do Mediterrâneo, ele se estabeleceu em Eleia, no sul da Itália.
Como poeta nômade, tornou-se através de suas viagens um homem muito instruído, que sabia interrogar e narrar. A aceitar a veracidade de seus versos, Xenófanes viveu noventa e dois anos, como ele mesmo transcreve nesse trecho:
“Já sessenta e sete anos se passaram; Fazendo vagar meu pensamento pela terra da Hélade; De meu nascimento até então vinte e cinco a mais; Se é que eu sei falar com verdade sobre isso.”

Xenófanes e a mitologia grega

Expressando-se quase sempre através de poemas, os quais recitava ao longo de suas andanças, Xenófanes mostrava seu desprezo pelos deuses-antropomorfos que eram adorados em sua época e pela aceitação popular da mitologia de Homero e de Hesíodo.
“Tudo aos deuses atribuíram Homero e Hesíodo,
Tudo quanto entre os homens merece repulsa e censura,
Roubo, adultério e fraude mútua."
Xenófanes atacava a imoralidade dos deuses e deusas da mitologia grega, ridicularizava a crença na transmigração da alma e condenava a luxúria. Defendia a sabedoria e os prazeres sociais sem excesso.
“É de louvar-se o homem que, bebendo, revela atos nobres
Como a memória que tem e o desejo de virtude.
Sem nada falar de Titãs, nem de Gigantes,
Nem de Centauros, ficções criadas pelos antigos.
Ou de lutas civis violentas, nas quais nada há de útil.
Ter sempre veneração pelos deuses, isto é bom.”

A Teologia de Xenófanes

Xenófanes é considerado pela maioria como sendo mais um reformador religioso do que um filósofo. Diferentemente de Anaximandro, que criou o conceito do apeiron (ilimitado, indefinido), mas buscava na natureza intrínseca da matéria a causa para todas as transformações, Xenófanes dizia que o ser absoluto, essência de todas as coisas, era o Um. E de acordo com Teofrasto, uma das fórmulas contidas nos ensinamentos de Xenófanes era: “Tudo é o Um e o Um é Deus”.
Aristóteles em seu livro Metafísica, nos relata: “Pois Parmênides parece referir-se ao Um segundo o conceito, e Melisso ao Um segundo a matéria. Por isso aquele diz que o Um é limitado, e este, que é ilimitado. Xenófanes, o primeiro a postular a unidade, nada esclareceu, nem parece que vislumbrou nenhuma dessas duas naturezas, mas, dirigindo o olhar a todo o céu, diz que o Um é o Deus.”
Consequentemente, o conceito Deus é então criado por Xenófanes como sendo um ser mais alto, com uma identidade abstrata, e não possui nenhum atributo conhecido pelos homens, e tão pouco é semelhante a estes - nem quanto à figura, nem quanto ao espírito.




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PITÁGORAS - Escola pitagórica - filosofia da physis


Pitágoras foi um filósofo pré-socrático e um importante matemático  grego. Nasceu no ano de 570 a.C. na ilha de Samos, na região da Ásia Menor (Magna Grécia). Provavelmente, morreu em 497 ou 496 a.C. em Metaponto (região sul da Itália). Embora sua biografia seja marcada por diversas lendas e fatos não comprovados pela História, temos dados e informações importantes sobre sua vida.

 

Com 18 anos de idade, Pitágoras já conhecia e dominava muitos conhecimentos matemáticos e filosóficos da época. Através de estudos astronômicos, afirmava que o planeta Terra era esférico e suspenso no Espaço (ideia pouco conhecida na época). Encontrou uma certa ordem no universo, observando que as estrelas, assim como a Terra, giravam ao redor do Sol.

Recebeu muita influência científica e filosófica dos filósofos gregos Tales de MiletoAnaximandro e Anaxímenes.
Na verdade, este matemático afirmou que o universo como um todo pode ser explicado na linguagem da matemática. Segundo este filósofo, o universo inteiro forma um cosmos ordenado podendo ser descrito através de princípios matemáticos. A ordem cósmica tem uma dimensão matemática que, por sua vez, é projetada sobre a alma humana.
Por outro lado, este matemático grego chegou à seguinte conclusão: as medidas do seu tempo baseadas na observação *empírica eram expressas de maneira abstrata.
Embora não tenha deixado nenhum testemunho escrito, Pitágoras é considerado o primeiro filósofo, que significa literalmente "aquele que ama a sabedoria".

Atribui-se também a ele o desenvolvimento da tábua de multiplicação, o sistema decimal e as proporções aritméticas. Sua influência nos estudos da Matemática foram enormes, pois foi um dos grandes construtores da base dos conhecimentos matemáticos, geométricos e filosóficos que temos atualmente.
Enquanto visitava o Egito, impressionado com as pirâmides, desenvolveu o famoso Teorema de Pitágoras. De acordo com este teorema é possível calcular o lado de um triângulo retângulo, conhecendo os outros dois. Desta forma, ele conseguiu provar que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Pitagorismo
Segundo Pitágoras, os números são a base da vida na terra. A partir dessa primícia, surge o Pitagorismo (ou Escola Pitagórica), sendo os pitagóricos seus seguidores, dos quais se destacam: Temistocleia, Filolau de Crotona, Arquitas de Tarento, Alcmeão e Melissa.
Alguns dos membros desta corrente, exerceram uma influência notável no pensamento de Platão.

Alguns pensamentos (frases) de Pitágoras:


- "Não é livre quem não consegue ter domínio sobre si".

- "Todas as coisas são números".

- "Aquele que fala semeia; aquele que escuta recolhe".

- "Com ordem e com tempo encontra-se o segredo de fazer tudo e tudo fazer bem".

- "Educai as crianças e não será preciso punir os homens".

- "A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar, é aproximar-se de Deus".

- "A Evolução é a Lei da Vida, o Número é a Lei do Universo, a Unidade é a Lei de Deus".

- "Ajuda teus semelhantes a levantar a carga, mas não a carregues".
- "Os amigos têm tudo em comum, e a amizade é a igualdade".

Você sabia?

- O conjunto de doutrinas e ideias filosóficas defendidas por Pitágoras é conhecido por pitagorismo.

- Pitágoras é considerado o primeiro teórico musical do Ocidente. Ele estabeleceu importantes relações entre a Matemática e a Música.

*Empírico é um fato que se apoia somente em experiências vividas, na observação de coisas, e não em teorias e métodos científicos. Empírico é aquele conhecimento adquirido durante toda a vida, no dia-a-dia, que não tem comprovação científica nenhuma.


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domingo, 10 de março de 2019

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS NATURALISTAS

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS NATURALIStas

1. A busca do princípio primeiro (arché)


Vamos considerar, brevemente, os 
primeiros passos da filosofia em nossa cultura ocidental. O primeiro
período da filosofia começa no século VI a.C., e termina dois séculos depois, nos fins do século V. Surge e
floresce fora da Grécia propriamente dita, nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia) e da Itália meridional, da Sicília, favorecido pelas liberdades democráticas e pelo bem-estar econômico. A preocupação central dos filósofos deste período refere-se aos problemas cosmológicos, nos quais a tônica que unifica esse pensamento é estudar o mundo exterior nos elementos que o constituem, na sua origem e nas contínuas mudanças a que está sujeito.
A forma inicial da filosofia nascente será uma cosmologia, uma explicação da ordem do mundo, do
universo, pela determinação de um princípio originário e racional, a origem e a causa das coisas e de sua
ordenação. Ao nascer como cosmologia, a filosofia procura ser a palavra racional, a fundamentação pelo discurso da origem e ordem do mundo, isto é, do todo da realidade, do ser. Os primeiros filósofos não pretenderam explicar apenas a origem das coisas e da ordem do mundo, mas também e sobretudo as causas das mudanças e repetições, das diferenças e semelhanças entre as coisas, seu surgimento, suas modificações e transformações e seu desaparecimento ou corrupção e morte.
“Para os primeiros filósofos, pré-socráticos naturalistas, há um princípio primeiro (arché)a partir do qual tudo se origina. Esse princípio é um elemento natural, não personificado em força divina. É a primeira forma de filosofia no ocidente”.

a) A physis e a causalidade

Esses primeiros filósofos foram denominados por Aristóteles de ‘physiólogos’, o que vem a significar
estudiosos da natureza; dessa forma, o mundo natural ( physis) passa a ser o objeto de estudo desses primeiros filósofos, que inauguram entre nós a ciência. A mudança fundamental de olhar está agora no foco natural e não no sobrenatural. Buscam-se as explicações e as causas dos fenômenos naturais na própria realidade natural e não mais no horizonte mítico.
Para os pensadores pré-socráticos, ao buscar a inteligibilidade de um fenômeno, explicar a origem de uma
realidade é encontrar o nexo causal natural, é relacionar um efeito a uma causa natural que o antecede e o
determina. Contudo, nessa busca, deve haver uma causa primeira ou última, para não recair no que constitui a narrativa mítica, uma volta ao infinito e eterno.
b) Busca pelo elemento primordial (o arché)
Os pré-socráticos estão preocupados em encontrar o princípio (o arché) de todas as coisas. A partir desse
princípio seria possível explicar tudo o que existe no Universo, pois, além de estar presente em todas as coisas, esse mesmo arché seria uma atividade, isto é, uma força dinâmica que, em conformidade com sua forma de ação, originaria a variedade de fenômenos naturais.
Esses filósofos, a fim de evitar a regressão ao infinito em suas explicações causais, vão postular a
existência de um elemento primordial, ponto de partida de todo o processo. Essa noção de princípio (arché) está vinculada com a preocupação desses filósofos em buscar uma explicação mais profunda da realidade, mediante um princípio, um elemento natural, que permeie e unifique toda a realidade. A partir disso se poderá falar em caráter geral. Podemos perceber aqui os princípios da ciência.
c) O logos e o cosmos
Nossos primeiros filósofos fizeram, simultaneamente, duas grandes mudanças em relação ao passado.
Primeiramente, tentaram entender o mundo com o uso da razão, sem recorrer à revelação, à religião, ou ainda à autoridade e à tradição. E em segundo lugar, estimulavam as pessoas à atitude de pensar, servindo-se de sua de um corpo acabado e sistematizado de conhecimentos a serem transmitidos. Ao contrário, o diálogo e a discussão, o debate e a argumentação são características fundamentais.
O termo grego logos pode ser traduzido por discurso racional, diferenciado de Mythos, uma narrativa
poética que recorria a deuses. Dessa forma, os primeiros filósofos, sendo naturalistas ou physiólogos, buscam o logos, a razão de ser da realidade, a partir de um pensamento racional aplicado sobre essa mesma realidade, buscando seu entendimento. Dessa forma, o discurso que emerge é um discurso racional, crítico, argumentativo e sujeito à superação durante a discussão racional.
Há um segundo e fundamental sentido relacionado à expressão logos. Buscar o logos é buscar o princípio
de inteligibilidade, é buscar, através da razão, a racionalidade que move o mundo. Aqui se pressupõe que haja uma ordem e uma harmonia no mundo. E é justamente isso que a expressão grega kosmos designa. O cosmo é o mundo natural regido por uma ordem, por princípios racionais inteligíveis, no qual se percebe uma ordem hierárquica, na qual alguns princípios estão na base. A falta de uma ordem e organização da matéria é conhecida com a expressão caos.
Nesse contexto é importante perceber um pressuposto de fundo. Para que o mundo possa ser conhecido
pela razão é preciso que haja princípios racionalmente inteligíveis. Assim, pode-se fazer ciência, tentar explicar teoricamente o cosmo. Daí resulta a expressão ‘cosmologia’, uma reflexão, estudo e explicação dos processos naturais e do funcionamento do universo.
De modo sumário, podemos caracterizar a atitude filosófica nascente em termos de racionalidade acima
da intuição, ausência de explicações pré-estabelecidadas, busca por respostas racionais concludentes e
tendência à gneralização.
Os nomes mais destacados dos filósofos pré-socráticos são: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras,

Heráclito, Xenófanes, Parmênides, Empédocles, Anaxágoras, Leucipo, Heráclito, Parmênides e Demócrito.
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