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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...

quarta-feira, 13 de março de 2019

Anaxágoras - Escola da Pluralidade


Anaxágoras (500 - 428 a.C.)

Anaxágoras concordava com a ideia de que o não ser não pode existir e que a substância do ser é imutável. Para ele o nascer e o morrer não são acontecimentos reais. Nada nasce ou morre, o que acontece é que as coisas que existem se decompõem e se compõem novamente. As coisas que morrem estão se decompondo e as coisas que nascem estão se compondo, se construindo.

Para a filosofia de Anaxágoras as coisas que existem vão além dos quatro elementos colocados por Empédocles. As quatro raízes que formam as outras coisas, terra, ar, água e fogo não conseguem explicar as diversas qualidades através das quais os fenômenos se manifestam. Anaxágoras defende a ideia de que existem inúmeras sementes das quais vem todas as coisas. O número de sementes que fundamentam e criam as coisas é do mesmo número das coisas e elas são inumeráveis como inumeráveis são as manifestações dos fenômenos no mundo. Essas sementes não são criadas - são eternas -  e são imutáveis, elas são de todas as formas, de todos os gostos e de todos os tipos. Nenhuma dessas sementes de qualidades se transforma em outras sementes. As sementes são também infinitas na quantidade. Elas não podem ser limitadas em sua grandeza ou na sua pequenez. Elas podem ser divididas ao infinito sem nunca deixar de ser pois o não ser não existe. Assim podemos dividir qualquer semente, qualquer substância ao infinito sem que ela perca a sua qualidade. As partes divididas das sementes terão sempre a mesma qualidade que tinham antes de ser divididas.

No começo todas as sementes estavam juntas e não eram distintas uma das outras. O que separou as sementes foi a Inteligência que através de um movimento ordenou o caos existente entre as substâncias. Dessa forma todas as coisas são uma mistura ordenada das sementes e em todas as coisas existem todas as sementes mesmo que em pequenas quantidades. O que vai definir que uma coisa seja o que é vai ser a predominância de determinada semente ou de outra. Em todas as coisas existem sementes de todas as outras coisas. No grão de trigo existe a semente do cabelo, da carne e do osso, caso contrário como da semente do grão de trigo poderia surgir o cabelo, a carne e o osso? Tudo sempre esteve e sempre vai estar no ser.

A Inteligência (ou Nous que também pode ser traduzido por mente, pensamento ou espírito) que dividiu as sementes é divina, ela é ilimitada, independente e não está misturada a nada. Essa Inteligência divina é sutil, pura, tem pleno conhecimento de tudo e tem uma força imensa. A Inteligência domina as coisas que tem vida. Ela deu o impulso inicial na rotação que distribuiu ordenadamente todas as outras coisas. Nada se forma ou se divide se não for através da Inteligência.

Anaxágoras estudou também o problema do conhecimento humano e desenvolveu sobre o conhecimento uma ideia original. Ele divide o conhecimento em três estágios: 1 - a experiência e a sensação; 2 - a memória e 3 - a técnica. A experiência é o tópico central para o conhecimento humano, sem ela nenhum conhecimento seria possível. A experiência é a nossa relação com o mundo e implica na nossa sensibilidade para sentirmos as modificações dos objetos externos. O que nós vivenciarmos através das sensações vai ser depositado na nossa memória que é a nossa capacidade de conservar as experiências e os conhecimentos adquiridos. O acúmulo dos conhecimentos em nossa memória vai gerar a sabedoria e a sabedoria vai gerar a técnica que é a nossa capacidade de utilizar os conhecimentos para construir objetos e modificar a natureza.
Os filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
As principais características da cosmologia são:

 É uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e as mudanças dos seres humanos.
 Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é o caso, por exemplo, na religião judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada). Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a Natureza, é eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer,
embora a forma particular que uma coisa possua desapareça com ela, mas não sua matéria.
O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento.
O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da Natureza e chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer,
produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação.
Afirma que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o negro acinzenta, embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica úmido; o úmido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera cede lugar ao verão, que cede lugar ao outono, que cede lugar ao inverno; o saudável adoece; o doente se cura; a criança cresce; a árvore vem da semente e produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande; o grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca, etc.). Portanto o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro, quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio, um-muitos, etc., e também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos um, etc. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.

Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
Sentenças:
- Tudo está em tudo.
- Em cada coisa há parte de cada coisa.
- Não há um grau mínimo do pequeno mas há sempre um grau menor, sendo impossível que o que é deixe de ser por divisão. Mas também do grande há sempre um maior. E o grande é igual ao pequeno em composição. Considerada em si mesma, toda a coisa é a um tempo pequena e grande.
- A fraqueza dos nossos sentidos impede-nos de alcançar a verdade.
- Tudo tem uma explicação natural. A lua não é uma deusa, mas um grande globo de rocha e o sol não é um deus mas um imenso mundo em fogo.
- Prefiro uma gota de sabedoria a toneladas de riqueza.
- Medimos a grandeza de uma ideia pela resistência que ela provoca.
ver também os links abaixo sobre os Filósofos Pré-Socráticos



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