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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...


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sexta-feira, 5 de abril de 2019

CARNÉADAS. Nova academia: probabilismo


Durante cerca de meio século a Academia moveu-se lenta­mente ao longo do caminho aberto por Arcesilau, até que um novo impulso lhe foi dado por Carnéades (nascido em Cirene aproxi­madamente em 219 a.C. e morto em 129 a.C.), homem dotado de notável empenho e de uma excepcional capacidade dialética, unida a uma habilidade retórica extraordinária. Carnéades também não escreveu nada, confiando seu magistério inteiramente à palavra.
Segundo Carnéades, não existe nenhum critério de verdade em geral, como refere uma fonte antiga: ‘No que concerne ao critério de verdade, Carnéades opôs-se não só aos estóicos, mas a todos os filósofos que o precederam. Com efeito, o seu primeiro argumento, dirigido ao mesmo tempo contra todos os filósofos, é aquele com base no qual estabelece que não existe em absoluto nenhum critério de verdade: nem o pensamento, nem a sensação, nem a representação, nem qualquer das coisas que existem; com efeito, todas as coisas, em seu conjunto, nos enganam.”
Faltando um critério absoluto e geral de verdade, desaparece também toda possibilidade de encontrar qualquer verdade parti­cular. Mas nem por isto desaparece também a necessidade da ação. E exatamente para resolver o problema da vida que Carnéades cogita sua célebre doutrina do “provável”, que pode ser resumida como segue.
a) A representação, em relação ao objeto, “é” verdadeira ou falsa; porém, em relação ao sujeito, “aparece” como verdadeira ou falsa. Posto que a verdade objetiva foge do homem, só resta ater- se ao critério daquilo que “parece verdadeiro” — e isto é o “provável” (pithanón).
b) Posto que as representações estão sempre conjugadas e coligadas entre si, um grau mais elevado de credibilidade oferece a representação que se faz acompanhar de outras que lhe são conexas, de tal maneira que não seja contradita por nenhuma destas. Então, temos a representação “persuasiva e não contra­dita” que possui, obviamente, um grau maior de probabilidade.
c) Por fim, temos a representação “persuasiva não contradita e examinada por todos os ângulos” quando, às características das duas precedentes, acrescenta-se ademais a garantia de um exame metódico completo de todas as representações conexas. E aqui temos um grau ainda maior de probabilidade. Nas circunstâncias em que for preciso ter que decidir com urgência, devemos nos contentar com a primeira representação; se tivermos mais tempo, procuraremos a segunda; se tivermos à disposição todo o tempo para proceder ao exame completo, a terceira.
Com base nessa doutrina, falou-se de “probabilismo carneadiano”, considerando-se esse probabilismo como uma posição in­termediária entre ceticismo e dogmatismo. Recentemente, a crí­tica mostrou que a doutrina do “provável” de Carnéades, mais que como profissão de dogmatismo mitigado, deve ser entendida como argumentação dialédca voltada para derrubar o dogmatismo dos estóicos (assim como acontece na doutrina do razoável ou do plausível de Arcesilau). Em outros termos, Carnéades teria procu­rado mostrar que, como não existe critério absoluto de verdade, o sábio estóico regulava-se, como todos os homens comuns, segundo o critério do provável.
Eis o seu raciocínio: se não existe representação abrangente, tudo é incompreensível (acatalético) e a consequente posição a assumir é a) ou a epoché, isto é, a suspensão do assentimento e do juízo, ou então b) o assentimento dado àquilo que é ainda objeti­vamente incompreensível. Se, teoricamente, a primeira posição é a correta, ao contrário, é a segunda que praticamente nós, como homens, somos obrigados a abraçar para viver. Nem os estóicos podem ser exceção: portanto, o seu agir não deve se fundar num quimérico critério absoluto da verdade, mas no critério da proba­bilidade, que não é um critério objetivo, mas subjetivo e de qual­quer forma, é o único do qual o homem dispõe.

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quinta-feira, 4 de abril de 2019

Arquimedes - Período Helenístico


Considerado um dos maiores matemáticos da antiguidade, Arquimedes foi também físico, engenheiro, filósofo e inventor, contribuindo imensamente o mundo atual com todas as suas descobertas. O estudioso nasceu e morreu em Siracusa no ano de 282 a.C. e morreu também na mesma cidade no ano de 212 a.C. por um soldado romano (o qual foi contra as ordens de não matá-lo, uma vez que os romanos eram bastantes fãs de Arquimedes).
De todas as suas invenções uma das mais importantes para a física moderna carrega o seu nome, o princípio de Arquimedes. O princípio determina que todo o corpo presente em um líquido recebe uma força vertical desse fluído e de direção contrária ao peso do corpo. Por essa razão nos sentimos mais leves quando estamos dentro da piscina ou do mar.
Conta à lenda que Arquimedes descobriu esse principio por um pedido feito pelo rei Hierão II. O monarca queria saber se a coroa de ouro que ele havia mandado fazer apresentava algum outro metal, que não o ouro. Arquimedes não poderia derreter a coroa, e uma vez enquanto se banhava em sua banheira, percebeu que seu corpo movimentava uma quantidade de água, foi quando ele teve a ideia de determinar se a coroa era feita de apenas ouro.
Ele havia medido a quantidade de água que a coroa havia movimentado e também um pedaço de ouro com a mesma quantidade que a coroa deveria apresentar. Ao perceber que o ouro mexia mais água que a coroa, ele conseguiu determinar que a coroa possui não apenas ouro em sua confecção.
Alguns estudiosos dizem que essa não é a história verdadeira, mas que na verdade ele criou uma balança para determinar o que o rei havia pedido. Colocando a coroa de um lado e a balança de outro e qual basicamente afundava mais. Isso porque seria quase impossível naquela época determinar o volume movimentado pela água com precisão.
O ponto alto da história é que o matemático conseguiu descobrir o empuxo, nome dado a essa força vertical que tem como unidade de medida o Newton (N).
Com isso, por exemplo, é possível explicar porque um navio de tantas toneladas consegue navegar em alto mar. Isso porque a densidade do corpo não exerce influência no empuxo, mas é com ela que determinamos se o corpo flutua ou não no fluído. Se o valor da densidade do corpo for maior que a densidade do fluído, o corpo irá afundar. Se as densidades tiverem um mesmo valor o corpo irá entrar em equilíbrio. E se a densidade do corpo for menor que a do fluído, o corpo irá flutuar naquele líquido.
Isso prova então que o navio apresenta uma densidade menor do que a densidade da água do mar.


*No que se refere à mecânica o nome de maior destaque é o de Arquimedes que foi um gênio poliédrico, da mecânica, pois, ocupou-se de hidrostática, de estática (descobriu as leis da alavanca), de matemática e de engenharia.
Fez grandes descobertas e invenções como, por exemplo, o parafuso, a roldana e as rodas dentadas.
Com ele se parelha o matemático Heron (que pode colocar-se entre o séc. III a.C. e o séc. I d.C.), cuja atividade é difícil de se reconhecer porque com seu nome foram transmitidos escritos de outros.
• Particular consideração merece o desenvolvimento da astronomia, pelas relações que ela teve com a filosofia.
A concepção astronômica dos gregos era geocêntrica e os astrônomos imaginavam que os corpos celestes estivessem colocados sobre uma esfera imaginária.
Platão percebera que a rotação perfeitamente circular não bastava para explicar coerentemente os movimentos dos planetas.
Eudóxio, Calipo e Aristóteles procuraram introduzir astronomia estas anomalias no modelo geral das esferas concêntricas, muitiplicando-as. Todavia, foi Hiparco de Niceia que forneceu uma explicação das anomalias das revoluções dos planetas, introduzindo a hipótese de uma órbita excêntrica do sol.
Além desses astrônomos é digno de menção Aristarco de Samos (primeira metade do séc. II a.C.), que procurou superar a hipótese geocêntrica, e desenhou um modelo do cosmo em que todos os astros giram em torno do sol.
• Não sem implicações filosóficas foi também o desenvolvimento da medicina (especialmente dos estudos anatômico fisiológicos) e da geografia, que alcançou tal precisão de cálculo  de modo a permitir que Eratóstenes avaliasse com boa aproximação as dimensões da terra.
Lista dos Filósofos dos Filósofos do período Helenístico:
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Euclides de Alexandria





Euclides de Alexandria, mestre, escritor de origem provavelmente grega, matemático da escola platônica, e conhecido como o Pai da Geometria, nasceu em Mégara, onde fundou a Escola que recebeu o nome da cidade. Realizou seus estudos em Atenas. Ele é até hoje, na história da Matemática, considerado como um dos mais significativos estudiosos deste campo na antiga Grécia.
Os estudiosos consideram que sua vida transcorreu entre 435 a 365 a.C. Sua ligação a Sócrates foi muito grande. Com efeito, conta-se que, quando se deterioraram as relações entre Mégara e Atenas, os atenienses decretaram a pena de morte para os megarenses que entrassem na cidade; apesar disso, Euclides continuou a frequentar regularmente Atenas, entrando durante a noite na cidade disfarçado com roupas femininas.
Não se sabe muito sobre sua trajetória existencial, pois nunca se falou demais acerca de sua vida pessoal. Ele foi convidado a lecionar Matemática na escola instituída em Alexandria por Ptolomeu Sóter ou Ptolomeu I, que governou o Egito de 323 a.C. a 283 a.C. Nesta instituição, também conhecida como ‘Museu’, ele conheceu a influência ao se destacar entre os demais professores pelo método utilizado em suas aulas de Geometria e Álgebra. Sua fama indicava que ele tinha um grande potencial para explanar as disciplinas que ministrava.
O que se sabe sobre Euclides foi extraído de textos elaborados muitos séculos após sua passagem pelo Planeta, principalmente os escritos por Proclo e Pappus de Alexandria. O primeiro se refere ao matemático como o criador da clássica obra Os Elementos, anteriormente citada por Arquimedes.
A teoria aí desenvolvida é uma das mais importantes na trajetória da Matemática, o que levou este livro a ser adotado como prioridade nas aulas desta disciplina, particularmente as de geometria, desde o momento em que foi lançado até fins do século XIX ou princípio do século XX. Esta doutrina se tornou conhecida como Geometria Euclidiana; seus conceitos foram inferidos de um pequeno grupo de axiomas – proposições consideradas consensuais, sem necessidade de provas; eles são essenciais para a elaboração de um corpo teórico.
Os Elementos foram compostos como uma obra textual, dividida em treze volumes – cinco abordam a geometria plana; três enfocam os números; um destaca a teoria das proporções; um tem como núcleo central os incomensuráveis; e os três finais discorrem sobre a geometria no espaço.
A Geometria de Euclides se distingue por apresentar um espaço que não se modifica em momento algum, revela estrita simetria – se uma relação for verdadeira para a e b tomados nesta ordem, também o será para b e a tomados nesta ordem – e configuração geométrica. Esta teoria é uma representação simbólica do conhecimento clássico, o qual atravessou a Idade Média e o Renascimento bem conservado, e apenas na era moderna o modelo euclidiano foi substituído por outras geometrias.
Euclides elaborou também obras que abordam temas como perspectivas, seções cônicas, geometria esférica, teoria dos números e rigor. Sua esfera de criação é tão ampla que alguns pesquisadores chegaram a acreditar que os trabalhos a ele atribuídos não pertencessem a um único ser.
As elaborações matemáticas que foram preservadas até nossos dias foram primeiramente traduzidas para a língua árabe, posteriormente para o latim e, a partir desta base linguística, foram vertidas para outros idiomas do continente europeu. Assim como seu nascimento, sua morte também foi envolta em mistério, e suas datas só podem ser obtidas através de cálculos aproximados.


Euclides movia-se entre o Socratismo e o Eleatismo, como revelam claramente nossas escassas fontes. Para ele o Bem é Inteligência, Sabedoria e Deus, como Sócrates afirmava, mas sustenta também que o Bem é o Uno, concebendo-o com as características eleáticas da absoluta identidade e igualdade de si consigo mesmo.
Euclides e os megarenses posteriores deram amplo espaço à erística e à dialética, a ponto de chegarem a ser chamados de Erísticos e Dialéticos. Como já vimos, eles se embebiam nos Eleáticos; mas, a bem da verdade, deve-se dizer que o próprio Sócrates prestava-se amplamente a ser utilizado nesse sentido. Provavelmente Euclides atribuiu caráter de purificação ética à dialética, como Sócrates. A medida que a dialética destrói as falsas opiniões dos adversários, ela purifica do erro e da infelicidade que se segue ao erro.
Os sucessores de Euclides, particularmente Eubúlides, Alexino, Diodoro Cronos e Estilpão, adquiriram fama sobre tudo por suas afiadíssimas armas dialéticas, que frequentemente usavam em jogos fúteis de virtuosismo erístico.
Principais Obras
O termo “Geometria Euclidiana” é utilizado em distinção a toda geometria não euclidiana. A maior parte do conhecimento de Euclides é produzido a partir de um pequeno conjunto de axiomas simples.
Assim, ele definiu o espaço como geométrico, simétrico e imutável. Além disso, contribui para formação dos conhecimentos em geometria plana e espacial, teoria das proporções, aritmética e álgebra.
Atribui-se a este pensador:
·         O método para avaliar o máximo divisor comum entre dois ou mais números;
·         O teorema da infinitude dos números primos;
·         A regra para descobrir números perfeitos;
·         O método para adicionar números em progressão geométrica.
Por fim, devemos destacar sua obra prima, "Stoichia" (Os elementos), escrita em 13 volumes.
Distribuídos entre esses treze volumes estão 465 proposições. Os seis primeiros volumes abordam a geometria plana; os quatro primeiros trazem conhecimento vindo certamente do período jônico, em especial da escola Pitagórica:
  • Livro 1 - triângulos, retas paralelas e o teorema de Pitágoras.
  • Livro 2 - álgebra geométrica.
  • Livro 3 – trata do círculo e circunferência.
  • Livro 4 - polígonos regulares inscritos e circunscritos.
  • Livro 5 - é um estudo geométrico das proporções, derivado dos ensinamentos de Eudoxo de Cnido (390 a.C. - 338 a.C.), astrônomo, matemático e filósofo.
  • Livro 6 - lida com proporções, similaridades entre polígonos. A origem deste conteúdo é ignorada.
Os três livros seguintes tratam da teoria dos números, e vieram provavelmente da escola Pitagórica
  • Livro 7 – traz divisibilidade, números primos, algoritmo de Euclides para encontrar o máximo divisor comum, mínimo múltiplo comum.
  • Livro 8 - proporções da teoria dos números e sequencias geométricas.
  • Livro 9 - aplica os resultados dos dois livros anteriores; traz também a soma de uma série geométrica, e a construção de números pares perfeitos.
  • Livro 10 – dedicado aos comprimentos de segmentos de reta incomensuráveis (irracionais) com um segmento de reta dado.  São conhecimentos atribuídos a Teeteto de Atenas (c. 417 a.C. – 369 a.C.).
Finalmente, os três últimos capítulos tratam da geometria espacial ou tridimensional.

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sexta-feira, 29 de março de 2019

Zenão de Cítio - Filosofia Período Helenístico - Estoicismo -


Zenão de Cítio (340 - 264 a.C.)
Zenão foi o fundador da escola Estoica que rejeitava a metafísica e  todo tipo
de transcendência. Para essa escola a filosofia é a arte de bem viver que ele separa em três partes, a lógica e física e a ética. Em uma comparação clássica, os estoicos viam a filosofia como um pomar,  a cerca em volta do pomar é a lógica que serve para defender e filtrar o que vai entrar no pomar, a física é representada pelas árvores que são a estrutura da filosofia e os frutos das árvores é a ética que é o objetivo da existência do pomar. A lógica produz um critério de verdade. A física é monista e panteísta e a ética é que vai dirigir o modo de proceder dos homens. O fim desse caminho é conquistar a felicidade.
A natureza leva o homem a amar e conservar a si próprio e esse instinto é muito mais que um impulso individual ou egoísta pois além de querer conservar a si o homem através desse instinto natural quer também conservar as pessoas que gera, seus filhos, e as pessoas que o geraram, pais e parentes. Esse instinto natural se expande a vários dos seus semelhantes. A natureza além de levar os indivíduos a amar a si mesmo também os leva a unir-se a amar e a ser útil também a outros indivíduos.
O homem é também um animal que vive em comunidade e essa comunidade amplia-se para todos os homens. Os estoicos dessa forma descartaram a diferenciação entre os homens por causa de instituições como nobreza, sangue ou superioridade de alguma raça sobre a outra. Todos os homens são capazes de alcançar a virtude, todos são livres e ninguém é naturalmente escravo. O conceito de liberdade e escravidão liga-se ao conhecimento e à sabedoria. O homem sábio é um homem livre e o tolo tende a ser um escravo.
            A base dos nossos conhecimentos nós adquirimos através das sensações que temos dos objetos que imprimem em nós o que vai ser conduzido para a nossa alma, que vai fazer uma representação do objeto. Nós não temos ideias inatas. Os objetos é que imprimem em nós as sensações, mas nós temos a liberdade para nos posicionarmos diante dessa impressão. Nós é que vamos consentir ou não a ocorrência da representação. Se nós consentirmos nós vamos apreender o objeto, ou seja, nós vamos captar intelectualmente a ideia desse objeto.
            Para Zenão os homens alcançam a plena felicidade no momento que renunciam as paixões, as contrariedades e os aborrecimentos. Para alcançarmos essa renúncia devemos viver na apatia, nos conduzindo pelo destino, sem temer nada e sem esperar nada.
Releu os antigos Físicos e fez seus principalmente alguns conceitos de Heráclito, como veremos. Mas o acontecimento que mais o influenciou talvez tenha sido a fundação do “Jardim”. Como Epicuro, ele renegava a metafísica e toda forma de transcendência. Como Epicuro, concebia a filosofia no sentido de “arte de viver”, ignorada pelas outras escolas ou então só imperfeitamente realizada por elas. Mas, embora compartilhasse o conceito epicurista de filosofia, bem como seu modo de propor os problemas, Zenão não aceitava sua solução para esses problemas, tornando-se severo adversário dos dogmas do “Jardim”. Repugnavam-lhe profundamente as duas ideias básicas do sistema, quer dizer, a redução do mundo e do homem a mero agrupamento de átomos e a identificação do bem do homem com o prazer, bem como suas consequências e corolários. Não é de surpreender, portanto, que encontremos em Zenão e em seus seguidores a clara inversão de uma série de teses epicuristas. Todavia, não devemos esquecer que as duas Escolas tinham os mesmos objetivos e a mesma fé materialista e que, portanto, trata-se de duas filosofias que se movem no mesmo plano de negação da transcendência e não de duas filosofias que se movem em planos opostos.
Zenão não era cidadão ateniense e, como tal, não tinha direito de adquirir um edifício; por isso, ministrava suas aulas em um pórtico, que fora pintado pelo pintor Polignoto. Em grego, “pórtico” diz-se stoá. Por essa razão, a nova Escola teve o nome de “Estoá” ou “Pórtico” e seus seguidores foram chamados “os da Estoá”, “os do Pórtico”, ou simplesmente “Estóicos”.
No Pórtico de Zenão, diversamente do Jardim de Epicuro, admitia-se a discussão crítica em torno dos dogmas do fundador da Escola, fazendo com que tais dogmas ficassem sujeitos a aprofundamento, revisões e reformulação.
Em consequência, enquanto a filosofia de Epicuro não sofria modificações relevantes, sendo na prática somente ou preponderantemente repetida e glosada, e permanecendo assim substancialmente imutável, a filosofia de Zenão sofreu inovações até notáveis, apresentando uma evolução bastante considerável.

Os estudiosos hoje têm bem claro que é necessário distinguir três períodos na história da Estoá:

1) O período da “Antiga Estoá”, que vai de fins do séc. IV a todo o séc. III a.C., no qual a filosofia do Pórtico foi pouco a pouco desenvolvida e sistematizada na obra da tríade da Escola: o próprio Zenão, Cleanto de Assos (que dirigiu a Escola de 262 a 232 a.C., aproximadamente) e, principalmente, Crisipo de Sôli (que dirigiu a Escola de 232 a.C. até o último lustro do séc. III a.C.). Foi principalmente este último, talvez de origem semítica que, com mais de setecentos livros (infelizmente perdidos), fixou de modo definitivo a doutrina do primeiro estágio da Escola.

2) O período assim chamado da “Média Estoá”, que se desenvolve entre o II e o I séc. a.C. e que se caracteriza por infiltrações ecléticas na doutrina originária.

3) O período da Estoá romana ou da “Nova Estoá”, que se situa já na era cristã, no qual a doutrina faz-se essencialmente meditação moral e assume fortes tons religiosos, em conformidade com o espírito e as aspirações dos novos tempos.
O pensamento dos primeiros representantes da velha Estoá é dificilmente diferen ciável, porque todos os textos se perderam e, além disso, aqueles que recuperavam as doutrinas estóicas através de testemunhos indiretos atinham-se às inumeráveis obras de Crisipo, que, elaboradas com dialética e habilidade refinadas, obscureceram toda a produção dos outros pensadores da Estoá, até fazê-la quase desaparecer. Além disso, foi Crisipo quem derrotou as tendências heterodoxas da Escola, que se haviam verificado com Aristão de Quios e com Erilo de Cartago, desencadeando verdadeiros cismas. Por isso, a exposição da doutrina da velha Estoá é sobretudo uma exposição da doutrina na formulação que recebeu de Crisipo. Também são escassos os testemunhos precisos sobre os pensadores da Média Estoá Panécio e Possidônio, mas os dois pensadores são nitidamente diferenciáveis. Já no que se refere ao estoicismo romano, possuímos obras completas, numerosas e ricas.
Vamos começar ilustrando as teses capitais da doutrina da Estoá antiga.


A Estoá, aceitando a tripartição da filosofia em lógica, física e ética, atribui à lógica a tarefa de fornecer o critério de verdade sobre o qual fundar a ética. Como os Epicuristas, os Estóicos tomaram os movimentos da sensação, entendida como impressão dos objetos externos sobre os sentidos. Nos confrontos de cada representação a razão (logos) do homem exprime seu acordo ou sua rejeição. Apenas quando recebeu nosso acordo a representação se torna "compreensiva" ou "cataléptica". Se uma representação recebe a aprovação — isto é, supera o exame do logos — torna-se "representação cataléptica", e pode entrar de fato no processo do conhecimento. Se não recebe a aprovação, deve ser descartada.
• A seguir, a representação cataléptica torna-se intelecção e conceito, ou seja, torna-se universal, e sobre os universais se fundamenta o raciocínio verdadeiro e próprio, que para os Estóicos — como para Aristóteles, embora de modos diversos — encontra no silogismo sua forma perfeita, Os Estóicos admitiram também a existência de "prolepses", ou seja, de noções inatas, inerentes à natureza do homem. Por conseguinte, tiveram de enfrentar o problema do universal.

Sentenças:
- O sentido da vida consiste estar de acordo com a natureza.
- Nenhum homem é por natureza escravo.
- O sábio não se comove por ninguém e não condena ninguém por um erro cometido.
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Epicuro - Filosofia Antiga - Materialismo. Moral do prazer (ataraxia).


Epicuro (341 - 269 a.C.)

Epicuro acreditava que a filosofia é o melhor caminho para se chegar à felicidade, que para ele significava se libertar dos desejos. A filosofia é um instrumento para alcançar a felicidade pois através dela o homem vai libertar-se do desejo que o incomoda. A filosofia com Epicuro passa a ter uma finalidade prática e não somente o objetivo de investigação dos fundamentos últimos do mundo e do homem.
            Ele divide a filosofia em três partes: a ética, a física e a canônica, sendo que as duas últimas estão intimamente ligadas.
            Em sua ética Epicuro aponta a felicidade como sendo diretamente ligada ao prazer. O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. O homem é inclinado a buscar o prazer e a fugir da dor e através do critério do prazer é que nós avaliamos todas as outras coisas. Existem para ele duas formas de prazer, o primeiro é o prazer estável que é a ausência da dor e da perturbação, o que ele chama de ataraxia e aponia, nessa forma de prazer o homem não sofre e mantêm-se em paz podendo dessa forma atingir a felicidade. Na segunda forma de prazer, que é a da alegria e a do gozo, o homem pode tornar-se escravo do prazer e levar uma vida perturbada, o que não é condizente com a felicidade.
            Segundo a filosofia de Epicuro (EPICURISMO), é preferível a sabedoria feliz do que a insensatez feliz e a justiça é somente um acordo feito entre os homens para atingirem um fim comum que é o de impedir fazerem-se o mal reciprocamente.
            Para suas idéias sobre teoria do conhecimento e sobre lógica Epicuro deu o nome de Canônica pois as duas servem como regra para expor um critério de verdade, um cânon, que é um princípio que vai direcionar o homem para a felicidade. O cânon é formado pelas sensações pelas antecipações e pelas emoções.
            O fluir dos átomos é o que produz as sensações nos homens. O fluir dos átomos é o que cria as imagens que são similares às coisas que os produzem. O fluxo dos átomos de uma árvore é o que cria em nós a imagem da árvore. Nós temos sensações dessas imagens e nossa percepção de mundo é produzida pela combinação de diversas imagens diferentes. Nossos conceitos são formulados pela repetição dessas sensações e pela recordação de sensações que vivemos no passado. As percepções do futuro também terão por base os conceitos que formulamos no presente. Essas sensações são o segundo e principal fundamento da verdade. O terceiro fundamento para Epicuro é a emoção que se constitui em nossa percepção do prazer e da dor.
            Nossas opiniões podem ser equivocadas quando não são confirmadas pela demonstração das sensações. Um bom raciocínio é aquele que está em conformidade com os fenômenos percebidos.
            Os estudos de física de Epicuro buscam rejeitar as coisas sobrenaturais como princípios de explicação do mundo.
Para ele a física deve ser:
1° materialística, rejeitando como seu fundamento qualquer explicação sobrenatural.
2° mecanística, utilizando-se do movimento dos corpos como única explicação, rejeitando ainda qualquer explicação que busque uma finalidade para esses movimentos. Nada vem do nada, todo corpo é formado por corpúsculos menores e indivisíveis que são os átomos e os átomos se movimentam no vazio infinito. Nesse vazio os átomos colidem uns contra os outros podendo criar entre si as mais variadas combinações. O número dos átomos não é infinito, mas também não pode ser definido.
A alma é formada por partículas corpóreas que estão espalhadas por todo corpo. Essas partículas são mais tênues e delicadas e se movimentam de forma mais fácil que as outras pois são mais redondas. Com a morte os átomos da alma se separam e nós não podemos mais ter as sensações. A morte é o fim tanto do corpo quanto da alma e por essa razão nós não precisamos ter medo dos deuses

Sentenças:
- As almas pequenas na sorte se desenvolvem, nas adversidades regridem.
- O homem sereno busca serenidade para si e para os outros.
- A morte não é nada para nós. Quando nos dissolvemos não temos mais sensibilidade e sem sensibilidade não nos resta nada.
- A vida do justo não é perturbada pelas inquietações, mas a vida do injusto é cheia delas.
- Toda amizade tem por base o proveito próprio.
- As pessoas terminam sua vida como se tivessem acabado de nascer.
- Não faça nada que teu vizinho não possa saber.
- Não devemos pedir aos deuses o que podemos realizar.
- O melhor da auto-suficiência é a liberdade.
- A morte não significa nada para nós pois quando nós somos ela não é e quando ela é, nós não somos.
- Nada é suficiente para quem considera o suficiente pouco.
- O prazer é o principal bem, ele é a ausência de dor no corpo e de inquietações na alma

Obras de Epicuro

Segundo Diógenes Laércio, um estudioso do século III d. C. escreveu um livro Vida direito dos mais famosos filósofos gregos e é essencial para atender a certos autores da Antiguidade, Epicuro até escreveu 300 obras, formando um conjunto coerente e estruturado (aparentemente havia 34 livros dedicados ao estudo da a natureza). Infelizmente, o que chegou até nós é muito escasso e consiste em várias letras e fragmentos espalhados. Precisamente Diógenes Laércio, que nos transmitiu algumas dessas cartas e ele dedicado a Epicuro o último e mais longo capítulo do trabalho já mencionado, agora mais do que sabemos da obra de Epicuro.
É também de salientar, ao reconstruir o pensamento de Epicuro, poema de Lucrécio Sobre a natureza das coisas e dos comentários do Cicero Roman ou Filodemo, nascido por volta de 105 a. C., e fundador de uma biblioteca na que reuniu numerosos volumes da obra de Epicuro, ainda que tal biblioteca acabou sendo devastada pelo incêndio.
filosofia aversão de Epicuro levantada em outras escolas filosóficas ou doutrinas religiosas, e a deturpação dos seus conteúdos, causou inúmeras vezes que o epicurismo foi simplesmente ignorado, dificultando assim a transmissão das obras do fundador. Por exemplo, quando no ano 155 a. C. os atenienses enviado a Roma um grupo de filósofos como embaixada para o senado romano, escolheu um estóico, a peripatética de Aristóteles Lyceum e um cético, mas os epicuristas não estavam representados. Por outro lado, isso não deve ofendê-los nem um pouco, já que os epicuristas rejeitaram a participação política e formaram grupos isolados que viviam juntos em um feliz retiro espiritual. Estas circunstâncias, no entanto,
Os textos que temos hoje são a Carta aos Idomeneo (que é ao mesmo tempo a vontade de Epicuro, que foi escrito o dia da sua morte), a Carta aos Meneceo, a Carta a Heródoto e a Carta Pitocles e as Máximas do Capital e os Escritos do Vaticano, sendo estes dois últimos uma série de máximas e frases curtas.
Período Helenístico

Lista dos Filósofos dos Filósofos do período Helenístico:
Helênicos

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PIRRO de ÉLIDA - FILOSOFIA ANTIGA

Pirro nasceu na cidade de Élida em torno de 360 a.C. e inicialmente se dedicou à pintura, no que não foi bem-sucedido. Parece ter se voltado para a filosofia depois que fez uma viagem ao Oriente em uma expedição de Alexandre. Na Índia, conheceu os gimnosofistas, sábios indianos. Numa demonstração de coerência inacreditável, um desses sábios se jogou voluntariamente em uma fogueira e suportou impassível a dor enquanto as chamas devoravam seu corpo.
Ao retornar para sua cidade natal, passou a se dedicar à filosofia com a qual atraiu bastante atenção. O respeito que conquistou por seu modo de vida e comportamento fez com que fosse apontado como sacerdote e que os filósofos não precisassem pagar impostos. Nesse aspecto, Pirro se destacava pela sua tranquilidade e capacidade de não se deixar afetar pelo que ocorria a sua volta. De fato, sua capacidade de se manter calmo nas situações mais adversas era extraordinária.
Há uma história segundo a qual durante uma tempestade em alto mar o barco que Pirro era balançado por ventos violentos e era jogado de um lado para o outro pelas ondas enormes. Toda a tripulação estava apavorada com o risco da morte e ainda assim o filósofo permanecia indiferente ao perigo. Olhando para um porco que comia calmamente na tempestade, apontava no animal um exemplo de comportamento sábio.
Esta pintura do artista do século XVI Petrarca-Meister representa Pirro no navio durante a tempestade. Pirro, em azul e inclinado contra o mastro principal, relaxa no convés do navio enquanto todos os outros entram em pânico.
As histórias sobre Pirro são abundantes. Algumas servem para compreendermos alguns conceitos de sua filosofia, outras foram criadas por críticos para ridicularizar suas ideias. De qualquer forma, é importante sempre manter um certo ceticismo em relação às duas.
Uma segunda anedota conhecida sobre sua tranquilidade e indiferença é um episódio envolvendo seu amigo Anáxarcos. Este havia caído em um pântano e não conseguia sair. Gritava pela ajuda de pessoas que passavam próximas ao local. Num determinado momento, vê Pirro passando, olhando em sua direção mas seguindo em frente sem fazer nada para ajudá-lo. Apesar disso, elogia o amigo pela indiferença.
Diante de uma pessoa tão pitoresca, é natural se perguntar o que pensava para viver dessa forma. E a resposta é: Pirro era um cético.

O ceticismo de Pirro

O que podemos conhecer com certeza? Algumas pessoas estão certas de possuírem uma alma, enquanto outras alimentam dúvidas sobre sua existência. No entanto, praticamente ninguém duvidaria que em inúmeras situações podemos ter certeza. Por exemplo, imagine que você está a poucos metros de um cão que se mostra numa posição de ataque. Ele mostra os dentes e começa a correr em sua direção. Numa situação como essa, você certamente não ficaria parado, calmo, pensando que a existência do cão é incerta, pois pode ser uma ilusão criada pelos seus olhos.
Pirro ao contrário, acreditava que não podemos ter certeza de absolutamente nada. Nem mesmo de que existe um cão feroz na sua frente.
O filósofo pensava que existiam três perguntas fundamentais:
1.     Como as coisas realmente são?
2.     Que atitude deveríamos adotar em relação à elas?
3.     O que acontecerá com aqueles que adotarem essa atitude?
A primeira dessas questões, Pirro respondia que não como podemos saber como as coisas realmente, apenas como elas nos parecem.  A mesma coisa parece diferente para pessoas diferentes, e, portanto, é impossível saber qual opinião é correta. A diversidade de opinião entre os sábios, bem como entre as pessoas comuns, prova isso. Para cada afirmação, a afirmação contraditória pode ser oposta com igualmente bons fundamentos, e qualquer que seja a minha opinião, a opinião contrária é acreditada por alguém que é tão inteligente e competente para julgar como eu. Opinião podemos ter, mas certeza e conhecimento são impossíveis.
Com relação à segunda questão, o filósofo acreditava que deveríamos suspender o juízo em relação a tudo. Normalmente, pensamos que uma ação é boa ou ruim, justa ou injusta, prejudicial ou benéfica. Pense no episódio da tempestade: quantos julgamentos faríamos numa situação assim? Mesmo sem querer, pensamos que o barco irá afundar, que se afundar iremos morrer, que a morte é pior que a vida, por isso é melhor continuar vivendo etc. Todos esses julgamentos, pensava Pirro, são precipitados, pois não podemos saber realmente tudo isso. O mais correto, então, seria evitar julgar.
Por fim, aqueles que adotam a atitude adequada em relação à todas as coisas, ou seja, a suspensão do juízo, terão como recompensa uma grande tranquilidade que surge da indiferença, do não-julgamento. Era esse o segredo da tranquilidade de Pirro. Era capaz de se manter calmo em qualquer situação porque evitava fazer julgamento sobre tudo.
Artigo Sobre Ceticismo






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