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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...


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sexta-feira, 16 de agosto de 2019

HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE VI


Pensamento socrático
Sócrates é uma figura particularmente importante, pois tradicionalmente se divide a filosofia antiga em antes e depois dele. É dessa divisão que surgiu o termo Pré-socráticos, para se referir a grandes pensadores da Antiguidade, como Tales, Anaximandro, Heráclito, Parmênides, entre outros, que são considerados os pioneiros em articular uma forma de pensar – e expressar esse pensamento –, que não poderia se confundir com as narrativas mitológicas nem literárias.
Afinal, nessa época essa divisão não era nítida, pois não existia ainda a constituição da filosofia como um gênero discursivo capaz de se diferenciar da poesia ou dos gêneros líricos ou épicos, comuns na Antiguidade.
Sócrates nada deixou de escrito, certo? Essa conclusão vem do fato de que a sua filosofia era praticada na praça pública (a ágora) de Atenas, e isso nos remete ao tempo em que tanto a filosofia quanto a literatura eram ainda discursos apenas falados, ou seja, que se realizavam por meio da oralidade.
A palavra se torna, então, “o instrumento político por excelência, a chave de toda autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem” (Vernant, 2002, p. 54). E isso aconteceu de maneira diferenciada em Atenas, pela sua própria estrutura política. Lá, diferente de outras cidades-estados, como Esparta ou Tebas, passou-se a adotar um sistema em que todos os cidadãos decidiriam as questões importantes para a cidade, em uma reunião na qual todos teriam o direito de falar, e ganhariam as ideias que fossem defendidas com os melhores argumentos.
É por isso que nesse sistema o domínio da palavra foi essencial para o sucesso ou não de uma ideia política e da necessidade de preparar os jovens para o exercício da palavra durante as audiências públicas, momento no qual surgiram as figuras dos professores de retórica, conhecidos como sofistas,  se pode dizer que foram os primeiros professores da história.
A atuação desses professores de gramática e retórica foi decisiva para a elevação do nível intelectual dos atenienses. No entanto, devido à querela com Platão, a denominação de sofista ganhou um sentido pejorativo. Porém, não podemos nos esquecer de que os sofistas foram fundamentais para a estruturação da democracia na Atenas da Grécia antiga e que foi a partir da sua atuação, como os primeiros professores de oratória e retórica e outras técnicas de persuasão, que se pôde afirmar que “a arte política, em certo momento do auge de Atenas, era essencialmente exercício da linguagem” (Vernant, 2002, p. 55).

Neste contexto Sócrates via os sofistas como aqueles que se valiam somente da oratória do que Sócrates chamava de (doxa), ou seja, opinião. Para Sócrates o mais importante era o conhecimento que por sua vez levaria a verdade (aleteia), por esta razão ele sabia diferenciar muito bem opinião de conhecimento.
Sócrates partia do princípio da busca pela verdade daquilo que ele entendia como a essência do homem que tem a consciência de si mesmo. O foco da filosofia socrática é o ser humano, é a busca pela verdade (aleteia), ainda que não haja uma verdade absoluta.
Para Sócrates é necessário termos autoconhecimento. Conhece-te a ti mesmo.
Para Sócrates, a maneira de buscar o conhecimento é através do diálogo (dialética). O método Socrático é dividido em quatro partes:
Exortação: convite ou chamado para o debate de ideias.
Indagação: após a aceitação ao diálogo deve-se questionar o convidado para saber as suas opiniões e ideias.
Opinião todos tem, mas será que a pessoa tem conhecimento para embasar esta opinião.
Ironia: após os questionamentos, Sócrates passa a buscar os pontos mais contraditórios nas falas do convidado objetivando uma crescente busca por conhecimento.
Maiêutica (dar a luz): Sócrates passa a indicar caminhos para que o convidado descubra o conhecimento por si só.






HISTÓRIA DA FILOSOFIA V
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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE V


HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE V

PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO

O filósofo Aristóteles de Estagira, discípulo de Platão, pode ser considerado como o principal nome deste período. Aristóteles apresenta uma verdadeira enciclopédia de todo o saber produzido e acumulado pelos gregos, nos quase quatro séculos passados, em todos os ramos do pensamento e da prática, considerando essa totalidade de saberes como sendo a filosofia.

O filósofo grego afirma que, antes de um conhecimento constituir seu objeto e seu campo próprios, seus procedimentos próprios de aquisição e exposição, de demonstração e de prova, devem primeiro, conhecer as leis gerais que governam o pensamento, independentemente do conteúdo que possa vir a ter. O estudo das formas gerais do pensamento, sem preocupação com seu conteúdo, chama-se lógica, e Aristóteles foi o criador da lógica como instrumento do conhecimento em qualquer campo do saber.

Aristóteles distingue e classifica todos os saberes científicos (cuja totalidade é a filosofia) tendo como critério a distinção entre ação e contemplação, isto    é, diferencia as ciências conforme seus objetos e finalidades: sejam atividades produtivas, éticas e políticas; sejam puramente intelectuais, interessadas exclusivamente no conhecimento e sem preocupação com qualquer prática. São elas:

·      Ciências produtivas: estudam as práticas produtivas ou as técnicas, isto é, as ações humanas cuja finalidade está para além da própria ação, pois a finalidade é a produção de um objeto, de uma obra;

·      Ciências práticas: estudam as práticas humanas enquanto ações que têm nelas mesmas seu próprio fim, isto é, a finalidade da ação realiza-se nela mesma, é o próprio ato realizado;

·      Ciências teoréticas: contemplativas ou teóricas: estudam tudo o que existe, independentemente dos homens e de suas ações.

A partir da classificação aristotélica, definiu-se, no correr dos séculos, o grande campo da investigação filosófica, campo que só seria desfeito no século XIX da nossa era, quando as ciências particulares foram se separando do tronco geral da filosofia. Assim, podemos dizer que os campos da investigação filosófica são três:
1.   O do conhecimento da realidade última de todos os seres, ou da essência de toda a realidade;
2.   O do conhecimento das ações humanas ou dos valores e das finalidades da ação humana;
3. O do conhecimento da capacidade humana de conhecer, isto é, o conhecimento do próprio pensar






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HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE IV


HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE IV
Filosofia período clássico
Período socrático ou antropológico: do final do século V e todo o século IV a.C. Corresponde aos filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles.
Os filósofos do período clássico conseguem romper com o pensamentos dos pré-socráticos, pois todos eles se preocupavam de como se deu a origem das coisas(cosmologia); já os clássicos se voltaram para a questão humana(antropológica), isto é, a ética, a política e as técnicas.
 Porém, como homem de seu tempo, Sócrates concordava com os sofistas em um ponto: por um lado, a educação antiga do guerreiro belo e bom já não atendia às exigências da sociedade grega; por outro lado, os filósofos cosmologistas defendiam ideias tão contrárias entre si que também não era uma fonte segura para o conhecimento verdadeiro.
Por discordar dos antigos poetas, dos antigos filósofos e dos sofistas Sócrates propunha que, antes de querer conhecer a natureza e antes de querer persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si mesmo. A expressão “conhece-te a ti mesmo”.
Esta frase estava gravada no pórtico do templo de Apolo, patrono grego da sabedoria, tornou-se então o marco de Sócrates. Logo, por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que se diz que o período socrático é antropológico, isto é, voltado para o conhecimento do homem, particularmente de seu espírito e de sua capacidade para conhecer a verdade.
Essa concepção de Sócrates foi fundamental para dá origem a uma nova concepção de mundo, e transformá-lo novamente.
Historicamente, dificuldade para se conhecer o pensamento dos grandes sofistas, porque não possuímos seus textos. Restaram fragmentos apenas. Por isso, nós os conhecemos pelo que deles disseram seus adversários - Platão, Xenofonte, Aristóteles - e não temos como saber se estes foram justos com aqueles. Os historiadores mais recentes consideram os sofistas verdadeiros representantes do espírito democrático, isto é, da pluralidade conflituosa de opiniões e interesses, enquanto seus adversários seriam partidários de uma política aristocrática, na qual somente algumas opiniões e interesses teriam o direito de valer para o restante da sociedade.
Ateniense procurava um fundamento último para as interrogações humanas, enquanto os sofistas situavam as suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório imediato, sem se preocupar com a investigação de um essência da virtude, da justiça do bem etc., a partir da qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles. Se reunirmos o que esse filósofo escreveu sobre os sofistas e sobre Sócrates, além da exposição de suas próprias ideias.
No período socrático os conceitos filosóficos aborda os temas:
As virtudes morais e as virtudes políticas, tendo como objeto central de suas investigações a moral e a política, isto é, as ideias e práticas que norteiam os comportamentos dos seres humanos, tanto como indivíduos quanto como cidadãos; O encontro da definição, do conceito ou da essência dessas virtudes, para além da multiplicidade das opiniões contrárias e diferentes. As perguntas filosóficas referem-se, assim, a valores como a justiça, a coragem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a temperança, a prudência, etc., que constituem os ideais do sábio e do verdadeiro cidadão; a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Isto é, o pensamento oferecendo, a si mesmo, caminhos, critérios e meios próprios para saber o que é o verdadeiro e como alcançá-lo em tudo o que investiguemos. A opinião, as percepções e imagens sensoriais são consideradas falsas, mentirosas, mutáveis, inconsistentes, contraditórias, devendo ser abandonadas para que o pensamento siga seu caminho próprio no conhecimento verdadeiro. A diferença entre os sofistas, de um lado, e Sócrates e Platão, de outro, é dada pelo fato de que os sofistas aceitam a validade das opiniões e das percepções sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de persuasão.  Isso enquanto Sócrates e Platão consideram as opiniões e as percepções sensoriais (ou imagens das coisas) como fonte de erro, mentira e falsidade, formas imperfeitas do conhecimento que nunca alcançam a verdade plena da realidade.










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HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE III


HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE III

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO

Também conhecido como período Cosmológico, seus pensadores eram de várias cidades ou colônias gregas, sendo nenhum deles de Atenas. A preocupação dos pensadores deste período é encontrar uma explicação racional e sistemática (uma cosmologia) para o mundo (o cosmo), que substituísse a antiga cosmogonia (explicação mítica).

Esse período é caracterizado pela busca de explicar racionalmente o mundo, sem recorrer à mitologia ou à religião. Os pensadores buscavam encontrar explicações para um princípio ordenador do universo. Por isso, são chamados também fisiólogos, já que tentavam compreender a physis, a natureza material.

Não havia consenso sobre o princípio primeiro (arché), ou fundamental, de todas as coisas entre os filósofos da natureza. Para Tales, era a água (ou úmido); para Anaximandro, o ilimitado; para Anaxímedes, o ar (ou o frio); para Pitágoras, o número; para Heráclito, o fogo; para Empédocles, (úmido, seco, quente e frio); para Anaxágoras, as sementes que continham os elementos de todas as coisas; para Leucipo e Demócrito, o átomo

Cosmogonia - São narrativas mítica(mitos), que buscam explicar aspectos presentes na vida e na religiosidade dos povos. Entre essas narrativas, temos aquelas que buscam dar conta da criação do mundo.

Os principais filósofos pré-socráticos e as respectivas Escolas:

Escola Jônica: Tales, Anaxímenes e Anaximandro, de Mileto e Heráclito, de Éfeso.

Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento.

Escola Eleata: Parmênides e Zenão, de Eléia.

Escola Atomista ou da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo e Demócrito, de Abdera.

Os principais conceitos deste período são, A busca por uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a natureza, a filosofia também explica a origem e as mudanças dos seres humanos.

A afirmação de que não existe criação do mundo, como é o caso, por exemplo, na religião judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada.  Por isso, diz: “Nada   vem do nada e nada volta ao nada”, significando que: a) o mundo, ou a natureza, é eterno; b) no mundo, ou na natureza, tudo se transforma em algo diferente sem jamais desaparecer; o princípio eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível somente para o ‘olho do espírito’, isto é, para o pensamento.

O elemento primordial da natureza chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer, produzir). A physis é a natureza eterna e em perene transformação. A ideia de que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que são perecíveis ou mortais. A crença de que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são   seres em contínua transformação, mudando de qualidade e de quantidade. Portanto o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.

Cada um dos pensadores, neste período, deu sua contribuição para o desenvolvimento humano. Hoje seus pensamentos podem nos parecer ultrapassados ou simplórios, entretanto, não importa como os vejamos, o fato é que muito do que temos devemos a eles. Seu mérito é, em tempos remotíssimos, ter dado o ‘pontapé’ inicial.




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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE II


O mito sempre foi um elemento cultural importante na pólis grega, pois dava unidade às cidades-estado com instituições e costumes tão diversos. Os deuses da mitologia grega relacionavam-se com a natureza e eram bastante próximos do homem: zangavam-se, alegravam-se, apaixonavam-se, sentiam ciúme e fome. As histórias dos gregos eram transmitidas em forma de mito. Por tratarem de sentimentos humanos, como o amor, o ódio, a admiração, a inveja, os mitos servem para entendermos melhor a nós mesmos, na tentativa de responder a indagações morais que rondam a mente humana.
Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros sábios gregos a formular uma explicação racional para o mundo sem recorrer ao sobrenatural. Alguns aspectos comuns entre eles podem ser apontados: em primeiro lugar, eram estudiosos da natureza (physis). Por buscarem entender a organização racional do universo, a partir de princípios e leis que o regem, dizemos que eram voltados para a cosmologia, ou seja, a busca por entender a razão que rege o universo. Em segundo lugar, tentavam encontrar uma relação de causalidade entre os fenômenos da natureza. Por fim, todos buscavam um princípio ou elemento primordial a partir do qual explicariam os fenômenos naturais.

Tales de Mileto (cerca de 624-545 a.C.)
Segundo uma tradição, que remonta aos próprios gregos antigos, o primeiro filósofo da história teria sido Tales de MiletoEle ficava indignado por “todas as coisas estarem cheias de deuses”. Dessa maneira, tentou explicar que a água era a origem única (physis) de todas as coisas. A água, Tales afirmava, era a substância fundamental de que todas as outras se compunham; se pulverizássemos bem as coisas, as dissecássemos ou as examinássemos de muito perto, encontraríamos não ferro, pedra ou carne, mas água. Tales, então, pensa que, no fundo, “tudo é um”, ou seja, há uma unidade geral do universo.  A matéria era água condensada e o ar, água evaporada. Toda a Terra, ele sustentava, era um disco que flutuava num lago gigantesco, cujas ondas e encrespações eram a causa dos terremotos.
Anaximandro de Mileto (cerca de 610-546 a.C.)
Em meados do século VI a.C, Anaximandro de Mileto, que já havia introduzido e aperfeiçoado o relógio de sol (gnomon) na Grécia, foi também o primeiro a traçar um mapa do mundo habitado e, influenciado pelos orientais, a tentar calcular a distância entre as estrelas. Para Anaximandro, o universo teria resultado de modificações ocorridas num princípio originário (arché). Esse princípio seria ápeiron, que se pode traduzir por infinito e/ou ilimitado. Sendo princípio, deve também não ter princípio e ser indestrutível, porque o que foi gerado necessariamente tem fim e há um término para toda destruição. Por isso, assim dizemos: não tem princípio mas parece ser princípio das demais coisas e a todas envolver e a todas governar.

Pitágoras de Samos (cerca de 570-495 a.C.)

Pitágoras de Samos pressupunha uma unidade fundamental entre todos os seres: mas, para ele, o que une todos os seres do universo é a matemática (arithmós). O trabalho intelectual descobre a estrutura numérica de todas as coisas e, assim, vê sua relação com o cosmo, a harmonia, a proporção e a beleza. Os números não seriam, portanto, meros símbolos, mas a própria “alma das coisas”.
Como disse Nietzsche, explicando Pitágoras: “A música, como tal, só existe em nossos nervos e em nosso cérebro; fora de nós compõe-se somente de relações numéricas quanto ao ritmo, se se trata de sua quantidade, e quanto à tonalidade, se se trata de sua qualidade, conforme se considere o elemento harmônico ou o elemento rítmico. No mesmo sentido, poder-se-ia exprimir o ser do universo, do qual a música é, pelo menos em certo sentido, a imagem, exclusivamente com o auxílio de números”.

Parmênides de Eleia (cerca de 515-445 a.C.)
Parmênides de Eleia viveu no fim do século VI e começo do século V a.C. e deixou um poema, apresentando suas ideias filosóficas. A primeira parte do poema mostra o que seria a “via da verdade”, ou seja, o pensamento verdadeiro; a segunda parte apresenta a “via da opinião”, ou seja, o pensamento errôneo. Na “via da opinião”, os mortais, por confiarem em seus sentidos (audição, tato, olfato visão, paladar), não chegariam à verdade (aletheia) nem à certeza, permanecendo nas opiniões e nas convenções de linguagem. Os sentidos enganam, levam-nos ao erro e tentam nos manter numa ilusão. Como então saber a verdade? É aí que entra a parte de seu poema chamada “via da verdade”: não confiando nos sentidos, mas apenas no que é razoável à razão, ao pensamento. É como se nosso pensamento revelasse um mundo distinto da razão. Note, portanto, que Parmênides é o primeiro filósofo a identificar a distinção entre realidade e aparência e combater, com isso, o senso comum.

Heráclito de Efeso (cerca de 535-475 a.C.)
Nascido em Efeso, colônia grega da Ásia Menor, Heráclito escreveu o livro Sobre a Natureza, em prosa, no dialeto jônico, mas de forma tão concisa que recebeu o cognome de Skoteinós, o Obscuro. Defendia a ideia de que o movimento e o conflito não apenas existiam como eram a própria essência das coisas. Heráclito diz: “Tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece o mesmo”, “a essência é a mudança” e “o verdadeiro é apenas como a unidade dos opostos”.
Heráclito nunca poderia dizer que o ar ou a água são a essência do mundo, uma vez que os dois não representam o processo nem a mudança: eles próprios estão submetidos a essa mudança, ao tempo, que é a verdadeira essência de tudo. Heráclito, assim, enfatiza o caráter mutável da realidade, sempre em fluxo: “Tu não podes entrar duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti”, ou “o sol não apenas é novo cada dia, mas sempre novo, continuamente”. Heráclito também acreditava que a realidade era marcada pelo conflito (pólemos) entre os opostos, e que esse conflito, longe de ser negativo, era a garantia do equilíbrio do universo, era a garantia de sua harmonia. Dia e noite, sol e chuva, criança e adulto, calor e frio, morte e vida, amor e ódio, dormir e acordar são opostos que se complementam, de forma que um só pode ser entendido em razão do outro.

Parmênides julgava o ser uno, imóvel, indestrutível, ingênito (isto é, incriado, não nascido, não gerado) e eterno. Segundo seu modo de pensar, o não ser, o nada não existe e não pode ser nem dito nem pensado. Portanto, o ser não pode ter surgido, porque ou teria surgido do nada, o que é impossível, ou teria surgido de outro ser, justificando que o ser já era e sempre será; logo, é eterno. Nem também o ser pode se movimentar, pois se se altera (o movimento em grego era tido como deslocamento, crescimento, diminuição e alteração) será outro ser, mesmo continuando a ser e, por isso, dois seres são impensáveis, apenas um ser é pensável. E se não foi criado, nem gerado, também não pode ser destruído, já que se destruído, algo ficará e assim permanecerá sendo.

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HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE I


HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE I
Nesse trabalho da história de filosofia se pretende dispor de critério temático das grandes áreas do corpo filosófico (metafísica, estética, epistemologia, lógica, política, ética...), essas disciplinas de história seguem o critério cronológico, com o objetivo de complementar a visão exigida pela própria natureza do estudo filosófico) com uma visão mais extensiva e horizontal (embora, obviamente, não exaustiva, mesmo nessa superfície), de modo a que o aluno saiba identificar os principais filósofos de cada época, as principais correntes filosóficas e as escolas, os principais temas, bem como dissertar minimamente sobre o essencial de cada um.
Pois fornece um fio condutor, o mais tradicional de todos, o cronológico, para seus próprios cursos nas escolas. Embora tradicional, costuma ser bem sucedido, se bem ministrado. Ser bem ministrado não é outra coisa senão aproveitar o ensejo propiciado pelo esquema cronológico de falar sobre determinado filósofo numa aula específica e explicar com clareza suas ideias principais.

Segundo a tradição a filosofia surge na Grécia Antiga, com a figura de Tales de Mileto. Este foi o primeiro a buscar uma explicação para os fenômenos da natureza, usando a razão, e não os mitos, inaugurando, assim, a investigação do princípio originário da totalidade do universo.  Assim, a Filosofia Antiga vem contribuindo   para a formação do pensamento ocidental há mais de 2.500 anos, tendo sido a origem de todas as ciências (Psicologia, Antropologia, História, Física, Química, Biologia, Astronomia, etc.). Entretanto, estas se ocupam de objetos de estudo específicos, e a Filosofia Antiga se ocupa do “todo”, da totalidade dos mundos (físico e metafísico). Dessa forma, o presente trabalho buscou identificar, examinar e analisar material bibliográfico nos orientar no conhecimento histórico da Filosofia Antiga e de como se deu a construção e formação do pensamento ocidental.

A filosofia seja dividida em
Antiga que vai do século VI a.C. ao VI d.C.

Medieval que vai do século VIII ao XIV d.C.

Renascença que vai do século XIV ao XVI d.C.
Moderna que vai do século XVII ao XVIII d.C. d
O Iluminismo que vai do século XVIII ao XIX d.C.
Contemporânea que vai do século XIX d.C. até os dias atuais.

A tradição atribui ao filósofo grego Pitágorasde Samos (que viveu no século V a.C.) a criação da palavra “filosofia”, que resulta da união de outras duas palavras: “philia”, que significa “amizade”, “amor fraterno” e respeito entre os iguais, e “sophia”, que significa “sabedoria”, “conhecimento”. De “sophia” decorre a palavra “sophos”, que significa “sábio”, “instruído”. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.
Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, porém os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. Assim, a filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, que deseja o conhecimento, que o estima, procura-o e respeita-o. Logo, o filósofo é aquele que quer dar respostas precisas a certas perguntas.
Originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações comumente aceitas sobre    a sua própria realidade.

Deuses perdendo a centralidade; Interesse das novas elites de militares, comerciantes e financistas.
Teleológico-mítica (deuses e mitos) para secular (humana e mundana).  – de teocêntrica para antropocêntrica.
A   Cosmogonia, típica   do   pensamento   mítico, é descritiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificando-os às forças da natureza.
Já na Cosmologia, as explicações rompem com o mito: a arché (princípio) não se encontra na ordem do tempo mítico mas significa tempo teórico, fundamento de todas as coisas.
Além de possuir data e local de nascimento e de possuir seu primeiro autor, a filosofia também possui um conteúdo preciso ao nascer: é uma cosmologia. Esta palavra é composta de duas outras: “cosmos”, que significa mundo ordenado e organizado, e “logia”, que vem da palavra “logos”, que significa pensamento racional, discurso racional, conhecimento. Assim, a filosofia nasce como conhecimento racional da ordem do mundo ou da natureza, daí, cosmologia.
O ponto de partida dos pensadores naturalistas gregos do século VI a.C., era o problema da origem, a physis. 



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