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Livro: Uma Síntese a Filosofia Medieval

  Olá pessoal! Depois de um tempo, estou retomando as atividades por aqui. Uma das razões que contribui para esse hiato foi a falta de tempo...


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quinta-feira, 28 de março de 2019

Aristipo


Aristipo (435 - 366 a.C.)
Segundo a filosofia de Aristipo o bem estar do homem é físico. O prazer é o que movimenta o homem, o prazer é sempre algo positivo, não importando de onde venha esse prazer. Ele era hedonista, o prazer é o que dá sentido à vida.
            Aristipo fundou a Escola Cirenaica onde eram rejeitados os estudos da física e da matemática que foram consideradas desnecessárias para que as pessoas encontrassem o bem e a felicidade. Mesmo a lógica e as suas investigações tiveram sua importância diminuída. Os cirenaicos eram *fenomenistas e limitaram a forma de conhecimento do mundo às sensações subjetivas. As investigações teóricas são colocadas em segundo plano e servem apenas para contribuir para delinear a conduta moral e no auxílio na busca da felicidade
            Como o conhecimento é subjetivo a denominação das coisas do mundo é somente uma convenção, na realidade elas exprimem somente uma percepção individual de cada ser humano e essas percepções não podem ser comparadas com as percepções dos outros indivíduos. Elas são únicas, sensorialmente únicas. A referência para descobrir a verdade das coisas é a sensação, mas elas não dizem nada sobre a essência dos objetos que produzem as sensações nas pessoas.
            A felicidade está no homem que aprecia o momento que está vivendo. O prazer é o momento em que o homem está vivendo um impulso ou um movimento delicado e ameno, já a dor é comparada a um movimento feito com força e ímpeto. Quando a pessoa não está vivendo nem um movimento delicado nem um movimento impetuoso, ela não está sentindo nem prazer nem dor, ela está em êxtase. O êxtase é para os cirenaicos parecido com o sono, com o dormir. O êxtase não é nem aprazível nem doloroso. A felicidade é o conjunto dos prazeres que o indivíduo viveu, vive e vai viver, mas o prazer vive-se sempre no presente.
            O homem deve viver o prazer do instante, esse momento muito breve e que é o único que ele realmente tem, sem com isso lamentar-se com o passado vivido nem se infligir com o futuro que poderá viver. Aceitar o prazer momentâneo que a vida oferece é viver conforme a virtude. A virtude é a moderação dos prazeres, mas uma moderação interesseira, moderação para que não se esgote a fonte dos prazeres.
            O prazer físico é o bem supremo, maior do que os prazeres da alma, da mesma forma a dor física é maior que a dor da alma. Mesmo assim para eles o homem deve saber dominar os prazeres e não ser dominado por eles. O prazer não é algo ruim, ruim é ser subjugado por ele. O homem deve satisfazer os seus desejos sem se deixar envolver por eles. O prazer é sempre algo bom, mas a falta de moderação no relacionamento com os prazeres pode fazer do homem escravo e dependente deles, e isso é algo condenável.
            Aristipo e seus seguidores querem que o homem seja sempre superior aos seus instintos, se ele conseguir isso o seu prazer vai estar em harmonia com a sua liberdade de espírito. E essa superioridade que vai conduzir o homem à liberdade de espírito é conseguida através da cultura e da inteligência.
            Os cirenaicos fundam ainda a visão do homem cosmopolita, cidadão do mundo, que foge da organização social da polis da época, onde havia quem ordenava e quem obedecia. O homem assim não está circunscrito a uma cidade e a obedecer as suas leis, ele é cidadão do mundo e segue as suas próprias leis. Dessa forma ele pode viver livremente a busca dos seus prazeres.

Sentenças
Possuo, não sou possuído.
- É melhor que o dinheiro seja perdido por Aristipo do que Aristipo pelo dinheiro.
- É melhor ser pobre que sem cultura, ao pobre falta dinheiro, ao inculto falta humanidade.

 Hedonismo é uma doutrina filosófica moral que enfoca na busca do prazer, em consequência da qualidade de vida do ser-humano.
Hedonismo na Grécia Antiga
O termo “Hedonismo” é fruto de pesquisas de filósofos gregos importantes tal qual, Epicuro de Samos (341 a.C.-271 a.C.) e Aristipo de Cirene (435 a.C. - 356 a.C.), considerado o “Pai do Hedonismo”.
Ambos contribuíram para o surgimento da corrente hedonista, entretanto, para Epicuro o prazer deveria de ser aproveitado de maneira mais moderada e menos radical, em detrimento do modo intenso e físico sugerido por Aristipo. No entanto, os dois filósofos acreditavam que a busca da felicidade estava na supressão da dor e do sofrimento do corpo e da alma, os quais levariam ao prazer.
Diante disso, as duas vertentes que surgiram se distinguiam em respeito a avaliação moral do prazer:
Escola Cirenaica” ou “Cirenaísmo” (séculos IV e III a.C.), fundada por Aristipo que acreditava na importância do prazer do corpo em detrimento do prazer mental;
"Epicurismo", fundado por Epicuro, que associava o prazer à paz e à tranquilidade, rebatendo, muitas vezes, o prazer imediato e mais individualista como propunha a Escola Cirenaica.
Para saber mais: Grécia AntigaEpicuro e Epicurismo
Hedonismo na Pós-Modernidade
Embora a teoria hedonista tenha surgido na Grécia, essa corrente filosófica está sendo muito discutido na atualidade, uma vez que a Pós-modernidade, período que se inicia após o Modernismo e que vigora até os dias atuais, intensificado pela era da informática e da comunicação, aponta para um ser humano confuso, ao mesmo tempo eclético, entretanto, que busca sem limites o prazer individual e imediato, como o principal propósito da vida.

Myer Pearlman - Teólogo Americano sobre o pensamento Hedonismo


O hedonismo (da palavra grega que significa "prazer") é a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga à dor; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: "Isto e correto?", mas: "Traz prazer?" Nem todos os hedonistas têm uma vida de vícios, mas a tendência geral do hedonista é desculpar o pecado e disfarçá-lo, qual pílula açucarada, com designações tais como estas: "é uma fraqueza inofensiva"; "é pequeno desvio"; "é mania do prazer"; "é fogo da juventude". Eles desculpam o pecado com expressões como estas: "Errar é humano"; "o que é natural é belo e o que é belo é direito." é sobre essa teoria que se baseia o ensino moderno de "auto-expressão". Em linguagem técnica, o homem deve "libertar suas inibições"; em linguagem simples, "ceder à tentação porque reprimi-la é prejudicial à saúde". Naturalmente, isso muitas vezes representa um intento para justificar a imoralidade. Mas esses mesmos teóricos não concordariam em que a pessoa desse liberdade às suas inibições de ira, ódio criminoso, inveja, embriaguez ou alguma outra tendência similar. No fundo dessa teoria está o desejo de diminuir a gravidade do pecado, e ofuscar a linha divisória entre o bem e o mal, o certo e o errado. Representa

 uma variação moderna da mentira antiga: "Certamente não morrerás." E muitos descendentes de Adão têm engolido a amarga pílula do pecado, adoçada com a suposta suavizante segurança: "Isto não te fará dano algum." O bem é simbolizado pela alvura, e o pecado pela negrura, porém alguns querem misturá-los, dando-lhes uma cor cinzenta neutra. A admoestação divina àqueles que procuram confundir as distinções morais, é: "Ai daqueles que chamam o mal bem, e o bem mal"

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quinta-feira, 21 de março de 2019

Antístenes - Os Socráticos menores - Fundador da Escola cínica


Antístenes
E o prelúdio do Cinismo
A figura de maior relevo entre os Socráticos menores foi Antístenes, que viveu na passagem entre os sécs. V e IV a.C., filho de pai ateniense e mãe trácia. Frequentou inicialmente os Sofistas, tornando-se discípulo de Sócrates apenas em idade um tanto avançada. Das numerosas obras que lhe são atribuídas, apenas alguns fragmentos chegaram até nós.
Antístenes destacou sobre tudo a extraordinária capacidade prático-moral de Sócrates, como a capacidade de bastar-se a si mesmo, a capacidade de autodomínio, a força de ânimo, a capacidade de suportar o cansaço. Limitou ao mínimo indispensável os aspectos doutrinários, opondo-se duramente ao desenvolvimento lógico-metafísico que Platão imprimira ao Socratismo.
A lógica de Antístenes, portanto, revela-se um tanto redutiva. Segundo nosso filósofo, não existe uma definição das coisas simples: nós as conhecemos com a percepção e as descrevemos por meio de analogias. No que se refere às coisas complexas, sua definição mais não é que a descrição dos elementos simples de que são constituídas. A instrução deve concentrar-se na “busca dos nomes”, isto é, no conhecimento linguístico. De cada coisa só é possível afirmar o nome que lhe é próprio (por exemplo, o homem é “homem”) e, portanto, só se pode formular juízos tautológicos (afirmar o idêntico pelo idêntico).
Antístenes fundou sua Escola no ginásio de Cinosarge (= “cão ágil”), de onde talvez a Escola tenha tomado o nome com que ficou conhecida. Outras fontes relatam que Antístenes era denominado “cão puro”. Dió- genes de Sínope, ao qual o Cinismo deve o seu florescimento máximo, denominou-se “Diógenes, o cão”. Mas a esse assunto voltaremos adiante, quando daremos mais indicações sobre a natureza e o significado do “Cinismo”

Em segundo lugar, também pelas mesmas razões, Aristipo assumiu em relação ao dinheiro posicionamento que, para um socrático, era absolutamente abusado: com efeito, chegou a cobrar suas lições, exatamente como faziam os Sofistas, a ponto de os antigos chamarem-no simplesmente de “Sofista”.
Com base nos testemunhos que chegaram até nós, é difícil, para não dizer impossível, distinguir o pensamento de Aristipo do de seus sucessores imediatos. Sua filha Arete recebeu em Cirene a herança espiritual paterna e a passou ao filho, a quem deu o mesmo nome do avô (o qual, assim, passou a ser denominado Aristipo o Jovem). E provável que o núcleo essencial da doutrina cirenaica tenha sido fixado justamente pela tríade Aristipo-Arete-Aristipo o Jovem. Posteriormente a Escola dividiu- se em diversas correntes de escasso relevo, chefiadas por Aniceris, Egésia (apelidado de “o persuasor de morte”) e Teodoro (chamado o “ateu”).

Fundador da Escola Cínica, Antístenes foi discípulo de Sócrates e destacou das teorias deste em especial as práticas morais como o autodomínio a auto-suficiência a força de ânimo e a capacidade de superar as dificuldades como o cansaço.
Para ele não existe uma simples definição das coisas, o que acontece é que nós conhecemos as coisas através da nossa percepção e vamos descrever essas coisas através das relações de semelhança que elas tem com outras coisas. Descrevemos os traços comuns entre as coisas através de analogias. Para podermos fazer uma descrição mais complexa das coisas o que fazemos é descrever cada um dos elementos de que são constituídas.
Antístenes levou ao extremo uma das ideias de Sócrates que é a da auto-suficiência. O homem deve bastar-se a si mesmo, isso é, não depender dos outros para nada ou para o mínimo possível, as pessoas em sua auto-suficiência precisam não ter necessidade de nada de que venha de outras pessoas.
Além da auto-suficiência Antístenes radicaliza também o conceito de autodomínio proposto por Sócrates. O ser humano tem que dominar além dos prazeres as dores. Antístenes vê o prazer como um mal e dele temos que nos separar sempre e de qualquer forma. A busca pelo prazer e o prazer em si tira das pessoas o controle que elas tem delas mesmas. O homem deve portanto combater os impulsos que o levem a buscar prazer e se separar das riquezas que o acomodam a uma vida fácil.
A glória e a fama são para Antístenes ilusões criadas pela sociedade e  que destroem a liberdade das pessoas fazendo com que se tornem escravas dessas ilusões. Para ele a pessoa sábia deve viver segundo as regras da virtude e não segundo as regras da sociedade. O homem para libertar-se dessas ilusões deve afastar-se das relações sociais e buscar em si mesmo algo que lhe baste, a virtude.
É creditada também a Antístenes uma grande valorização do trabalho  o que em sua época vai contra o senso comum de que o trabalho é algo negativo e que inferioriza o homem. O homem digno encontra sua dignidade no trabalho que está diretamente ligado a busca da virtude. O modelo era Hércules que em seus trabalhos superou grandes fadigas e venceu monstros tornando-se símbolo da sabedoria cínica por superar os prazeres e vencer as dores demonstrando sua auto-suficiência e a força do seu ânimo.
O fim do homem é a felicidade e o homem alcança a felicidade vivendo na virtude que é suficiente em si mesma. A virtude é o bem maior e os prazeres só fazem afastar os homens da virtude fazendo com que se distanciem da felicidade.



Ética
Antístenes foi um pupilo de Sócrates, de quem ele aprendeu o preceito ético fundamental de que a virtude, e não o prazer, é a meta da existência. Tudo o que um sábio faz, disse Antístenes, está em conformidade com a virtude perfeita,e o prazer não apenas é desnecessário, como é mesmo um mal positivo. Relatou-se que teria acreditado que a dor e até mesmo a má reputação (em grego: ἀδοξία) seriam bençãos, e que teria afirmado: "prefiro enlouquecer a sentir prazer." Parece, provável, no entanto, que ele não considerasse todo tipo de prazer desprezível, mas apenas aquele que resulta da gratificação dos desejos sensuais ou artificiais, pois é possível encontrar palavras suas louvando os prazeres que brotam "de dentro da alma de alguém", e o gozo de uma amizade escolhida com sabedoria. Antístenes colocava o bem supremo numa vida vivida de acordo com a virtude - virtude esta que consistia da ação, que quando obtida nunca é perdida, e exime o sábio do erro. Está fortemente ligada à razão, porém para que ela possa se desenvolver na ação, e para ser suficiente para a felicidade, precisa do auxílio da força socrática (em grego: Σωκρατικὴ ἱσχύς).

Física
Sua obra sobre a filosofia natural (Physicus) continha uma teoria sobre a natureza dos deuses, onde Antístenes argumentava que existiam diversos deuses nos quais as pessoas acreditavam, porém apenas um Deus natural. Também afirmou que Deus não lembrava em nada qualquer coisa existente na Terra, e que portanto não poderia ser compreendido a partir de qualquer representação sua.

Lógica
Na lógica, Antístenes foi atormentado pelo problema do Um e dos Muitos. Como um nominalista de fato, acreditava que a definição e o predicado são ou falsos ou tautológicos, já que só se pode afirmar que cada indivíduo é o que ele é, e não pode fornecer mais do que uma mera descrição de suas qualidades. Desacreditava, assim, o sistema platônico das Ideias. "Um cavalo", segundo Antístenes, "eu vejo, porém a qualidade inerente a todos os cavalos eu não vejo." A definição seria um mero método circular de declarar uma identidade: "uma árvore é um vegetal que cresceu" não faria mais sentido, portanto, em termos de lógica, do que "uma árvore é uma árvore".

O Cinismo (em grego antigo: κυνισμός kynikós, em latim cinicus) foi uma corrente filosófica (Filosofia Cínica) fundada por Antístenes, discípulo de Sócrates e como tal praticada pelos cínicos (em grego antigo: Κυνικοί, latim: Cynici). Para os cínicos, o propósito da vida era viver na virtude, de acordo com a natureza. Como criaturas racionais, as pessoas podem alcançar a felicidade através de um treinamento rigoroso e ao viver de modo natural para os seres humanos, rejeitando todos os desejos convencionais de riqueza, poder, sexo e fama. Em vez disso, eles estavam a levar uma vida simples livre de todas as posses.
O primeiro filósofo a delinear estes temas foi Antístenes, que tinha sido aluno de Sócrates no final do século 5 a.C. Ele foi seguido por Diógenes de Sinope, que vivia em uma banheira de água nas ruas de Atenas. Diógenes levou o cinismo aos seus extremos lógicos, e passou a ser visto como o arquétipo de filósofo cínico, sua autarkeia (auto-suficiência) e a apatheia perante as vicissitudes da vida eram os ideais do cinismo. Ele foi seguido por Crates de Tebas que abriu mão de toda sua fortuna para que pudesse viver uma vida de pobreza cínica em Atenas. O cinismo se espalhou durante a ascensão do Império Romano no século quase se tornando um movimento de massa e assim eram encontrados pedindo e pregando ao longo das cidades do Império. A doutrina desapareceu no final do século 5, embora alguns afirmam que o cristianismo primitivo adotou muitas de suas idéias ascéticas e retóricas.
Por volta do século 19, a ênfase sobre os aspectos negativos da filosofia cínica levou ao entendimento moderno de cinismo a significar uma disposição de descrença na sinceridade ou bondade das motivações e ações humanas e como caraterização de pessoas que desprezam as convenções sociais. Para os Cínicos, a vida virtuosa consistia na independência, obtida através do domínio de desejos e necessidades; para encorajar as pessoas a renunciarem aos desejos criados pela civilização e pelas convenções, os cínicos empreenderam uma cruzada de escárnio anti-social, na esperança de mostrar, pelo seu próprio exemplo, as frivolidades da vida social.
Origem do termo
O nome “cínico” (em grego antigo: κυνικός kynikos, igual a um cão, κύων (kyôn)|cão}} (genitivo: kynos).5 Uma explicação existente em tempos antigos de porque os cínicos eram chamados de cães era porque o primeiro cínico, Antístenes, ensinava no ginásio Cinosargo em Atenas. A palavra Cynosarges significa pode significar “alimento de cão”, “cão branco”, ou “cão rápido”. Parece certo, contudo, que a palavra “cão” também foi lançada aos primeiros cínicos como um insulto por sua rejeição descarada quanto às convenções sociais e sua decisão de viver nas ruas.
Origem
Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário:
Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver
Ao mesmo tempo demonstrava que de nada daquilo dependia. De fato, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas — aspecto o qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adotado.

Frases
- Observe o teu inimigo porque é ele que primeiro vê teus defeitos.
- Eu prefiro enlouquecer a sentir prazer.
- Os corvos devoram os mortos e os aduladores devoram os vivos.
- As paixões têm causas mas não tem princípios.
- Não imagine que os outros tem tanto desejo de te escutar como você tem de falar.
- A gratidão é a memória do coração.
- Devemos converter nossa alma em uma fortaleza inexpugnável.
- A virtude é mesquinha nas palavras; o vício fala sem parar.
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sexta-feira, 15 de março de 2019

Arquitas de Tarento - Escola Itálica ou Escola Pitagórica


Arquitas de Tarento (em grego antigo: ρχύτας ο Ταραντίνος; 428 a.C. — 347 a.C.) foi um filósofo, cientista, estratega, estadista, matemático e astrônomo grego, considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos. Acredita-se ter sido discípulo de Filolau de Crotona e foi amigo de Platão. Fundou a mecânica matemática e influenciou Euclides. Foi o primeiro a usar o cubo em geometria e a restringir as matemáticas às disciplinas técnicas como a geometria, aritmética, astronomia e acústica. Embora inúmeras obras sobre mecânica e geometria lhe sejam atribuídas, restaram apenas fragmentos cuja preocupação central é a Matemática e a Música.

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Filolau de Crotona - Escola Itálica ou Escola pitagórica


Filolau de Crotona

Ao contrário de Pitágoras, sobre quem pesa a possibilidade de não ter realmente existido, o pitagórico Filolau de Crotona (gr. Φιλλαος) é personagem indubitavelmente histórico. Parece ter sido o primeiro a divulgar as doutrinas pitagóricas e, graças a ele, dispomos de informações sobre os pitagóricos antigos.

Biografia
Praticamente nada se sabe de sua biografia; nossa única fonte é Diógenes Laércio. Filolau nasceu em Crotona, ou em Metaponto, ou em Tarento, em meados do século -V, e suas atividades parecem ter se desenvolvido até o início do século -IV, pelo menos. Atribui-se, tradicionalmente, o ano -470 ao seu nascimento e o ano -385 à sua morte.

É provável que tenha vivido algum tempo em Tarento, na Magna Grécia, e que visitou Tebas. Possivelmente, escreveu um livro a respeito da doutrina pitagórica, denominado Da Natureza, o primeiro escrito por um dos pitagóricos. Parece que, anos depois de sua morte, o livro foi adquirido por Platão.

Seus principais discípulos foram Arquitas de Tarento (-428/-347), Cebes e Símias; os dois últimos são personagens de importantes diálogos platônicos, Fedo e Críton, respectivamente.

Pensamento e obra
Do livro de Filolau de Crotona, escrito em dialeto dórico, restam alguns poucos fragmentos e os testemunhos de vários eruditos que o leram ou conviveram com ele e outros pitagóricos, e receberam informações orais.

Na cosmologia de Filolau, os componentes do Universo pertencem a dois grupos, apenas, o dos limitadores e o dos ilimitados. Ignora-se o que eram, exatamente, esses limitadores e ilimitados, mas certamente aplicavam-se a coisas como terra, água, ar, fogo, espaço e tempo. Esses dois componentes básicos eram sujeitos à "harmonia", um processo de mútuo ajustamento entre "coisas dessemelhantes, de diferente espécie e de ordem desigual" (Philol. Fr. 4). O exemplo dado por Filolau sobre a harmonia de limitadores e ilimitados é o da escala musical, que define os sons de acordo com um certo número de proporções: a oitava, a quinta e a quarta correspondem a 2:1, 4:3 e 3:2, respectivamente. O Universo estaria portanto estruturado por relações numéricas, e para conhecê-lo é preciso conhecê-las (Philol. Fr. 4).

O conceito dos opostos e o da harmonia foram também usados por Filolau na tentativa de explicar a natureza da alma (Arist. de An. 407b), que ele situava no coração (Philol. Fr. 13).

Contribuição à Astronomia
Filolau acreditava que, no centro do universo, encontrava-se fogo e que a Terra era apenas um de seus astros; a Terra, ao fazer um movimento circular em volta do fogo central, dava origem ao dia e à noite.

Imaginava também que, além dos outros quatro planetas conhecidos[1], existia uma Terra em oposição à nossa, a Anti-Terra. Além dela, havia nove corpos celestes que se moviam no céu: a Terra, o Sol, a Lua, os cinco planetas e, acima de todos, uma esfera de estrelas fixas. Ele parece ter sido o primeiro filósofo a deslocar a Terra do centro do Universo.

Fragmentos, edições e traduções
Cerca de 20 fragmentos de sua obra chegaram até nós, dentre os quais onze são provavelmente genuínos — assim como ocorreu com Pitágoras, muitos textos atribuídos a ele foram escritos muito depois de sua morte. Extensas passagens sobre suas idéias, no entanto, foram conservadas e comentadas por Aristóteles e por Estobeu.

As coletâneas mais importantes são a de Boeckh (1819) e Diels e Kranz (61952). O trabalho de Kirk, Raven e Schofield (41994), que existe em tradução portuguesa, contém vários fragmentos traduzidos e comentados.

A doxografia e os fragmentos foram reunidos e traduzidos para o português por Gerd Bornheim, em 1967.

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Empédocles de Agrigento - Escola da Pluralidade


Empédocles de Agrigento (484 - 421 a.C.)
Para a filosofia de Empédocles o nascer e o morrer não existem se entendermos o nascer e o morrer como um vir do nada e um ir para o nada. Ele pensa dessa forma porque acredita que o ser é e o não ser não é. Assim não existe o nascimento e a morte de algo. Para ele o que chamamos de nascimento e morte é simplesmente a aproximação e a separação de algumas substâncias. Essas substâncias são indestrutíveis e eternamente iguais. Para Empédocles a água, o ar a terra e o fogo são as substâncias que estão no princípio de todas as outras coisas. Elas são as substâncias mais simples das quais derivam todas as outras, são os elementos básicos que não mudam nunca sua qualidade. As quatro substâncias básicas se unem e se separam umas das outras formando todas as substâncias existentes. Elas são a origem das restantes.

Os quatro elementos da filosofia de Empédocles criam as coisas quando se unem e quando se separam destroem o que existia quando estavam unidos. A amizade ou o amor é a força cósmica que une os elementos e o ódio ou a discórdia causam a desunião e a consequente separação dos elementos. O destino é que alterna a predominância das duas forças que atuam sobre os quatro elementos em um tempo constante. Quando o amor ou a amizade é mais forte os elementos se juntam em uma unidade.  E ao contrário, quando o mais forte é o ódio ou a discórdia os elementos se separam e voltam a ser unicamente
água, terá, fogo ou ar. 

Tanto os elementos como as forças que atuam sobre eles são divinos. Deus é o Esfero, a união de todos os elementos através do amor ou da amizade. Na fase em que o amor domina todos os elementos eles vão estar ligados em perfeita harmonia. Nessa fase não existe o sol a terra ou o mar, mas uma unidade de tudo que Empédocles denomina como sendo o Esfero. As almas também são constituídas pelos elementos e sofrem a ação das forças do amor ou da amizade e do ódio ou da discórdia. Ao contrário do domínio do amor no domínio do ódio existe a dissolução dos elementos e forma-se assim o caos. Quando o caos está instalado os elementos começam novamente a se unificar começando um novo ciclo.

Para que o mundo exista devem existir tanto o elemento positivos quanto o negativo, pois se existir somente o amor ou a amizade todos os elementos vão se reunir e formar uma unidade compacta, vão formar uma única coisa. E ao contrário se toda a força for do ódio ou da discórdia os elementos ficarão completamente separados, fazendo também com que o cosmos não exista.

Portanto as coisas do mundo passam a existir no período de transição que vai do predomínio do amor ao predomínio do ódio. Assim o cosmos nasce e se destrói continuamente dependente e através da ação das duas forças sobre os elementos. Não existe um momento em que a constituição do cosmos possa ser considerada perfeita.

Empédocles pensava que dos poros das coisas saíam emanações que atingem os nossos órgãos de sentido. Assim as partes que são semelhantes nos nossos órgãos  e nas coisas vão se reconhecer. O que for fogo em nossos sentidos vai reconhecer as emanações que vem do fogo, o que for regido pela água vai reconhecer as emanações que vem da água. Somente com nossa visão acontece o contrário, nela as emanações partem dos olhos mas da mesma forma essas emanações vão reconhecer nas coisas o que lhe for semelhante.

Para Empédocles nosso conhecimento está no coração e o veículo que transporta esse conhecimento é o sangue. O conhecimento assim não acontece somente no homem. Os conhecimentos que o homem pode ter são também limitados. Ele somente consegue perceber uma pequena parte de sua vida, as coisas que por acaso ele tem a possibilidade de se relacionar. Por isso ele não pode desperdiçar nenhuma dessas possibilidades. Deve aproveitar e utilizar todos os seus sentidos e através do intelecto perceber as evidências nas coisas que conhece.

Empédocles sustenta ainda uma teoria sobre a evolução dos seres vivos. Para ele no princípio havia numerosas partes de homens e animais - pernas, olhos, orelhas - que estavam distribuídas desordenadamente. Através do amor essas partes se juntavam  aleatoriamente formando criaturas disformes que eram inviáveis para sobreviver e pereciam. As espécies que formavam uma boa combinação sobreviviam.

Os filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
As principais características da cosmologia são:

 É uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza, da qual os seres humanos fazem parte, de modo que, ao explicar a Natureza, a Filosofia também explica a origem e as mudanças dos seres humanos.
 Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (como é o caso, por exemplo, na religião judaico-cristã, na qual Deus cria o mundo do nada). Por isso diz: “Nada vem do nada e nada volta ao nada”. Isto significa: a) que o mundo, ou a Natureza, é eterno; b) que no mundo, ou na Natureza, tudo se transforma em outra coisa sem jamais desaparecer,
embora a forma particular que uma coisa possua desapareça com ela, mas não sua matéria.
O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo e visível somente para o olho do espírito, isto é, para o pensamento.
O fundo eterno, perene, imortal e imperecível de onde tudo brota e para onde tudo retorna é o elemento primordial da Natureza e chama-se physis (em grego, physis vem de um verbo que significa fazer surgir, fazer brotar, fazer nascer,
produzir). A physis é a Natureza eterna e em perene transformação.
Afirma que, embora a physis (o elemento primordial eterno) seja imperecível, ela dá origem a todos os seres infinitamente variados e diferentes do mundo, seres que, ao contrário do princípio gerador, são perecíveis ou mortais.
Afirma que todos os seres, além de serem gerados e de serem mortais, são seres em contínua transformação, mudando de qualidade (por exemplo, o branco amarelece, acinzenta, enegrece; o negro acinzenta, embranquece; o novo envelhece; o quente esfria; o frio esquenta; o seco fica úmido; o úmido seca; o dia se torna noite; a noite se torna dia; a primavera cede lugar ao verão, que cede lugar ao outono, que cede lugar ao inverno; o saudável adoece; o doente se cura; a criança cresce; a árvore vem da semente e produz sementes, etc.) e mudando de quantidade (o pequeno cresce e fica grande; o grande diminui e fica pequeno; o longe fica perto se eu for até ele, ou se as coisas distantes chegarem até mim, um rio aumenta de volume na cheia e diminui na seca, etc.). Portanto o mundo está em mudança contínua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade.
A mudança - nascer, morrer, mudar de qualidade ou de quantidade - chama-se movimento e o mundo está em movimento permanente.
O movimento do mundo chama-se devir e o devir segue leis rigorosas que o pensamento conhece. Essas leis são as que mostram que toda mudança é passagem de um estado ao seu contrário: dia-noite, claro-escuro, quente-frio, seco-úmido, novo-velho, pequeno-grande, bom-mau, cheio-vazio, um-muitos, etc., e também no sentido inverso, noite-dia, escuro-claro, frio-quente, muitos um, etc. O devir é, portanto, a passagem contínua de uma coisa ao seu estado contrário e essa passagem não é caótica, mas obedece a leis determinadas pela physis ou pelo princípio fundamental do mundo.
Os diferentes filósofos escolheram diferentes physis, isto é, cada filósofo encontrou motivos e razões para dizer qual era o princípio eterno e imutável que está na origem da Natureza e de suas transformações. Assim, Tales dizia que o princípio era a água ou o úmido; Anaximandro considerava que era o ilimitado sem qualidades definidas; Anaxímenes, que era o ar ou o frio; Heráclito afirmou que era o fogo; Leucipo e Demócrito disseram que eram os átomos. E assim por diante.
  
Sentenças:
- O sol, uma seta aguda. A lua do olho claro. O mar, suor da terra. A noite solitária e cega.
- Os iguais se reconhecem.
- Sobrevive o que for mais capacitado.
- O mundo evoluiu da água por meios naturais.

Pensamentos e Teoria

A partir de seus estudos, Empédocles se destacou na filosofia, retórica e oratória com diversas ideias ecléticas sobre o mundo e a realidade.
Seus pensamentos influenciaram importantes filósofos gregos como Aristóteles e Platão.
Ainda que não tenha feito parte de nenhuma escola filosófica, Empédocles se aproximou da Escola Jônica, a primeira escola filosófica grega.
No entanto, ele difere dos primeiros filósofos os quais tentavam compreender a natureza elegendo somente um elemento primordial.

Frases
As frases abaixo revelam alguns dos pensamentos de Empédocles:
·         Quatro raízes de todas as coisas: fogo, ar, água e terra.”

·         Deus é um círculo em que o centro está em toda parte e o acesso é por nenhuma parte.”

·         Se você exige só obediência, então você juntará em volta de si mesmo somente bobos.”
·         O que não se aplica de acordo com a lei está ligando não somente para algumas pessoas e para outras não. A lei estica-se para todos, por todo o ar penetrante e a luz sem limite do céu.”

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Leucipo - Escola da Pluralidade - atomista


Leucipo nasceu na segunda metade do século V a. C., porém não se conhece o ano de seu nascimento.

Possivelmente o primeiro filósofo atomista de que se tem notícia, Leucipo foi um filósofo grego do século V a.C., mestre de Demócrito, o filósofo grego que melhor desenvolveu a posição atomista. Tal posição trata da hipótese de que todos os objetos do mundo são constituídos por pequenas partículas indivisíveis.



Há controvérsia sobre a real existência de Leucipo, uma vez que, de acordo com Diógenes Laércio, Epicuro afirmou que Leucipo nunca existiu, e vários compiladores, como Trasilo de Alexandria, compilaram trabalhos acerca do atomismo sem incluir Leucipo. Este tipo de controvérsia foi tema de discussões por muitos anos no século XIX, especialmente no meio acadêmico alemão. Não obstante, o consenso atual é de que Leucipo é um personagem histórico real.
 Da vida de Leucipo se conhece muito pouco. Não se sabe o lugar de seu nascimento, pode ser Mileto, Abdera ou Eleia. Apesar de existir registros de dúvidas a respeito de sua existência e de tudo que pregou, alguns filósofos como Epicuro, negam que Leucipo tenha existido. Porém, Aristóteles e Teofrasto afirmam que Leucipo foi o verdadeiro criador da teoria atomista.
Durante a juventude, Leucipo teria vivido em Eleia, onde seguiu as tendências da *escola eleática e foi discípulo de Zenão que explicava a teoria da imobilidade ou imutabilidade do ser. Depois, Leucipo viveu em Abdera, onde fundou a escola atomista, fato que explica algumas semelhanças entre a doutrina atomista e a eleática.
A Escola eleática é uma escola filosófica pré-socrática. Recebeu esse nome em função da cidade Eleia, situada no sul da Itália e local de seu florescimento e beleza. Nessa escola encontramos quatro grandes filósofos: Xenófanes, Parmênides, Zenão e Melisso

A posição de Leucipo era de que os seres não admitiam a presença de vácuo e que, por outro lado, o movimento não era possível na ausência e vácuo. O vácuo, para Leucipo, seria o não-ser, a ausência de átomos, e os seres e outros objetos do mundo seriam coleções de átomos. Um vez que o movimento não é possível sem o vácuo, e sabemos que há movimento, deve haver vácuo. Uma vez que objetos são compostos de algo, e objetos existem, este algo que os compõe existe, e podemos investigar do que se trata. Esta distinção deixa claro que Leucipo não estava interessado na discussão conceitual entre "seres" e "não-seres", mas em apontar uma hipótese direta e material para explicar a existência, preferindo trabalhar a distinção "cheio" e "vazio", ou "vácuo".
Ainda, a presente distinção é importante para entendermos como Leucipo concebe a formação do mundo. De acordo com o filósofo, o todo seria composto de dois elementos, o cheio e vazio, e os mundos são formados quando os átomos se aglomeram e do movimentos destes átomos surgem as estrelas. Em uma região qualquer, muitos átomos, de diversas formas, saem do ilimitado para o vasto espaço vazio, este movimento forma um vórtex no qual os átomos empurram-se uns contra os outros, gerando mais movimento. E, os átomos são tão numerosos que o giro da aglomeração se desequilibra, assim, as luzes emitidas passam para o espaço vazio do lado de fora, como se estivessem a ser peneiradas; o restante continua em conjunto e tornando-se emaranhados seguem seu circuito para formar um sistema esférico primário. Mais e mais átomos se aglomeram e a camada externa da aglomeração vai se tornando mais fina e expandindo, pelo movimento dentro deste sistema, a Terra começa a se formar, devido a aglomeração de átomos no centro. Quando alguns destes componentes secam e giram em conjunto com o vórtex, eles entram em combustão, devido a velocidade de seu movimento, e transformam-se na substância das estrelas. Os corpos celestes, agora formados, iniciam seu movimento, suas órbitas, o Sol circula a lua e a Terra se desloca ao centro, com a forma semelhante a de um tambor. Embora o filósofo não explicite todas as razões, este mesmo modo de nascer termina por levar o mundo a decair e perecer em algum momento futuro.
O principal trabalho atribuído a Leucipo é a Megas Diakosmos, ou Grande Cosmologia, que foi por algum tempo atribuído a seu discípulo Demócrito, acompanhando a Micros Diakosmos, ou Pequena Cosmologia. Embora as afirmações de que Leucipo teria fundado a escola em Abdera, na qual Demócrito ingressou, ainda permanecem em disputa, fragmentos coletados por Hermann Diels permitiram a distinção e abriram caminho para supor-se um Leucipo histórico.

O Atomismo

Segundo Aristóteles (384-322 a. C.), Leucipo formulou as primeiras doutrinas atomistas, que teriam sido desenvolvidas por seu discípulo Demócrito e, posteriormente reelaboradas por Epicuro e os seguidores do epicurismo como Lucrécio. Segundo os testemunhos de Aristóteles, a filosofia de Leucipo contém todas as ideias fundamentais que configuram o atomismo.
O atomismo pregava a existência do mundo como um grande sistema cósmico. Como doutrina, o atomismo se desenvolveu no final do período cosmológico da filosofia grega, antes que a figura central de Sócrates abordasse o ser humano como o centro da reflexão, iniciando o período antropológico. De fato, o atomismo representa a última tentativa de se dar uma resposta ao problema do princípio (a arché) de todas as coisas.
Os primeiros filósofos, classificados de pré-socráticos, desde a escola jônica (Tales, Anaximandro, Anaximenes, Heráclito), a escola itálica (Pitágoras) a eleática (Xenófanes, Parmênides, Zenão) e a escola atomista (Leucipo e Demócrito), se preocupavam com a elaboração de uma cosmologia, na medida em que procuravam a racionalidade do universo, e não mais de uma explicação baseada em relatos míticos. Cada filósofo descobre um fundamento, uma unidade que possa explicar a multiplicidade, como a água, o ar, o fogo, a terra etc.
Os atomistas viram tal princípio no átomo, explicando que o universo estava constituído por um inacabável número de partículas, os átomos, não perceptíveis por sua diminuta proporção. A grande parte dos escritos desses filósofos desapareceu com o tempo, restando alguns fragmentos ou referências feitas por outros filósofos posteriores. Esses filósofos escreviam em prosa, abandonando a forma poética característica das epopeias dos relatos míticos. A tradição atribui a Leucipo a autoria de um único livro intitulado “A Grande Ordem do Mundo”.
Leucipo teria falecido em Abdera, no século IV, provavelmente em 370 a. C.
Filósofos pluralistas: defendiam que o universo foi originado pela composição de diversos princípios
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Demócrito - Escola da Pluralidade - atomista


Muito pouco se sabe sobre a vida de Demócrito. Seu nascimento em Abdera é situado em cerca de 470 a.C, e sua morte, aproximadamente, em 370 a.C. Vivia ainda, portanto, quando Platão fundou a Academia (c. 387 a.C). Sabe-se, porém, que, além de contribuir para a formulação do atomismo físico, aplicou-se principalmente à solução dos dois problemas que animavam a filosofia de sua época: o do conhecimento e o da ética.

Contemporâneo de Sócrates, Demócrito também busca uma resposta para o relativismo dos sofistas, particularmente para o de seu conterrâneo Protágoras, que afirmava que "o homem é a medida de todas as coisas". A defesa de um conhecimento da physis e independente da "medida humana" é feita, por Demócrito, mediante a distinção entre dois tipos de conhecimento: o "bastardo", que seria o conhecimento sensível, a exprimir na verdade as disposições do sujeito antes que a realidade objetiva; e o conhecimento "legítimo", que seria a compreensão racional da organização interna das coisas, ou seja, a compreensão de que a physis do universo fragmentava-se na multidão de átomos corpóreos que se moviam no vazio infinito. Daí afirmar: "Por convenção (nomos) existe o doce; por convenção há o quente e o frio. Mas na verdade há somente átomos e vazio". Demócrito parece considerar, portanto, que o sujeito tem certa autonomia no ato de conhecer, na medida em que "traduz" qualitativamente (doce, amargo, frio, quente) o que no próprio objeto é determinada constituição atômica. Aquela autonomia, porém, seria restrita: a liberdade de convencionar estaria limitada pelo tipo de átomo que compõe o objeto. Quanto à ética, Demócrito, do mesmo modo que Sócrates, considerava a "ignorância do melhor" como a causa do erro. Guiado pelo prazer, o homem deveria saber distinguir o valor dos diferentes prazeres, buscando em sua conduta a harmonia capaz de lhe conceder a calma do corpo — que é a saúde — e a da alma — que seria a felicidade.

Muitos intérpretes do pensamento de Demócrito indagam como o determinismo mecanicista do atomismo pode pretender abrigar uma ética normativa, que prescreve como deve ser a conduta humana. Séculos mais tarde, ao adotar a física atomista como sustentação para sua ética, Epicuro introduzirá certo arbítrio (o clinamen, o desvio nas trajetórias atômicas) no interior do jogo das forças mecânicas. Em Demócrito isso, porém, não acontece: parece simplesmente justapor a uma física estritamente mecanicista uma ética que pressupõe valores norteadores da conduta humana. Em seu pensamento parecem coexistir, assim, duas ordens de preocupações, não necessariamente interligadas e coesas: a do cientista que procura uma explicação racional para os fenômenos físicos e a do moralista, de índole conservadora, que se empenha em traçar normas para a ação humana, tentando refrear a vaga de relativismo e de individualismo que envolvia a sociedade grega, ameaçando valores e instituições e a anunciar novos tempos e novas ideias.

Para Demócrito, as transformações que se pode observar na natureza não significavam que algo realmente se transformava. Ele acreditava que todas as coisas eram formadas por uma infinidade de “pedrinhas minúsculas, invisíveis, cada uma delas sendo eterna, imutável e indivisível”. A estas unidades mínimas deu o nome de ÁTOMOS. Átomo significa indivisível, cada coisa que existe é formada por uma infinidade dessas unidades indivisíveis. “Isto porque se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididas em unidades ainda menores, a natureza acabaria por diluir-se totalmente”. Exemplo: se um corpo – de uma árvore ou animal, morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser reaproveitados para dar origem a outros corpos.


Principais Ideias

Demócrito foi um estudioso nas áreas da matemática, física, astronomia, ética, filosofia, linguística, natureza, música.

Discípulo do filósofo grego, Leucipo de Mileto, uma das mais destacadas ideias de Demócrito envolve a sistematização do pensamento sobre "Teoria Atômica".

Segundo ele, o átomo, parte indivisível e eterna, que permanece em constante movimento, é o elemento primordial, o princípio de todas as coisas.

Nesse ínterim, toda o universo esta composto de dois elementos básicos: o vácuo (o vazio ou o não-ser) e os átomos.

Além disso, propôs um sistema cosmológico e convencionalismo linguístico. Na área da matemática avançou nos estudos sobre geometria (figuras geométricas, volume e tangente) e os números irracionais.


Frases


·         Convém ao homem dar maior atenção à Alma do que ao corpo, pois a excelência da Alma corrige a fraqueza do corpo; a fraqueza do corpo, contudo, sem a razão, é incapaz de melhorar a Alma.

·         Falsos e hipócritas são aqueles que tudo fazem com palavras, mas na realidade nada fazem.”


·         Se você sofreu alguma injustiça, console-se; a verdadeira infelicidade é cometê-la.”


·         Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui


·         A felicidade não reside nas posses e nem em ouro, ela mora na alma.”


·         Na realidade, não conhecemos nada, pois a verdade está no íntimo.”


·         A moderação aumenta o gozo e acresce o prazer.”


·         O caráter de um homem faz o seu destino.”

Atomismo

  De acordo com sua definição linguística, o termo atomismo trata-se de uma “Doutrina filosófica que se desenvolveu na Grécia no séc. V a.C. Os atomistas acreditavam que os elementos básicos da realidade eram átomos, partículas de matéria indivisíveis, indestrutíveis, que se moviam no espaço.”1
  O termo átomo, do qual deriva a filosofia do atomismo, significa, em grego, algo que não pode ser subdividido, ou seja, algo indivisível. Para os adeptos dessa tradição, toda natureza, observável ou não, é composta por átomos e pelo vazio, os dois princípios fundamentais de tudo o que existe. Contrariamente à teoria atômica, os átomos reúnem-se uns com os outros, formando arranjos diferentes, sob diversas combinações, dando origem a tudo o que existe ao nosso redor.
 No ocidente, por volta do século V e VI antes de Cristo, surge o atomismo, a partir dos estudos e das discussões filosóficas de Leucipo e Demócrito, os dois filósofos que iniciaram propriamente o estudo da matéria. Sabe-se que tais questões, assim como aquelas que abordam a continuidade / descontinuidade da matéria, sempre discutidas como fundamentação grega, foram muito influenciadas pela cultura indiana, e esta posteriormente pela cultura grega.
  Leucipo e Demócrito, cogitando a respeito da constituição da matéria, sugeriram que esta seria formada, em seus menores componentes, ou constituintes fundamentais, como viria a ser popularizado no meio científico, por pequenos corpos indivisíveis, em um movimento por uma região de vazio infinito. Tais partículas foram posteriormente denominadas de átomos (que significa, em grego, não-divisível).
 Empédocles, por sua vez, estabelece que a matéria é composta por quatro substâncias fundamentais, o fogo, o ar, a água e a terra, e a combinação dessas formaria tudo o que existe.
 Platão então propõe fundamentos de uma composição que funde a matéria à geometria, a partir de sua constatação de que apenas por um modelo aritmético não seria possível com precisão descrever o universo das coisas. Em sua teoria, o que viria a ser conhecida como a teoria platônica, uma composição geométrica substituiria a composição atômica dada por Leucipo de Demócrito, conforme pode ser observado na figura abaixo.


 Dessa forma, para cada elemento anteriormente proposto por Empédocles, fora associado um sólido geométrico, o tetraedro ao fogo, o octaedro ao ar, o icosaedro a água e o cubo à terra.
  Em um sentido mais específico, o atomismo apresenta quatro modos de realização, sendo estes:
“   1 – átomos e vazio: como princípio de permanência da realidade;
2 – o todo infinito (tò pân apeíron): também como princípio de permanência da realidade;
3 – os mundos (kósmoi): como mega corpos que vêm a ser e deixam de ser;
4 – os corpos sensíveis (sómata): sujeitos à geração e à corrupção e passíveis de apreensão pelos sentidos.”²
  Dessa forma, os atomistas estabelecem interações entre a constituição material com a forma de conduta social, chagando até fundamentos de personalidade humana.






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